Ex-presidente e Moro estiveram frente a frente por cinco horas

Dos oito deputados federais de Mato Grosso do Sul, apenas dois se posicionaram sobre depoimento do ex-presidente Luís Inácio da Silva à força-tarefa da Lava Jato, em Curitiba. 

Geraldo Resende (PSDB) pontuou que o dia foi marcado pela expectativa de respostas sobre “relação promíscua” do ex-presidente com empreiteiras a OAS.

“Mostra a importância do prosseguimento dessa operação que hoje está passando o país a limpo. Se de fato for comprovado que ele está implicado que possa pagar nos rigores da lei todo esse desserviço decorrente do seu governo”, ressaltou o tucano.

Para José Orcírio Miranda, o Zeca do PT, pode haver “efeito bumerangue” contra os investigadores ao não se apresentar provas concretas sobre Lula ser proprietário de tríplex e sítio nas cidades paulistas do Guarujá e Atibaia.

“[Sérgio] Moro e os procuradores fazem jogo da grande mídia e elite brasileira. Cadê as provas? É mais uma etapa do show midiático reverberando isso aí. Há projeção favorável [nas próximas eleições], porque se caracteriza perseguição contra Lula e o PT”, avaliou Zeca.

Dagoberto Nogueira (PDT) não quis comentar sobre o caso, enquanto os demais deputados federais tiveram chamadas encaminhadas para caixa de mensagens.

Nas cinco horas de depoimento ao juiz , da 13ª Vara Federal do Paraná, o ex-presidente petista teria atacado a cobertura da imprensa, além de reiterar não ser proprietário de tríplex a ele atribuído em delações premiadas. Ministério Público, por sua vez, afirmou que imóvel em praia paulista seria propina dissimulada. Lula evitou responder sobre o sítio.

Processo

Contra o petista pesa acusação de ter recebido R$ 3,7 milhões em propina, de acordo com o Ministério Público Federal, resultando no favorecimento da empreiteira OAS com contratos da Petrobras. O tríplex no Guaruja, sua reforma e guarda de bens em depósito da transportadora Graneiro teriam sido contrapartida da empresa.

Lula foi denunciado, em 14 de setembro de 2016, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A Justiça aceitou a denúncia seis dias depois, convertendo o ex-presidente e outras sete pessoas em réus. A ex-primeira-dama Maria Letícia, também envolvida no caso, teve acusações arquivadas depois de sua morte em fevereiro deste ano.

Defesa tem alegado, desde então, que o MPF não tem provas para sustentar a denúncia. A mulher de Lula tinha cota no condomínio do tríplex, mas a vendeu quando a OAS assumiu a obra. O ex-presidente admitiu visitas ao imóvel por haver interesse em comprá-lo como investimento, porém o negócio não se concretizou. A guarda de bem não teria irregularidades.

Este é o segundo depoimento que o ex-presidente presta ao juiz Sérgio Moro, sendo o primeiro em novembro do ano passado em processo vinculado ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na ocasião, o encontro foi por meio de videoconferência.