Vereador diz acreditar que a ‘República de  pode cair'

A frase:”política é como nuvem. Hoje está assim e daqui a pouco de outro jeito”, muito usada por políticos de Mato Grosso do Sul, nunca foi tão próxima da nossa realidade. A Operação Lama Asfáltica, por exemplo, trouxe à tona um problema que já rodeava o Estado há muitos anos, com denúncias sobre o império de João Amorim, mas que não passava de denúncias da imprensa. Agora, com a operação da Polícia Federal, o cenário político de Mato Grosso do Sul, às vésperas da eleição de 2016, começa a aterrorizar algumas lideranças.

“Uma vez ouvi da boca do André Puccinelli que com a investigação sobre a presidente Dilma Rousseff (PT) era perigoso cair a República. Vejo o risco de cair a ‘República de Mato Grosso do Sul. O feitiço pode estar virando contra o feiticeiro”, opinou o vereador Chiquinho Telles (PSD).

Por enquanto, as investigações seguem sobre sigilo e são conduzidas pela Controladoria-Geral da União, Receita Federal e Polícia Federal. E é justamente por isso que tem causado apreensão em lideranças do Estado.

Com a delação premiada na moda, com a “Operação Lava Jato”, muitos temem que o empresário investigado, João Amorim, utilize da benesse e traga à tona resposta a cobranças que são feitas há muitos anos e até agora não foram bem esclarecidas. Durante anos a imprensa questionou diversos contratos firmados entre o grupo de Amorin e o governo do Estado e a Prefeitura de Campo Grande, mas sem grandes reflexos

Até o momento, pelo menos oficialmente, a operação não chegou a Prefeitura de Campo Grande. Todavia, o ex-prefeito, Alcides Bernal (PP), não duvida de que a operação chegará à Prefeitura da Capital, onde ele se recorda que Amorim reinava absoluto em quase todos os contratos da gestão passada, do ex-prefeito Nelsinho Trad (PMDB), ex-cunhado de João Amorim.

Puccinelli ainda não quis se pronunciar, alegando que vai esperar ser citado pela Polícia Federal. Porém, segundo o secretário de governo, Eduardo Riedel, a investigação provém de contratos firmados no ano passado, ainda na gestão de Puccinelli.

Por enquanto, não há pessoas presas ou julgamento do processo, que está em fase de investigação. Porém, lideranças dizem acreditar que não há como evitar respingos da operação nas campanhas políticas, diante da proximidade de Amorim como o grupo do PMDB e pelo fato de o ex-deputado federal Edson Giroto  (PR) também ter sido visitado pela Polícia Federal, que cumpriu mandado na residência dele.

“As pessoas vão pensar duas vezes antes de votar. O Giroto, por exemplo, a polícia invadiu a casa dele e a população fica com o pé atrás”, opinou Gilmar da Cruz (PRB). “Entrou na casa do Giroto e respinga, como respingou no Gilmar Olarte, quando o Gaeco foi à casa dele, como respingou no Delcídio do Amaral (PT) na eleição”, concluiu.

Operação Lama Asfáltica

A Polícia Federal, Receita Federal e CGU (Controladoria-Geral da União) realizaram a operação na última quinta, quando cumpriram 19 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, visando obter detalhes de contratos com um dos maiores empreiteiros do Estado, João Alberto Krampe Amorim dos Santos.

Policiais ficaram trancados por quase cinco horas com João Amorim na residência dele, na Vila Vendas, mas também foram a uma das empresas dele, a  Proteco Engenharia, residência do ex-deputado Edson Giroto (PR) e na Secretaria de Obras do Estado, que também tinha contratos com Amorin. Quatro servidores foram afastados do Estado.