João Grandão avalia que aprovação foi projeto de perseguição ao governo

“Uma afronta à Constituição Brasileira. Um desrespeito à liberdade democrática. Uma incoerência política e jurídica. Um nítido projeto de perseguição ao governo”. Com estas palavras, o deputado João Grandão (PT) define o resultado da votação ocorrida ontem (17) e que deu continuidade a abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Roussef. 

Sem citar nomes, o petista diz que acredita em um esquema articulado dentro Câmara dos Deputados e que foi alimentado pela grande mídia. “Não há embasamento nenhum para este desfecho. Deram continuidade a uma acusação baseada em pressuposições. Só espero que o Senado seja consciente e corrija este grande erro”.

Para Grandão, a mídia nacional teve papel fundamental no que ele define como golpe. “A mídia tem um papel de extrema importância para sociedade, mas deixou muito a desejar neste processo. Ao invés de informar, e com a clareza que deveria, alimentou o convencimento da população ao que não existe”. O parlamentar ressalta que acredita que houve sim erro do governo, mas nada para chegar às atuais circunstâncias.

“Não estou aqui para falar que não teve erro nenhum, mas tenho certeza que não teve nada que afrontasse a constituição. O que falam que foram erros, vejo como benfeitorias que deixaram o país conhecido internacionalmente. O Brasil virou referência em inclusão social, nas mãos de um um governo que levava a população ao progresso. Simplesmente a direita não soube lidar com isso, e numa tentativa desesperada de ter o poder a qualquer custo, desrespeitaram o voto de milhões de brasileiros. Tentam acabar com a democracia”, conclui.

Votação

Por 367 votos a favor, 137 contra e sete abstenções, os deputados aprovaram o parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), favorável à admissibilidade da denúncia apresentada à Casa pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale e Janaína Paschoal. Com aprovação, a abertura do processo de impeachment seguirá agora para análise do Senado.

O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) deu o 342º voto necessário para andamento do impeachment. Apenas os deputados Anibal Gomes (PMDB-CE) e Clarisse Garotinho (PR-RJ) não compareceram para votar. Clarisse por estar na 35ª semana de gestação e Anibal por problemas de saúde.