Das 199 vítimas do acidente com o avião da TAM, ocorrido há exatos quatro anos,193 famílias já foram indenizadas, segundo informou a companhia aérea ao R7. A batida do Airbus A-320 com um prédio vizinho ao aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo, é considerada a maior tragédia da aviação brasileira.

Segundo a TAM, desde 17 de julho de 2007, a empresa fechou 55 acordos pela Câmara de Indenização e 148 pessoas receberam o pagamento do seguro obrigatório. A companhia também informou que, desde o acidente, emitiu 8.581 passagens para familiares em casos de reuniões e encontros, e foram gastos R$ 17,2 milhões com apoio as famílias, como hospedagem, alimentação e telefone.

Roberto Corrêa Gomes, que perdeu o irmão Mario Gomes no acidente, confirma que a maioria das indenizações foram pagas aos familiares, mas que nada supera a dor de perder um parente.

– Não existem parâmetros para poder avaliar. Quanto vale um filho? Um irmão? Uma esposa? Quanto vale ficar sozinho na vida? Quem era rico, continuou rico. Quem era classe média, continuou sendo classe média. Muitos perderam o emprego porque não conseguiram mais [trabalhar]. Não existe satisfação. Depois da perda, a pior experiência é a referente à indenização.

Neste domingo (17), os parentes assinam com a Prefeitura de São Paulo um convênio para a construção de um memorial,no local da tragédia, em homenagem às vítimas do voo. Para o presidente da Afavitam (Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAM JJ 3054), Dario Scott, o importante do memorial é que ele vai permitir que o acidente não fique esquecido na história da aviação.

Justiça

Além da praça em homenagem aos mortos, a associação conseguiu uma grande conquista nesta semana. Na sexta-feira (15), às vésperas do quarto aniversário da tragédia, a Justiça Federal em São Paulo aceitou a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra Denise Maria Ayres Abreu, então diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), e contra dois diretores da TAM na época do acidente: Alberto Fajerman (vice-presidente de Operações) e Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro (diretor de Segurança de Voo). Os três denunciados pelo procurador da República Rodrigo De Grandis foram acusados de ter exposto a perigo o Airbus, provocando o acidente e a morte de 199 pessoas.

Denise, que foi afastada do cargo na Anac em meio ao caos aéreo que se seguiu ao acidente, é acusada de agir com imprudência por determinar a liberação da pista de Congonhas sem o grooving – ranhuras na pista feitas para ajudar a frear os aviões. Além disso, seria responsável por liberar a pista “sem realizar formalmente uma inspeção, após o término das obras de reforma com o fim de atestar a sua condição operacional em conformidade com os padrões de segurança aeronáutica”. No caso dos então diretores da TAM, ambos teriam sido negligentes porque permitiram que os aviões da TAM pousassem em Congonhas, apesar de terem conhecimento das péssimas condições da pista, “em especial nos dias de chuva”.

A pena é de um a três anos, mas no entendimento da procuradoria o fato de 199 pessoas terem morrido no acidente e a aeronave ter sido totalmente destruída é uma qualificadora para o crime, que passaria a ter pena de quatro a 12 anos de prisão. De Grandis afirmou que o julgamento pode acontecer até o fim do ano que vem.

O acidente

A maior tragédia da aviação brasileira ocorreu em 17 de julho de 2007. No final da tarde daquele dia, o Airbus da TAM, que saiu de Porto Alegre, chegou ao aeroporto de Congonhas. Chovia e o avião estava com um de seus reversos (parte de seu sistema de freio) desativado. Os pilotos não conseguiram parar a aeronave, que atravessou a pista e foi bater em um prédio do outro lado da avenida Washington Luís. A pista do aeroporto havia sido reformada e liberada havia 20 dias sem o grooving. No total, 199 pessoas morreram.

Desde então, todos os anos na data do acidente, familiares se reúnem em São Paulo e no Rio Grande do Sul para homenagear as vítimas.