Votação nominal começou por volta das 17h

Maioria dos deputados federais aprovou por 263 votos a 227, nesta quarta-feira (2), parecer que recomendava a rejeição da denúncia contra o presidente Michel Temer (PMDB). A partir de agora, o processo segue suspenso até que Temer conclua seu mandato, em dezembro do ano que vem. A votação teve 19 ausentes e duas abstenções.Deputados rejeitam denúncia contra Temer, que segue na presidência

O parecer da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) estava em discussão no plenário desde o início do dia. Depois das orientações dos partidos, a votação nominal dos deputados iniciou por volta das 17 horas (horário de MS).

Os deputados de cada estado foram chamados nominalmente, começando por Roraima e finalizando com Alagoas. Os deputados de Mato Grosso do Sul, sétimo estado da lista, votaram pela rejeição da denúncia e ficaram divididos.

O primeiro do Estado a votar foi o defensor de Temer, Carlos Marun (PMDB). “Confio na inocência do presidente Temer porque acredito que o presidente Temer está governando bem o Brasil e porque esse relatório nada tem em termos de provas a realmente a comprometer o presidente eu voto sim ao brilhante relatório da CCJ”, concluiu Marun.

Na sequência, Dagoberto Nogueira (PDT) votou não ao relatório afirmando estar “convicto de que houve crime”. Elizeu Dionízio (PSDB) votou sim ao relatório, contra a investigação de Temer. Geraldo Resende (PSDB) e Tereza Cristina (PSB) votaram a favor do relatório e Henrique Mandetta (Dem), Vander Loubet (PT) e Zeca do (PT) votaram não, a favor da denúncia.

A denúncia

Temer e seu antigo assessor no Planalto Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), o homem da mala, foram denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República) pelo crime de corrupção passiva.

Gravações feitas pela Polícia Federal apontam que Rodrigo Rocha Loures recebeu uma mala com R$ 500 mil, suposta propina paga pelo frigorífico JBS e que teria como destinatário final o presidente Michel Temer. O leitor deve se lembrar da cena dele apressadamente entrando em um táxi com a mala.

Rocha Loures chegou a ser preso por conta do crime e hoje está em prisão domiciliar, com o uso de tornozeleira eletrônica. Ele ficou preso em Brasília entre 3 de junho e 1º de julho. No dia 30 de junho, conseguiu o direito à prisão domiciliar. A decisão foi do relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin. O benefício ficou condicionado ao uso da tornozeleira eletrônica.

O dinheiro da mala seria parte da propina paga pela JBS. Joesley Batista, um dos donos do grupo, gravou sem o conhecimento de Temer uma conversa com o presidente no Palácio do Jaburu, em 7 de março. No diálogo, Temer aparentemente indica Rocha Loures como seu homem de confiança com quem Joesley poderia tratar de interesses da JBS no governo.

Para a PGR, Rocha Loures atuou como um intermediário do presidente, tanto na negociação quanto no recebimento da propina.

Temer nega as acusações contra ele. O presidente chegou a afirmar que a denúncia que a denúncia apresentada pela procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) é uma “ficção”, uma “drama de novela”, e que não há provas contra ele.

A defesa dele também afirma que o áudio de Joesley Batista não poderia ser usado como prova, por conter uma série de interrupções que não permitem reconstituir o diálogo por inteiro, além de não ser possível garantir que a gravação não foi editada.

No entanto, perícia realizada pela Polícia Federal afirmou que o áudio não tem sinais de edição e que as interrupções são compatíveis com o sistema do gravador utilizado, que para e retoma a gravação ao detectar som no ambiente.