Projeto no Instagram usa humor para retratar acidentes absurdos
Um tombo de bicicleta no ano passado deu origem ao primeiro projeto fotográfico do ator italiano Sandro Giordano, 41. Chamada “In Extremis (corpos sem arrependimento)”, a coleção retrata de forma um tanto surreal acidentes ligados ao cotidiano: caso da menina que cai com o bolo na mão e da patinadora que escorrega na casca de […]
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Um tombo de bicicleta no ano passado deu origem ao primeiro projeto fotográfico do ator italiano Sandro Giordano, 41. Chamada “In Extremis (corpos sem arrependimento)”, a coleção retrata de forma um tanto surreal acidentes ligados ao cotidiano: caso da menina que cai com o bolo na mão e da patinadora que escorrega na casca de banana. As imagens são publicadas no Facebook e no Instagram, onde os seguidores somados já passam dos 33 mil.
Assim Giordano descreve o surgimento do projeto: “Conforme caí [de bicicleta], continuei segurando o objeto que eu tinha na mão em vez de soltá-lo. Se minhas mãos estivesse livres, certamente não teria me machucado. Algumas semanas depois, um amigo quebrou a perna nas montanhas, para evitar que seu smartphone caísse na água. Comecei a me preocupar. Vivemos uma época triste na qual itens materiais, caros ou não, tornaram-se mais importantes que nossas vidas”.
Com essa reflexão, o ator começou a sentir a necessidade de capturar o que chama de “momento do impacto”. “Queria fazer algo irônico. Tinha de haver um lado cômico da tragédia. Queria que as pessoas rissem delas mesmas e usei para isso pequenos acidentes dos quais qualquer um, sem exceção, poderia ser vítima. Se a risada levar a um único momento de reflexão, cumpri minha missão”, relatou em entrevista por e-mail o ator, que alterna seus endereços entre Roma e Barcelona (Espanha).
A flexibilidade das pessoas retratadas e o surrealismo das imagens fizeram a reportagem questionar se Giordano usava nas fotos sempre a mesma boneca (talvez trocando apenas as perucas). “Nunca uso bonecos em meu projeto… Seria fácil demais!”, respondeu o italiano, que conta com a boa vontade de conhecidos dispostos a se espatifarem em prol do clique.
Segundo Giordano, é importante que a pessoa esteja desconfortável na hora da foto: “O sucesso depende do talento do ator em se decompor da forma mais impactante”.
O fato de usar pessoas (de verdade) também o ajuda a compor as cenas. “Com frequência meus modelos me surpreendem e assumem posições que eu não teria pensado em pedir [para fazerem]. É quando me convenço de que voltarei para casa com uma foto melhor do que havia pensado”, contou.
O trabalho de produção leva horas. Ele afirma saber exatamente o que quer, pois imagina a foto durante dias e passa horas estudando a “cena do crime”. Questionado sobre sua criação favorita, Giordano disse ser impossível escolher apenas uma: “Amo todas!”.
“Para cada foto, crio uma história […]. Na maioria das vezes, penso em pessoas comuns sofrendo acidentes cotidianos e revelo, sempre que possível, o lado podre de cada um. Gosto da ideia de as pessoas serem vítimas de suas neuroses compulsivas e obsessivas.”
A quem possa interessar, o acidente de bicicleta mencionado no início deste texto fez com que Giordano perdesse parte dos movimentos na mão direita (30%, segundo ele). E o que estava segurando na hora da queda? “Uma barra de proteína idiota”, lembra o ator, usando seu sangue italiano para descrever o objeto.
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