A falta de educação no trânsito de Campo Grande tem gerado riscos aos motoristas, pedestres e ciclistas nas mais variadas formas. Somente nos nove primeiros meses de 2018, conforme dados do Detran, 56.489 motoristas foram autuados por excesso de velocidade. Os números ultrapassaram os registrados em todo o ano de 2017 quando 46.786 condutores foram multados pela mesma infração.

A situação fica ainda mais alarmante se levarmos em consideração que avançar sinal vermelho, não usar o cinto de segurança, dirigir sem habilitação e conduzir veículo mexendo no celular estão entre os 13 atos infracionais mais cometidos pelos campo-grandenses.

Delitos como estacionar em local proibido e conversão proibida à esquerda também engrossam a lista das multas aplicadas pelo Detran.

O levantamento feito pelo órgão aponta que, de janeiro até setembro deste ano, 34.196 condutores ultrapassaram o limite de velocidade máxima em até 20%; 17.941 motoristas foram flagrados dirigindo em 20 a 50% a mais do que a velocidade máxima da via e 4.342 trafegaram com aceleração em 50% ou mais do que o permitido por lei.

O gerente de Fiscalização de Trânsito da Guarda Civil Metropolitana, Ideu Vilela Rodrigues, explica que essas infrações são as responsáveis direta pelos acidentes que acometem o trânsito e consequentemente lotam os leitos hospitalares.

“O cometimento dessas infrações provoca acidentes com ou sem vítimas fatais, colocando em risco a vida do próprio condutor e a de terceiros. Além de gerar gastos maiores com saúde pública e diminuição de vagas nos hospitais, visto que os casos de acidentes de trânsito são diários e muitos poderiam ser evitados.“

A cultura no trânsito, tanto de condutores quanto de pedestres, em Mato Grosso do Sul também preocupa especialistas. Atitudes como furar o sinal vermelho e mudar de pista sem ligar a seta são ações vistas diariamente em qualquer horário do dia, garante Ideu. “O cidadão sempre está atrasado, ou é rapidinho, ou estou indo ao médico. Sempre tem uma desculpa para justificar o cometimento da sua infração.”

O ato imprudente, em não respeitar a sinalização do semáforo, resultou em 9.324 multas na Capital em 2018 até o início de setembro. 5.763 pessoas arriscaram suas vidas e a de terceiros por conduzir veículo sem CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e 7.299 motoristas usavam o telefone celular enquanto estavam na direção.

Conscientização

Quem é multado aprende, com a dor no bolso, a se policiar mais no trânsito. Um motorista de 32 anos que passeava pelo Parque dos Poderes conta que foi surpreendido com uma multa por excesso de velocidade. O condutor relata que a velocidade máxima permitida no local é de 30 km/h, mas estava dirigindo a 37 km/h na ocasião em que foi flagrado cometendo a imprudência.

O resultado? Recebeu uma penalidade no valor de R$ 195,25 e perdeu 5 pontos na habilitação. “Por mais que falem em indústria da multa e que não seja nada agradável ser multado, ter que abrir a carteira para arcar as infrações é educativo. As multas são caras e fazem a gente se policiar mais”, garante o motorista.