Cem anos após desastre do Titanic, acidentes com navios têm redução de 85%
Cem anos após o naufrágio do Titanic, que deixou 1.513 mortos nas águas do Atlântico Norte em 1912, os avanços na navegação moderna levaram a uma redução de 85% no número de acidentes graves com navios ao redor do mundo. Inovações tecnológicas e padrões de segurança mais rígidos deixaram o transporte marítimo mais seguro – […]
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Cem anos após o naufrágio do Titanic, que deixou 1.513 mortos nas águas do Atlântico Norte em 1912, os avanços na navegação moderna levaram a uma redução de 85% no número de acidentes graves com navios ao redor do mundo.
Inovações tecnológicas e padrões de segurança mais rígidos deixaram o transporte marítimo mais seguro – tornando o risco de colisão com um iceberg (causa da perda do Titanic) praticamente impossível – mas não imune a tragédias.
Entre 2000 e 2010 houve acidentes graves com 706 cargueiros e 17 navios de cruzeiro, e em janeiro deste ano o Costa Concordia adernou na Itália com mais de 4.200 passageiros a bordo, deixando ao menos 28 mortos.
Os números são da Lloyd’s Register, auditoria e consultoria marítima baseada em Londres desde 1760, e do relatório Segurança e Transportes 1912-2012, do Titanic ao Costa Concordia, elaborado pela seguradora alemã Alianz.
No levantamento da Lloyd’s, houve 863 acidentes com perda total em 1910, contra 172 em 2012. Para se ter uma ideia de proporção, na primeira década do século 20 a frota mundial de cargueiros e navios de passageiros era de 29.934. Cem anos depois, o número já passa de 103.392.
A perda total de uma embarcação é definida como um acidente cuja gravidade destroi, danifica de forma severa ou torna o navio irrecuperável, com ou sem mortes de tripulantes e passageiros. Incidentes de menor grau não costumam ser compilados pelos estudos do setor.
Avanços e riscos
Muita coisa mudou ao longo do último século na maneira como os navios são controlados, e o comércio global e a expansão de rotas turísticas praticamente triplicaram a quantidade de navios em operação ao redor do mundo. Em 2010, o setor transportava diariamente mais de 23 milhões de toneladas de carga e 55 mil passageiros.
Enquanto no Titanic o capitão dispunha de bússolas, sextantes e cartas náuticas de papel, atualmente a ponte de comando conta com informações meteorológicas constantes e uma miríade de equipamentos informatizados, incluindo cartas computadorizadas e radares.
Na navegação moderna, 49% das perdas totais ainda são motivadas por naufrágio. Entre as causas, no entanto, a colisão com um iceberg, que afundou o Titanic, é “praticamente impossível” hoje em dia, indica Angus Menzies, da diretoria de um dos principais clubes náuticos da Grã-Bretanha, a Honourable Company of Master Mariners.
“As três principais causas de naufrágio atualmente são uma falência de energia (afetando o controle do navio), ondas gigantes e tempestades, e erro humano”, explica.
Ele diz que a criação da Patrulha Internacional do Gelo, mantida por Canadá, Estados Unidos e Dinamarca no Atlântico Norte, que transmite posições de icebergs 24 horas aos navios que trafegam na região, foi decisiva para evitar tragédias semelhantes a de 1912.
Erro humano
Colisões, problemas em meio a tempestades e naufrágios são atualmente causados em até 75 a 96% das vezes por erro humano, aponta o relatório da Allianz.
“Um navio não se pilota sozinho. Mesmo com as inúmeras ferramentas tecnológicas à disposição da ponte de comando, a decisão final sobre a navegação é sempre do capitão. Pudemos ver isso no caso do Costa Concordia”, avalia Menzies.
Outro aspecto de risco apontado por especialistas é o tamanho e capacidade de passageiros dos navios de cruzeiro atuais. Enquanto o Titanic tinha 2.224 pessoas a bordo, o Allure of the Seas (maior do mundo atualmente) pode levar até 6.360 passageiros.
No Titanic, a maioria dos mortos eram passageiros da terceira classe, nos deques inferiores, onde não havia botes salva-vidas suficientes. Para o especialista britânico, essa diferença não existe mais.
“Se você viaja na classe econômica de um avião, tem as mesmas chances dos passageiros da primeira classe de se salvar no caso de um acidente. Em um navio de cruzeiro moderno é a mesma coisa. No caso do Titanic, os passageiros eram imigrantes e estavam confinados em espaços apertados, era outra situação”, diz.
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