Seja por lazer ou a trabalho, a motocicleta é considerada um meio de transporte que proporciona liberdade, aventura e adrenalina. Contudo, muitos optam pelo veículo por ser ágil, econômico, com preço acessível e claro, com baixo custo na manutenção.

Hoje, 27 de julho, é comemorado o Dia do Motociclista, data especial para todos os apaixonados por duas rodas. E é muita gente: Mato Grosso do Sul contabiliza mais de 105 mil pessoas habilitadas na categoria A – que permite pilotar uma moto. São exatos 105.151, conforme o Detran-MS (Departamento de Trânsito de Mato Grosso do Sul). Destes, 4.665 somente na categoria A, além de 78.613 nas categorias AB; 2.987 na AC; 11.604 na AD; e 7.282 na AE.

Já o número de motocicletas emplacadas em MS também impressiona. São 528.212 mil veículos cadastrados no órgão de trânsito, praticamente 5 motocicletas por condutor habilitado em Mato Grosso do Sul.

Contudo, mesmo em meio à celebração da data, um alerta: motociclistas são considerados os mais vulneráveis no trânsito. Em Campo Grande, de janeiro a junho deste ano, ocorreram 2.036 acidentes envolvendo motociclistas, além de 1.636 lesionados e 23 óbitos. Comparado com o ano de 2023, houve um aumento de 21% nas mortes, quando no mesmo período foram apenas 19.

“O número de lesões graves em motociclistas é bem maior que os veículos quatro rodas. O motociclista acaba sendo o ‘para-choque’ de sua motocicleta, em um eventual sinistro [acidente] são os mais prejudicados”, relatou o tenente Valério, do BPTran (Batalhão da Polícia Militar de Trânsito do Mato Grosso do Sul).

Paixão que corre pelas veias

Há aqueles que têm a moto como uma paixão que chegou na adolescência. Danilo Silva Moreira, de 40 anos, presidente do moto clube DNA, fundado em 2017, é um deles. “Foi uma paixão que começou aos 18 anos, hoje eu tenho 40 anos, é realmente uma paixão”, brincou.

“Sempre gostei de moto, depois que compra a primeira vira paixão. A minha primeira moto foi uma 98”, disse.

Danilo Silva (Foto: Arquivo Pessoal)

Danilo conta que na época queria fazer parte de um moto clube no município de Cassilândia, mas só eram aceitas motos acima de 500 cilindradas.

“Eu tentei comprar uma moto de 500 cilindradas, a minha era uma Twister 250. Porém, era muito caro uma CB 500, eu não tinha condições. Então, falei que teria meu próprio moto clube e também uma moto maior”, contou.

Atualmente, com uma BMW S 1000, Danilo concluiu uma viagem de cinco mil quilômetros. “Hoje a moto é mais para viajar em rodovias, é gostoso demais. Durante o dia a dia, eu uso mais carro, a moto em si, mais para hobby devido ao custo”, comentou.

Mulheres no piloto

Fazendo parte há cinco anos do moto clube Divas, exclusivo de mulheres, Léa Pina Barbosa, de 47 anos, conta que sua paixão sobre duas rodas começou quando era apenas garupa do esposo. Para ela, pilotar é uma sensação de liberdade.

“É uma grande sensação de liberdade e aventura, alivia o estresse e a tensão acumulada durante o dia a dia, sem falar nas paisagens”, comentou Léa.

Léa Pina (Foto: Arquivo Pessoal)

O mundo motociclista ainda, para muitos, é apenas para homens, mas para Léa esse mundo é o que te proporciona felicidade.

“Minha maior alegria é pegar estrada, fazer amizades, trocar experiências, recebemos elogios pela nossa coragem, ainda mais por ser um meio predominado pelos homens ainda”, destacou.

A paixão de Léa pelas motociclistas ultrapassa o hobby. “Tenho uma Harley Sportster 1200 cc [cilindrada], mas no dia a dia uso uma Intruder 125 cc, por ser uma moto econômica e de fácil locomoção”, finalizou.

Ofício

Ainda, há quem utiliza da motocicleta como um instrumento de trabalho, como é o caso do motoboy Euclides Auguero, de 30 anos, que trabalha há mais de seis anos com entregas.

“Nossa luta diária não é fácil e a incerteza sempre é o retorno para o lar, tem sido até mesmo uma luta pela sobrevivência no trânsito caótico de Campo Grande onde a maior parte das vezes nós motociclistas somos vítimas dos acidentes fatais e até mesmo que acabam deixando feridos impossibilitados de trabalhar”, comenta.

Mas, durante seis meses, Arguero ficou impossibilidade de trabalhar, devido a um acidente de trânsito. Ele teve uma das mãos quebradas com a gravidade.

Euclides Aguero (Foto: Arquivo Pessoal)

“Já me envolvi em acidentes, mesmo pilotando com cuidado respeitando devidamente as leis e regras no trânsito não pude escapar de um motorista imprudente que acabou fechando o cruzamento vindo a quebrar uma das mãos e me deixando por seis meses impossibilitado de exercer a profissão, por mais que tenhamos cuidado no trânsito para resguardar nossa integridade sempre tem uma pessoa que não respeita, ainda mais que nós motociclistas somos os mais vulneráveis no trânsito”.

Com uma jornada de aproximadamente 12 horas diárias, para Arguero a motocicleta não é apenas um instrumento de trabalho, mas também um hobby.

“Pilotar é algo muito satisfatório a sensação de liberdade, mesmo com dias chuvosos e frios não trocaria isso, pilotar é uma paixão quase uma terapia mesmo diante do trânsito caótico e de tantas adversidades da vida, a gente ama o que faz e pilotar meio que já faz parte do nosso espírito”, finalizou.

Independente de ser por hobby ou a trabalho, é necessário se atentar em:

  • Conhecer a moto;
  • Estar com a revisão em dia;
  • Utilizar o capacete e acessórios;
  • Ter atenção aos cruzamentos;
  • Ter cuidado ao frear;
  • Manter-se visível;
  • Realizar manobras seguras;
  • Estar atento às sinalizações.

A utilização de equipamentos de segurança, além do capacete e sapatos fechados, se torna essencial para a segurança dos motociclistas.

“O Contran [Conselho Nacional de Trânsito] só exige capacete e calçados que se fixe aos pés. Algo que acho um pouco falho, nós que trabalhamos com motocicletas no Batalhão de Trânsito da PMMS procuramos além do capacete o uso de outros equipamentos de proteção individual como: luvas próprias para motociclistas, joelheira, cotoveleira, protetor de coluna lombar, uma boa jaqueta de motociclista assim por diante”, ressaltou.

Acidente emblemático

O motoentregador Hudson de Oliveira Ferreira foi mais uma vítima de acidente grave de trânsito envolvendo motociclista.

No dia 22 de março, Hudson acabou sendo atingido por uma Porshe, dirigida pelo empresário do Bada Bar, Arthur Torres Rodrigues Navarro, na rua Antônio Maria Coelho, na região do Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande. A Porshe estava com a velocidade duas vezes maior que a permitida no momento do acidente.

No momento do acidente, Arthur fugiu do local sem prestar socorro. À polícia, ele alegou ‘achar que não era grave’. Já Hudson encaminhado para a Santa Casa de Campo Grande, vindo a óbito dois dias depois, em 24 de março.

(Henrique Arakaki, Midiamax)

Contudo, o empresário só se apresentou à polícia no dia 5 de abril, momento em que acabou sendo ouvido e liberado, tendo o veículo apreendido.

Agora, a família do motoentregador pede indenização no valor de R$ 1 milhão ao Arthur. Segundo a advogada da família, Janice Andrade, o pedido será de indenização por danos morais e pensão para os filhos, calculando a expectativa de vida de Hudson.

Segundo o tenente Valério, obedecer às regras de trânsito se torna primordial para evitar acidentes.

“Por isso, é importante, além de obedecer à sinalização viária e às regras de trânsito, trafegar na velocidade compatível nas vidas, que na Capital não ultrapassa 50 km por hora”, disse.

Dia do Motociclista

Na década de 1970, a Abram (Associação Brasileira de Motociclistas) decidiu criar um dia para o motociclista.

Na mesma época, um mecânico da Honda, Marcus Bernardi, faleceu. Com isso, seu chefe, Rogério Gonçalves, sugeriu para a Associação que a data de sua morte (27 de julho) fosse sempre lembrada, com o propósito de homenagear todos os condutores de motocicletas.

A ideia foi então aceita e o deputado Alcides Franciscatto propôs que o dia fosse incorporado ao calendário nacional de celebrações.

Desde então, o dia 27 de julho se tornou oficialmente o Dia do Motociclista.

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