Ironizou os motivos alegados

 

Já era de se esperar que os discursos dos deputados na votação sobre o impeachment da presidente Dilma Rousseff serviriam de base para uma série de memes em redes sociais.

Mas nesta segunda-feira até a conservadora revista britânica The Economist ironizou os motivos alegados pelos parlamentares brasileiros para votar a favor do afastamento da presidente.

“As acusações contra Dilma são de que ela teria manipulado as contas do governo, ocultando seu estado lamentável”, explica a Economist , em sua versão online.

“Mas (essas acusações) não foram mencionadas por quase nenhum dos deputados que falaram na sessão especial (sobre o impeachment) – estridente e marcada por fortes divisões partidárias. Em vez disso, os deputados pró-impeachment – acusados por seus adversários de serem ladrões, fanáticos e golpistas – citaram razões mais ecléticas para seus votos”, completa a revista, mencionando, em seguida, uma lista com mais de 50 motivos, entre eles:

– “Pelos maçons do Brasil”

 

– “Pelos produtores rurais, porque se eles não plantam não há almoço nem janta”

 

– “Contra o ensinamento da mudança de sexo nas escolas”

 

– “Pela paz em Jerusalém”

 

– “Por todos os corretores de seguro”

 

– “Pela minha mãe Lucimar”

 

– “Pela BR 429”

 

– “Pelos militares de 64”

 

– “Pela minha tia Eurides, que cuidou de mim quando eu era pequeno”

 

– “Por Campo Grande, a morena mais linda do Brasil”

 

– “Por Carlos Brilhante Ustra (chefe do DOI-Codi em São Paulo, órgão de repressão política que foi palco de torturas durante o regime militar), o terror de Dilma”

Nas redes sociais, vários posts também satirizaram essa ampla gama de motivos apresentada pelos deputados para afastar Dilma.

 

“Vote no melhor argumento pró-impeachment”, dizia um deles, com uma lista com cerca de 20 opções.

 

“Pela volta do plural na língua portuguesa. Pelo fim do implante capilar mal feito. Pelo fim da tinta acaju”, dizia outro meme, satirizando os erros de português e aparência dos deputados.

 

Há pouco mais de uma semana, a Economist publicou uma matéria na qual defendia que o processo de impeachment em curso o Brasil não é um golpe de Estado, mas tampouco representa a melhor solução para o país – que seria uma eleição geral capaz de renovar também o Congresso.

 

“A próxima vez que os brasileiros forem às ruas, é isso (novas eleições gerais) que deveriam exigir”, opinou a revista britânica.