‘É melhor que seja um jogo de torcida única’, diz Moro sobre interrogatório de Lula

‘Eu não faço parte do jogo’

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‘Eu não faço parte do jogo’

O juiz federal Sérgio Moro disse nesta segunda-feira (8) que é melhor que os manifestantes pró-Lava Jato não vão às ruas em Curitiba na quarta-feira (10), dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será interrogado. Veja o vídeo.

“É melhor que seja um jogo de uma torcida única, se as pessoas querem sair a rua e manifestar apoio ao investigado. Eu digo isso com tranquilidade, porque eu não faço parte do jogo”, afirmou o juiz.

Moro participou do 1º Congresso do Pacto pelo Brasil, realizado pelo Observatório Social do Brasil, na capital paranaense.

Ele reforçou que o interrogatório do ex-presidente é algo “natural dentro do processo penal”. “O fato é que esse interrogatório é meramente uma oportunidade que o acusado tem de se defender do processo. Do outro lado, é também importante deixar bem claro, não é um confronto. O processo não é uma guerra, uma batalha, uma arena. Ali são acusação e defesa. O juízo não é parte nenhuma dentro desse processo”.

O próprio juiz afirmou que aprendeu a não criar expectativa antes de ritos processuais como o marcado para a quarta-feira.

“Parece que sou juiz há três anos, mas estou na carreira desde 1996. Muitas vezes eu me frustrava, porque pensava que aconteceria algo, e não acontecia nada de muito relevante. Na Operação Lava Jato, eu lembro que, em 2015, gerou-se uma grande expectativa antes do primeiro interrogatório do presidente do grupo do Odebrecht. No entanto, quando ele foi depor em juízo, foi um ato absolutamente banal, sem qualquer demérito em relação a ele”, comentou Moro.

Vestido com uma gravata vermelha, Moro foi questionado sobre a escolha, em tom de brincadeira, por alguém da plateia. Descontraído, respondeu: “Isso é vermelho de fraternidade”.

O juiz federal também disse que a transição entre um cenário de corrupção sistêmica para um de menor corrupção “não está segura”.

“Estamos numa encruzilhada. Nós estamos, talvez, saindo de um quadro de corrupção sistêmica. Saindo de um quadro de impunidade e irresponsabilidade para um cenário de menor corrupção e de efetiva responsabilização. Essa transição, não distante, não está segura e ela não se faz sem alguma turbulência”, afirmou.

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