Novo governador não citou “rombo” nas contas, como vem fazendo em entrevistas

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) fez um discurso na manhã desta segunda-feira (2) durante primeira sessão da Assembleia Legislativa. No pronunciamento o governador falou de medidas já anunciadas, sem grandes novidades em relação a projetos.

No discurso Azambuja falou da continuidade de obras inacabadas, prometeu resolver o problema da Saúde, com as maratonas do interior para a Capital, em busca de tratamento médico, maior atenção a segurança pública, principalmente na fronteira, e atenção direta as necessidades da população.

Nesta sessão, pedindo uma relação de harmonia com os deputados, Azambuja fez um discurso menos crítico em relação ao ex-governador André Puccinelli (PMDB), o que provocou críticas da oposição.

“Não fez nenhuma crítica ao governo passado. Parece que ele não encontrou problemas. Na mensagem ele omitiu. Acho que não quis se indispor com a bancada do PMDB. Eu achava que ele ia fazer um balanço do que foi encontrado, sobre obras inacabadas, dívida e folha de pagamento”, criticou Pedro Kemp (PT).

O deputado Amarildo Cruz (PT) sentiu falta de projetos, avaliando o discurso como “água com açúcar”. Ele revelou que na conversa que teve com o novo governador pediu atenção especial principalmente na gestão, onde afirma que acontece  os maiores problemas. “Precisa ter transparência na gestão para ter um controle social maior. O que mais compromete é a robalheira na Saúde”, avaliou.

Confira o discurso na íntegra:

Externo, neste momento, a minha satisfação por voltar a esta respeitada Casa de Leis, da qual tive a honra de fazer parte, o que me causa um sentimento saudoso pelos bons momentos que aqui passei.

Depois de um mês de mandato, estou na presença de Vossas Excelências, não apenas com o objetivo de saudar o início do novo período Legislativo no Estado de Mato Grosso do Sul.

Mas cumpro um dever constitucional e, ao mesmo tempo, aproveito para me dirigir aos nobres parlamentares como chefe do Poder Executivo, reiterando o meu desejo de sinergia e cooperação, em busca de um trabalho conjunto em prol de mais justiça, qualidade de vida para a população sul-mato-grossense e de desenvolvimento efetivo deste Estado, que tanto amo e pelo qual quero trabalhar sem medir esforços na concretização de todos os objetivos traçados para a minha gestão.

Registro que, antes de me lançar candidato ao governo do meu querido Mato Grosso do Sul, estive em todos os 79 municípios, dialogando e ouvindo a população por meio do Pensando MS.

Dessa forma, tomei conhecimento dos desejos e das necessidades de cada cidadão e cidadã, dando voz a todos, respeitando a sua cultura, independentemente do seu nível social. Buscamos entender as dificuldades e as possíveis soluções para os problemas locais e regionais.

Assim, não tenho medo de afirmar-lhes que a construção de um novo tempo já começou em Mato Grosso do Sul, busco construir um Estado mais humano que realmente valorize as pessoas.

Nesse sentido, convém lembrar que o meu governo tem como compromisso implementar políticas e executar ações voltadas para as pessoas, levando soluções para os problemas existentes e criando mecanismos para a redução das disparidades regionais.

Repito: colocarei como prioridade do Governo aquilo que é prioridade para as pessoas. A estratégia é promover uma maior aproximação entre os serviços públicos e a população do interior do Estado e da capital.

O trabalho realizado até aqui nos diversos setores de atendimento direto, como ‘Saúde, Educação, Segurança Pública, Assistência Social, formação e qualificação profissional, além de orientação técnica aos setores produtivos’, já reflete esse propósito. Todavia, muito ainda há que ser feito.

Quando eu disse no discurso de posse que vamos governar juntos, não estava exercitando a retórica. Estava, pois, reafirmando meu compromisso. A minha administração está focada na interação regional, buscando parcerias e cooperação com os municípios e os segmentos sociais, com o objetivo de fortalecer as ações do governo no combate às desigualdades. Vamos enfrentar as dificuldades, construindo melhores condições de vida para as pessoas que vivem e trabalham em Mato Grosso do Sul.

Prova disso é o que ocorreu durante o primeiro mês de mandato, quando encontros com o nosso público mais direto foram promovidos: funcionalismo público; prefeitos; lideranças indígenas; representantes dos setores produtivos e lideranças políticas.

Durante o meu governo, a definição das políticas públicas, as realizações de obras e a concretização das ações não serão fruto de decisões ou planos elaborados em gabinetes fechados. Vou juntamente com minha equipe dialogar cada vez mais com as pessoas, construindo uma gestão que comtemple aspirações vindas de fora e não apenas de dentro da estrutura do Executivo.

Um governo aberto e que conversa com as pessoas, para que haja uma participação direta da sociedade. Ao longo dos encontros realizados com todos os segmentos e, durante a campanha, quando visitamos todos os municípios, ouvi muita solicitação por melhoria no atendimento de serviços públicos como saúde, educação, segurança, apoio ao trabalhador e ao pequeno produtor rural.

 

Para que o meu governo possa cumprir a missão de bem atender as demandas da população, vamos ter que melhorar a qualidade e a agilidade dos serviços prestados pelos órgãos públicos. Isso já ficou muito claro nesses primeiros 30 dias.

Da parte da minha gestão, posso garantir que buscaremos alocar recursos financeiros, quadro técnico integrado com qualificação e gestão com transparência. É fundamental conhecer também a realidade dos servidores estaduais, quem são e o que querem os funcionários que hoje atendem à população sul-mato-grossense? Já foi iniciada uma pesquisa interna que vai contribuir para efetivação desse diagnóstico. O intuito é melhorar a qualidade de vida no trabalho e, consequentemente, o atendimento à sociedade.

Cumpre-me frisar, no entanto, que, para criar condições necessárias ao êxito de minha tarefa à frente do Executivo, também se iniciou diálogo com os deputados e senadores que compõem a bancada federal do Estado de Mato Grosso do Sul, para continuar uma parceria que visa ao bem do nosso querido Estado. É com o apoio deles que eu e minha equipe de governo vamos buscar atrair investimentos e recursos federais, que serão importantes para o nosso povo.

Com as prefeituras, estamos estabelecendo parcerias e traçando estratégias de ação em conjunto, como forma de diminuir a distância entre a ação do Estado e a população, visando a atender as suas demandas.

Foi com esse objetivo que realizamos, ainda em janeiro, o Fórum de Integração – Governo do Estado aberto aos municípios, que contou com a presença de praticamente todas as prefeituras de Mato Grosso do Sul, em parceria com a Assomasul.

Na área da Saúde, assumimos o compromisso de realizar os mutirões em todas as regiões. Para isso, visitas aos municípios estão sendo feitas, levantando as principais necessidades. Em breve, levaremos atendimento médico às pessoas que estão, há anos, na fila para fazer consultas, realizar exames ou que, por alguma razão, não têm acesso aos serviços médicos de que necessitam.

Para apoiar as ações de saúde, está em discussão a implantação de uma rede regionalizada de saúde pública para atender o interior do Estado, contando com uma estrutura adequada de equipamentos, centros cirúrgicos, profissionais e medicamentos, com capacidade para atender casos de média e alta complexidade.

Destaco que, em minha gestão, o Estado não vai se omitir do seu papel de coordenar o sistema de saúde. A sua reestruturação vai dar dignidade às pessoas, que poderão ser atendidas no seu município ou na sua região, evitando a necessidade de grandes deslocamentos, afogando principalmente Campo Grande.

Para otimizar a infraestrutura de atendimento e aumentar a capacidade de acolhimento das pessoas, tomaremos atitudes simples e objetivas. Vamos adequar e equipar hospitais que já existem no interior e reabrir os que se encontram fechados.

Na capital, vamos fazer as reformas necessárias no Hospital Regional, reativar setores que estão interditados, adquirir equipamentos e contratar profissionais.

Ressalto que, para viabilizar a conclusão das obras do Hospital do Trauma, já iniciamos entendimento com o Ministério da Saúde e, também, concentraremos esforços para o término da construção do Hospital do Câncer, em Campo Grande.

Reafirmando o compromisso de tomar atitudes e realizar ações que garantam a superação das dificuldades da população mais carente, criamos a Secretaria de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho. Sob a liderança da Vice-Governadora, Professora Rose Modesto, a área está sendo fortalecida nos aspectos institucionais e programáticos.

Na definição das políticas de inclusão, ampliaremos a participação das prefeituras municipais, de entidades que prestam assistência e de comunidades específicas, buscando uma maior integração e ampliação das políticas sociais, contemplando diferentes aspectos como: história, cultura, condições econômicas, sempre pensando no indivíduo e na sua família.

Com relação à educação que, para o meu governo, é o único caminho para os jovens garantirem um futuro melhor, vamos assegurar condições de qualificação e, dessa forma, mais oportunidades no mercado de trabalho.

Convém destacar, ainda, que minha gestão tem o compromisso com a educação em tempo integral e com a melhoria nos índices de aprendizagem. Para tanto, pretendemos aumentar o grau de integração entre a escola e a tecnologia, ampliar as áreas de pesquisa, valorizar o professor, melhorar a qualidade do material didático e modernizar e equipar as escolas rurais.

Na segurança pública, realizaremos um trabalho voltado para o combate intenso ao crime. Seremos especialmente intransigentes com o tráfico de drogas e o contrabando na fronteira, pensando sempre na segurança do cidadão. Para que isso ocorra, é fundamental estabelecer cooperação e buscar o apoio do Governo Federal. Nosso objetivo é transformar Mato Grosso do Sul em exemplo de segurança para as pessoas e de controle nas regiões fronteiriças.

No âmbito policial, buscaremos garantir a modernização e o reaparelhamento das estruturas de trabalho, integrar as policiais, valorizar os profissionais, fazer a adequação dos efetivos conforme as necessidades do Estado, levando as ações da segurança pública tanto na área urbana como no meio rural.

No campo da economia e da produção, não desviaremos um só momento da busca por melhores condições de competitividade em todos os segmentos envolvidos. No setor do agronegócio, um dos principais trunfos do Estado, viabilizaremos a construção de uma estrutura logística funcional e integrada com armazenagem e escoamento, por meio de rodovias, ferrovias, hidrovias e portos.

Vamos apoiar a recuperação das áreas degradadas e que geram baixo rendimento, a fim de melhorar a produtividade da nossa pecuária e das nossas lavouras, desenvolvendo políticas de incentivo ao aumento da produção de forma sustentável. Dessa forma, buscaremos desenvolver instrumentos de estímulo à expansão da agroindústria para ampliar o valor agregado dos nossos produtos.

 

Nesse contexto, é preciso encontrar mecanismos que levem à desconcentração da implantação de indústrias no Estado. As políticas econômicas atuais privilegiam determinadas regiões em detrimento de outras. Como já afirmei, corrigiremos essa situação.

Com relação à agricultura familiar, importante segmento na produção de alimentos, apoiaremos o pequeno produtor com assistência técnica, estradas de boa qualidade, abastecimento de água e organização. Com isso, garantiremos produção constante em escala e espaço no mercado.

Para que tudo isso seja possível, é fundamental, primeiro, organizar a casa, é o que estamos fazendo com determinação e dedicação. Com esse propósito, imediatamente após a minha posse na condução do Governo do Estado, determinei a adoção de medidas em todas as áreas para a redução de despesas, de forma a viabilizar uma gestão pública com orçamento equilibrado.

Foram editados decretos para reduzir em 50% o salário do governador; cortar 20% das despesas com cargos comissionados e com custeio; proibir por 100 dias a realização de despesas com diárias e passagens para fora do Estado. Foram vetadas, também, a nomeação de candidatos aprovados e a realização de novos concursos públicos durante os próximos seis meses.

Ainda após a minha posse, determinei um imediato levantamento das obras inacabadas deixadas pelo governo anterior. O objetivo é garantir segurança jurídica ao nosso governo e, ao mesmo tempo, assegurar que tais obras, quando terminadas, sejam postas à disposição da população e em seu benefício.

As principais obras inacabadas são a da sede da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande; a dos hospitais regionais, em Três Lagoas e em Dourados; a da pavimentação de várias rodovias e a do Aquário do Pantanal. Analisamos os contratos dessas obras para tomar a decisão cabível e mais acertada sobre cada uma delas.

Tenho consciência de que todos esperam a realização de um governo cidadão e transparente, tendo como prioridade as pessoas e suas famílias. Para isso, reitero, estaremos sempre de portas abertas ao diálogo, ouvindo e recebendo contribuições de todos.

Para garantir êxito na realização de uma gestão comprometida e alinhada com o plano de governo, discutido e elaborado juntamente com a sociedade, quero exercer uma administração com o apoio de todos os segmentos.

Assim sendo, conto com a relação harmônica e o trabalho integrado aos demais Poderes, em especial a esta Casa de Leis, que é um centro de ressonância das manifestações democráticas da população.

Concluo este discurso, pedindo a cada parlamentar aqui presente que seja testemunha desse novo tempo que se inicia para o Estado de Mato Grosso do Sul. Que vocês sejam testemunhas e coautores da mudança que tem um objetivo único: prestar atendimento digno à população. Nós que conquistamos o direito de exercer nossas funções por meio da vontade soberana do voto, temos o dever de continuar ouvindo os anseios do nosso povo e, em nome dele, governar e legislar democraticamente para todos.