Diário de esposa de investigado ‘entregou’ esquema que cassou Bernal

O diário da esposa de um dos investigados revelou que o esquema da compra da cassação do prefeito Alcides Bernal (PP) estava armado antes mesmo de ser instaurada a Comissão Processante. A revelação foi feita pelo promotor do Gaeco, Marcos Alex Veras, após a conclusão do relatório da Operação Coffee Break, instaurada quatro meses atrás.

Depois de o Gaeco ter acesso a celulares dos envolvidos, foi encontrado diário em tablet de esposa de um dos investigados que revela que em outubro de 2013 partes já se reuniam para orquestrar e armar a cassação de Bernal. “Chamou a atenção que muito antes da Comissão Processante já era certa a cassação”, relatou.

Relatório concluído

Depois de quatro de meses de investigação, foi entregue nesta tarde ao procurador-chefe do Ministério Público Estadual (MPE), Humberto de Mattos Brites, o relatório do Gaeco sobre a Operação Coffe Break, que investigou um esquema de compra de votos de vereadores para cassar o prefeito Alcides Bernal (PP), em março de 2014.

O documento conclui que, sim, a queda de Bernal foi financiada por políticos e empresários. A moeda de troca era dinheiro ou cargos públicos. O relatório implica 11 vereadores e um ex-vereador, cinco empresários e ainda dois político. Ao todo, são 19 pessoas, além de mais cinco com indícios de participação no esquema.

Oito vereadores e um ex-vereador são apontados como autores do crime de corrupção passiva, ou seja, aceitaram vantagem indevida em razão do cargo que ocupa. Sete pessoas, sendo outros três vereadores, empresários e políticos, cometeram corrupção ativa, ou seja, tiveram papel essencial no esquema para compra de votos em prol da cassação de Bernal. Um empresário e dois políticos são acusados de associação criminosa, ou seja, formação de quadrilha.

Em investigação complementar, mais cinco pessoas devem ser investigadas após o aprofundamento de provas e o acesso à dados fiscais. Eles são acusados de improbidade administrativa. Sem citar nomes, o promotor afirmou que havia cinco principais mentores da cassação, sendo eles políticos e empresários.

A Procuradoria Geral da Justiça terá que decidir em quinze dias se vai ser oferecida denúncia contra os envolvidos com pedido de afastamento ou até prisão; se vai ser pedir complementação de diligência (continuar a investigação); ou se arquivará o caso.