Sem bafômetro, caminhoneiro ‘doidão’ escapa da prisão após destruir carros e quartel em Campo Grande
Empresa disse à polícia que motorista estava em período de testes; testemunhas viram ‘rebite’ na cabine
Thatiana Melo, Ari Theodoro –
O caminhoneiro de 32 anos que deixou um rastro de destruição na Avenida Duque de Caxias, em Campo Grande, nessa quinta-feira (17), estava em fase de testes e essa era sua segunda viagem para uma empresa de Santa Catarina. Ele foi solto logo depois de passar por exames de corpo de delito no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), entre outros motivos, porque não foi submetido ao teste do bafômetro.
Informações repassadas ao Jornal Midiamax pelo delegado Camilo Kettenhuber, titular da 6ª Delegacia de Polícia Civil, são de que o caminhoneiro saiu de Santa Catarina com destino a Campo Grande, onde deixaria parte da carga e depois seguiria para Maracaju, cidade onde descarregaria outra parte da carga.
Kettenhuber ainda disse que o caminhoneiro se recusou a fazer o teste do bafômetro logo após o acidente porque alegou que na noite anterior havia ingerido uma lata de cerveja. Ele teve receio de que o teste acusasse a presença do álcool no organismo.
Os comprimidos encontrados no caminhão e inicialmente divulgados pela própria polícia como rebite, ainda serão periciados para determinar a composição, mas, de acordo com o delegado, uma delas seria a cafeína.
Ainda segundo o delegado, os exames feitos no Imol testaram negativo para substâncias psicoativas. Mas, Kettenhuber confirmou que o caminhoneiro estava alterado dizendo palavras desconexas, em uma espécie de alucinação.
‘Querem me matar’
Segundo o relato do caminhoneiro, ele afirmou que estava sendo atacado por indígenas. “Querem subir no meu caminhão”, disse no momento em que foi abordado. O caminhoneiro estava bastante alterado e em alucinação. Os policiais tiveram até de usar uma corda para amarrá-lo pelos pés, já que estava bastante agressivo.
Dentro do caminhão, os policiais encontraram uma cartela com quatro comprimidos de rebite, chamado Corujão. Segundo o registro, dois comprimidos estavam faltando. O autor se negou a fazer o teste do bafômetro e, portanto, a polícia não sabe se ele misturou o ‘rebite’ com outra substância alcoólica.
O que é Rebite? Rebite é uma droga conhecida por manter o motorista acordado, em alerta para ‘render’ a viagem. A atuação do rebite costuma ser relativamente rápida. A droga age diretamente no Sistema Nervoso, alterando a atuação dos neurotransmissores e, consequentemente, diminui os sinais de sono e aumenta o estado de alerta. A pessoa pode se sentir mais “energizada” e acordada ao consumir o rebite.
Rastro de destruição
Várias ligações chegaram ao 190 denunciando o caminhão desgovernado, que estava batendo em vários carros e fugindo sem prestar socorro. Uma equipe que estava na região do Bairro Nova Campo Grande foi parada por três mulheres que afirmaram ter tido seu veículo atingido pelo caminhoneiro que fugiu.
Durante a busca pelo caminhoneiro, os policiais encontraram um rastro de destruição com vários carros danificados pelo caminhoneiro, um total de sete. Ele foi encontrado dentro do quartel do Exército, quando bateu e derrubou o portão do local.
Quando os policiais chegaram para detê-lo, ele tentou fugir se debatendo com os pés dentro da viatura. Ele foi encaminhado para a delegacia e autuado por dirigir com a função psicomotora alterada e por fugir sem prestar socorro.
Imagens flagraram caminhão em alta velocidade
Imagens de ao menos quatro locais flagraram o caminhão em alta velocidade pela Avenida Duque de Caxias na manhã desta quinta-feira (17), em Campo Grande. O veículo, segundo testemunhas, seguia desde o Bairro Nova Campo Grande, já sem controle, o que dá cerca de 6 quilômetros até o Exército, onde colidiu contra o portão.
Nesse trajeto, ao menos 7 veículos foram atingidos. As imagens mostram o veículo passando em alta velocidade por vários trechos. Em um deles, dois homens percebem algo de errado e vão até a esquina ver, após o caminhão passar.
A última imagem é do caminhão subindo o canteiro central da via e invadindo a contramão. Após o acidente, o motorista foi preso bastante alterado, sendo necessários cinco policiais para contê-lo.
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