Jerson Domingos se cala sobre pedido de quebra de sigilo financeiro da Assembleia Legislativa
Entidades devem pedir abertura das contas da ALMS para investigar suposta prática de mensalão. O primeiro-secretário da Mesa Diretora, Ary Rigo, disse que haveria uma “devolução” de R$ 2 milhões para o governador André Puccinelli (direita)
Arquivo –
Entidades devem pedir abertura das contas da ALMS para investigar suposta prática de mensalão. O primeiro-secretário da Mesa Diretora, Ary Rigo, disse que haveria uma “devolução” de R$ 2 milhões para o governador André Puccinelli (direita)
O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Jerson Domingos, do PMDB, não quis comentar a manifestação de entidades que estudam a possibilidade de pedir a quebra do sigilo financeiro da Casa. O Poder Legislativo sul-mato-grossense é investigado pelo MPE (Ministério Público Estadual) por suposta prática de mensalão.
O parlamentar disse que o assunto é tratado em segredo de Justiça, daí o silêncio. “Sempre fui obediente, prefiro não comentar assuntos que correm em sigilo judicial”, disse ele.
De acordo com a declaração do deputado estadual Ary Rigo, do PSDB, exibida na internet durante o período eleitoral, dois meses atrás, “houve época” em que cada deputado estadual recebia R$ 120 mil mensais.
Além disso, parte do dinheiro da Assembleia era repartida com representantes de outros poderes como desembargadores, ex-chefe do Ministério Público Estadual, Miguel Vieira e até o governador reeleito André Puccinelli (PMDB). Rigo negou o que disse depois.
A gravação que caiu na internet foi feita sem que o parlamentar soubesse.
Espontâneo
Contrário ao raciocínio de Jerson Domingos, o deputado estadual Marquinhos Trad, também peemedebista, disse que existem duas maneiras de quebrar o sigilo financeiro da Assembleia Legislativa: por meio judicial e de modo espontâneo.
“Para não restar dúvida, acho que a Casa deve oferecer todas as informações de maneira espontânea”, disse o parlamentar.
Já o deputado estadual Youssif Domingos, do PMDB, líder do governo na Assembleia, acha difícil quebrar o sigilo da Casa por meio judicial. “Acho isso pouco provável, embora as entidades tenham direito de se manifestar”.
Um dos mais antigos da Casa, o deputado Londres Machado, do PR, que já comandou a Assembleia por década, empurrou o assunto. “Quem deve comentar isso é a Mesa Diretora”, esquivou-se. Ary Rigo, pivô do escândalo, integra a mesa citada por Londres.
O tucano Reinaldo Azambuja, disse que não vê a necessidade de quebra do sigilo da Assembleia, por crer que por lá “tudo está certo”.
No entanto, ele compartilha com a opinião do deputado estadual Maurício Picarelli, do PMDB: “se a Justiça determinar a quebra, que a medida seja cumprida”.
Trecho da gravação
A declaração mais polêmica de Rigo em toda a gravação aborda justamente a ‘devolução’ irregular de dinheiro da Casa a outras autoridades. Note:
“Você sabe o seguinte, na Assembleia cada deputado não ganhava menos de R$ 120 mil, agora os deputados vão ter que se contentar com R$ 42 ( mil). Não tem como fazer. Para você ter idéia nós devolvíamos R$ 2 milhões em dinheiro para o André (Andre Puccinelli – governador e candidato a reeleição pelo PMDB). R$ 900 (mil) para o desembargador do Tribunal de Justiça e R$ 300 (mil) para o Ministério Público. Cortou tudo! Nós vamos devolver R$ 6 milhões para o governo. Por isso que eu ando sumido. Então nós estamos criando um acordo, eles vão devolver 400 mil, não é mais 30%, comigo é 10%”, diz Rigo em diálogo com o ex-secretário de governo, Elendro Passaia que o gravava sem que ele soubesse.
Ontem, o deputado estadual Jerson Domingos apareceu com esse histórico durante uma entrevista coletiva: que a Assembleia recebia recurso por meio de duodécimo superior as despesas da Casa. Coincidentemente, resta no caixa da Assembleia algo em torno de R$ 2 milhões por mês.
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