A decisão também levou em conta o fato de sentir falta dos dados do tal empréstimo na declaração de bens do candidato, prestada ao TSE

Em audiência na Câmara Municipal para explicar empréstimo do candidato a prefeito e deputado estadual, Alcides Bernal, à Coopertaxi (Cooperativa de Condutores Autônomos Rodoviários), o presidente da entidade, Flávio Panissa, reconheceu que o período eleitoral foi um dos motivos de tornar o caso público nesta semana, mais de três anos após a suposta transação econômica ter ocorrido.

A decisão também levou em conta o fato de sentir falta dos dados do tal empréstimo na declaração de bens do candidato, prestada ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Vereadores governistas aproveitaram a audiência para detonar Bernal que, conforme levantamento do DATAmax, lidera a disputa pela Prefeitura de Campo Grande.

Em seu depoimento, Panissa afirmou ter aceitado o convite dos vereadores para esclarecer tudo o que já foi veiculado na imprensa. Por várias vezes, ele procurou enfatizar que não está julgando Bernal de crime algum e que está apenas defendendo a cooperativa. “Não to aqui pra julgá-lo, isso cabe aos magistrados, à Justiça”, destacou. 

Ainda segundo relato do presidente da cooperativa, um cheque no valor de R$ 100 mil foi expedido no nome da esposa de Bernal no dia 20 de março de 2009. “No mesmo dia foi dado a ela um cheque de R$ 106.300 que foi depositado no dia 22 de julho do mesmo ano”, relatou. De acordo com ele, este cheque não tinha fundo e, por isso, Bernal entrou na Justiça contra a cooperativa.

“Como não tem contrato que comprove esse empréstimo com os cooperados, entrei na Justiça. Preciso defender minha cooperativa”, justificou.

Contra a parede

Questionado pelo vereador Alex do PT por que só agora trouxe à tona o caso, Panissa disse que resolveu fazer isso por ter visto a declaração de bens do candidato no site do TSE e, também, para aproveitar o momento das eleições.

“Vi no divulgaCand que ele não prestou contas desse empréstimo e isso me fez suspeitar. Como ta no período de campanha resolvi aproveitar o momento pra levantar isso”, explicou. Em 2010, um ano depois do suposto empréstimo, Bernal concorreu como deputado estadual e também apresentou sua declaração de bens ao TSE.

Governistas contra o rival

Os vereadores Paulo Pedra (PDT), Airton Saraiva (DEM), Carlão (PSB), Vanderlei Cabeludo (PMDB) e o líder do PMDB na Câmara, Flávio César atacaram Bernal. Eles defenderam a instauração de uma CPI, chamaram o candidato do PP de agiota e o acusaram de quebra de decoro parlamentar.

“É no mínimo imoral”, disparou Cabeludo lembrando que na época do empréstimo Bernal integrava a comissão de Transporte e Trânsito na Câmara Municipal.

Defesa tímida

Vereador pelo PP, Lídio Lopes apontou que as declarações de Panissa não têm fundamento sem a apresentação de provas e pediu ao presidente da Casa de Leis, vereador Paulo Siufi (PMDB), que Bernal seja convidado a prestar esclarecimentos.

“Precisa haver a defesa, eu defendo o contraditório e Bernal tem que vir aqui mostrar sua posição, a veracidade dos fatos”, disse Lopes, que, apesar de correligionário do deputado, não entrou na campanha a prefeito de Bernal.

Após as declarações do presidente da Coopertaxi, Siufi ressaltou que não vê o porquê convocar Bernal e que isso cabe às comissões de Obras e de Serviço Público, as mesmas responsáveis pelo convite ao presidente da Coopertaxi.

A denúncia contra Bernal veio à tona da segunda-feira (17) no programa eleitoral de Sidney Melo, candidato a prefeito de Campo Grande pelo PSOL. Na televisão, ele abriu espaço para Panissa tornar público o caso.