Em clima de campanha eleitoral, debate sobre a situação da saúde em Mato Grosso do Sul colocou em confronto governistas e oposição na Assembleia

Em clima de campanha eleitoral, debate sobre o caos na saúde em Mato Grosso do Sul colocou em confronto situação e oposição na Assembleia Legislativa e esquentou os ânimos dos parlamentares na sessão desta quinta-feira (9).

Candidato a prefeito de Campo Grande, o deputado estadual Alcides Bernal (PP) chegou a sugerir a criação de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar qual o “ralo por onde escorre o dinheiro destino à saúde”. Ele ainda desferiu duras críticas ao governador André Puccinelli (PMDB), levando o líder do governo na Assembleia, deputado Júnior Mochi (PMDB), a cobrar provas das acusações.

A discussão começou com o pronunciamento do deputado estadual Pedro Kemp (PT) na tribuna da Casa de Leis. Ele questionou a decisão da secretária estadual de Saúde, Beatriz Dobaschi, de não pagar pelo serviço extra de 15 cardiologistas. Com a medida, não será disponibilizado plantão na Santa Casa. Dessa forma, os pacientes precisam ser encaminhados para o Hospital Regional ou Universitário.

“Por ser caso de urgência, a pessoa corre o risco de morrer durante o transporte”, alertou Kemp. Para ele, quem trata saúde com prioridade não pode deixar de gastar R$ 72 mil para disponibilizar o serviço na Santa Casa. “É o hospital de referência no Estado”, ressaltou.

O primeiro a apartear a manifestação foi o deputado estadual Zé Teixeira (DEM), que classificou os problemas em saúde como “generalizados pelo Brasil inteiro” e, como bom opositor ao Governo Federal, cutucou a administração da presidente Dilma Rousseff (PT). Para ele, a petista precisa parar de se queixar do corte da CPMF e tratar com mais atenção o tema. “Não falta dinheiro, falta vontade”, disparou.

Para Bernal, a justificativa é “tapar o sol com a peneira”. Neste sentido, defendeu ações imediatas, como a abertura de uma CPI. “Temos que investigar porque preferem economizar a colocar em risco a vida das pessoas”, defendeu. Ele ainda classificou como uma “palhaçada” a decisão do governo Puccinelli de não desembolsar os R$ 72 mil para pagar o plantão dos cardiologistas.

O candidato foi ainda mais longe e colocou em xeque a gestão do recurso destinado à saúde. “Diminuem cada vez mais o atendimento na Santa Casa, mas a dívida do hospital só cresce”, estranhou. “E o hospital do trauma que nunca concluem. Dizem que, agora, faltam R$ 4 milhões. O que é R$ 4 milhões diante da importância do serviço”, emendou.

Ainda em tom crítico, Bernal disse que “não falta dinheiro para resolver os problemas, falta gestão”. Ele lembrou que para 2013 estão previstos R$ 700 milhões para aplicar em saúde em Campo Grande. “São quase R$ 2 milhões por dia”, comentou.

Diante das acusações, Mochi frisou a necessidade de ter um fato específico para abrir uma CPI na Assembleia “se não acaba em nada”. Ele ainda cobrou provas das críticas contra os governistas e acusou Bernal de utilizar o tema com fins políticos em época de campanha eleitoral.

Candidato a vice-prefeito do deputado federal Vander Loubet (PT), o deputado estadual Cabo Almi (PT), também criticou a situação e classificou “a superlotação dos hospitais como fato determinante” para abrir uma CPI.

Os deputados estaduais Lauro Davi (PSB) e Mara Caseiro (PTdoB) também pediram à palavra e esticaram o debate. Lauro defendeu menos investimentos em infraestrutura e mais contratações de profissionais. Mara, por sua vez, cobrou a necessidade de os parlamentares deixarem o discurso de lado para se concentrar em buscar soluções efetivas para o problema.