Brasif nega depósitos de FHC nas contas da empresa para Mirian Dutra

 A jornalista confirmou as declarações

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 A jornalista confirmou as declarações

A empresa Brasif confirmou ter contratado a jornalista Mirian Dutra Schmidt, em 2002, mas negou participação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) na contratação ou no depósito de dinheiro na conta da empresa para ser repassado a ela. Em nota divulgada hoje (19), a empresa negou as afirmações de Mirian de que recebia dinheiro de FHC por meio da Brasif.

“A Eurotrade Ltd., plataforma logística internacional das operações da Brasif Duty Free Shop Ltda., contratou, em dezembro de 2002, a jornalista Miriam Dutra para realizar pesquisas sobre os preços em lojas e free shops na Europa. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso não teve qualquer participação nessa contratação, tampouco fez qualquer depósito na Eurotrade ou em outra empresa da Brasif”.

A empresa também disse que a contratação de Mirian foi uma indicação de Fernando Lemos, cunhado da jornalista. A nota informa que a Brasif Duty Free Shop e a Eurotrade Ltd foram vendidas em 2006. A suspeita de que FHC mandava dinheiro para o exterior usando a Brasif surgiu após entrevistas de Mirian para a imprensa brasileira em que dá detalhes sobre o relacionamento com o ex-presidente e repasses de dinheiro recebidos no exterior.

À TV Brasil, a jornalista confirmou as declarações que fez à revista BrazilcomZ e ao jornal Folha de S.Paulo, mas não acrescentou mais informações. “Não vou falar mais sobre o assunto. Por causa de duas entrevistas minha vida virou um inferno”, disse, por telefone. A jornalista vive atualmente em Madri.

Em entrevista à revista BrazilcomZ deste mês, Mirian confirmou que teve um relacionamento com Fernando Henrique Cardoso antes de ele tornar presidente da República, durante parte dos anos 1980 e início da década de 1990, e afirmou que seu filho, Tomás Dutra Schmidt, hoje com 23 anos, é filho de FHC. Mirian disse ainda que o ex-presidente usou uma empresa para enviar dinheiro para o filho no exterior.

À Folha de São Paulo, a jornalista disse que a primeira transferência foi feita por meio de um contrato fictício de trabalho, no fim de 2002. O documento, obtido pelo jornal, mostra que a contratante é a Eurotrade, com sede nas Ilhas Cayman. A empresa era subsidiária do grupo Brasif que, na época, monopolizava a exploração de free shops, serviço administrado pelo governo federal.

Apesar de ter dado dinheiro a Tomás, Mirian disse que FHC nunca assumiu a paternidade do rapaz. Perguntada sobre o motivo de só ter trazido os fatos à tona agora, a jornalista disse que “está na hora das pessoas começarem a saber a verdade”.

PF pode investigar o caso

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não descartou uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre o suposto uso da empresa pro FHC para enviar dinheiro para Mirian Dutra. Durante evento no Rio de Janeiro, Cardozo disse que a questão será analisada para verificar se existe ou não indícios de delito contra o ex-presidente. Segundo o ministro, esse é o procedimento padrão que antecede qualquer investigação da PF.

“Isso passará por um estudo técnico e jurídico, todos aspectos que envolvem uma situação de ocorrerem eventuais delitos. Obviamente, havendo indícios de delitos puníveis, de competência federal, seguramente a Polícia Federal fará investigação por meio de inquérito policial.”

Em nota, FHC reconheceu que tem contas no exterior e que mandou dinheiro para Mirian e Tomás Dutra, mas afirmou que todos os recursos foram enviados de contas próprias e declarados no Imposto de Renda.

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