Desde o começo do ano, foram mais de 350 feridos e cinco mortos em ocorrências de trânsito no município. Segundo vereadores, com crescimento desordenado, andar na Cidade virou uma roleta russa.

Números apontam que as ruas de Três Lagoas se tornaram palco de inúmeros acidentes. Segundo o comandante do 2° Batalhão da Polícia Militar, Major Molinari, desde o início do ano, cinco pessoas perderam a vida no trânsito urbano do Município – 500% a mais que o mesmo período do ano passado.

Além das mortes, 353 pessoas ficaram feridas em acidentes nas ruas do município – um aumento de 30,3%, com relação ao mesmo período do ano passado.

“Em 2010, até abril, não havíamos registrado nenhum acidente com morte. Esse primeiro quadrimestre foi o mais violento que a equipe da Polícia Militar (PM) registrou até agora. O número de acidentes de trânsito cresceu de forma generalizada. Até aqueles com apenas danos materiais aumentou em 18,02%”, explicou o subcomandante da PM, capitão Élcio Almeida.

Como explicações, para o crescimento trágico dos desastres no trânsito da Cidade, Molinari e Almeida atribuem ao aumento da frota – Três Lagoas tem uma das maiores médias de veículo por habitante do País, um para cada duas pessoas (51.178 veículos para 101.791 habitantes, segundo o censo/2010 – e à grande incidência de pessoas sem carteira de habilitação trafegando pelas ruas.

“Já realizamos 482 autuações, até esse início de maio, com relação a condutores não habilitados. Normalmente são para pessoas pegas pilotando motocicletas, nosso principal problema hoje. A facilidade na aquisição de veículos ciclomotores tem transferido o intenso fluxo de bicicletas para o de motos. Entretanto, as pessoas compram o veículo, mas não tiram a habilitação”, informou Almeida.

Segundo o major Molinari, o horário “de pico” em ocorrência de acidentes é entre às onze horas ao meio dia. “Nesse período, o fluxo de veículos aumenta consideravelmente nas avenidas e, dessa forma, as causas dos acidentes se torna um somatório de motivos – comportamento inadequado do condutor, falta de atenção no trânsito e falta de sinalização”, alegou Almeida.

Para o comerciante Hélio Ferreira da Silva é normal presenciar acidentes nos cruzamentos da avenida Filinto Muller, uma das principais da Cidade. “Tem dias que chego a ver três batidas. Quase sempre é no cruzamento da avenida com a Eurides Chagas Cruz, devido à profundidade da valeta, naquele local”.


“Andar nas ruas de Três Lagoas virou uma roleta russa”

Essa afirmação foi feita pelo vereador, Ângelo Guerreiro (PDT), durante a sessão da Câmara desta terça-feira (17).

De acordo com Guerreiro, a cidade arrecadou em Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA) R$ 9 milhões, fora a cobrança de multas. O vereador alegou que falta sinalização nas ruas da cidade.

“Dos nove milhões, 50% vão para o Governo do Estado e a outra metade vai para a Prefeitura. Desse total recebido pelo Município, apenas R$ 702 mil foram orçados para a sinalização das ruas de Três Lagoas. Não existem placas, nem faixas pintadas nas ruas. Dizer que não tem dinheiro é mentira”, disse Guerreiro exaltado.

O vereador apontou ainda como causas para o aumento no número de acidentes, a falta de iluminação pública e a péssima qualidade das obras de asfalto executadas por empreiteiras contratadas pela Prefeitura. “Estive em uma loja do centro da Cidade e três funcionários tinham se acidentado em menos de um mês. Convocarei o pessoal do trânsito para tomar uma atitude”, finalizou.