Vereador diz que projeto que favorece travestis emperrou na Câmara por preconceito

Defensores da causa pediram aos vereadores que a Associação das Travestis e Transexuais seja tida como de utilidade pública; ideia já foi barrada por duas ocasições

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Defensores da causa pediram aos vereadores que a Associação das Travestis e Transexuais seja tida como de utilidade pública; ideia já foi barrada por duas ocasições

O vereador de Campo Grande, Athayde Nery, do PPS, afirmou que o autor do projeto que considera como de utilidade pública a AT-MS (Associação das Travestis e Transexuais de Mato Grosso do Sul), já rejeitado em votação por duas ocasiões, só não foi aprovado até agora por “puro preconceito”.

Ao menos 30 membros da AT-MS foram à Câmara dos Vereadores, nesta manhã de terça-feira (17), e pediram a reapresentação do projeto. O manifesto tem a ver com a data de hoje, considerada como o Dia Internacional de Combate à Homofobia.

“Reconheço a importância dessa entidade, é muito importante para nossa comunidade, sempre em alerta contra o preconceito. E esse projeto só não foi aprovado ainda por isso, por puro preconceito”, disse Athayde, que propôs de novo a aprovação da medida.

O comando da Câmara dos Vereadores de Campo Grande informou que o projeto não passou pelo crivo dos parlamentares em votações nos anos de 2007 e 2008. A proposta foi barrada por duas vezes por meio de votação aberta dos vereadores.

“Acredito que nas outras ocasiões o que ocorreu foi falta de explicação do sentido da entidade por parte do autor do projeto. Desta vez já conversei com o Athayde, e não vejo problemas na aprovação da medida”, afirmou o presidente da Casa, Paulo Siufi.

Uma entidade vira de utilidade pública se ela não for criada com fins lucrativos e se desenvolver atividade de interesse geral da coletividade. Por conta dos projetos sociais, a AT-MS poderia receber contribuições públicas, através de convênios, desde que preste contas depois.

A AT-MS, no âmbito estadual, já é tida como de utilidade pública, contudo a Câmara resistiu a ideia.

O vereador Herculano Borges, do PSC, da ala evangélica da Câmara, é contra o projeto. Para ele, considerar de utilidade pública a AT-MS, “não traz melhoria substancial ao município”.

Uma das colaboradores da AT-MS, Hellen Kadori, coordenadora do projeto ‘Interagindo com Prevenção’, disse que recebe reclamações diárias de violência e de atos preconceituosos contra as travestis em Campo Grande.

Ela disse que a maioria das travestis atua como profissionais do sexo porque não consegue emprego na cidade.

Hellen afirmou que, embora qualificada a um determinada função, as travestis são descartadas logo na entrevista.

Outra questão reclamada por Hellen tem a ver com os constantes casos de violência. Ela recordou na data de hoje, Dia Internacional de Combate à Homofobia, o assassinato de Sidnei Nascimento. O crime ocorreu na casa da vítima e o motivo seria o preconceito.

O Combate à Homofobia foi criado no dia 17 de maio porque nesta data, em 1990, a homossexualidade deixou oficialmente de ser considerada uma doença pela OMS (Organização Mundial de Saúde).

Para ativistas da causa, a homofobia, sim, é uma doença muito grave, uma manifestação hedionda que precisa ser combatida diariamente. (editado às 11h55 para acréscimo de informações)

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