A Polícia Civil descobriu novos dados depois da reconstrução em 3D da cena do duplo feminicídio de Vanessa Eugênia e da bebê Sophie Eugênia, de 10 meses, que tiveram os corpos carbonizados e encontrados em um terreno no Indubrasil, em Campo Grande, no dia 26 de maio, como luta e tentativa de ocultar provas por parte de João Augusto.
Foi feita uma reconstrução dos cômodos e com isso foi possível navegar pelos cenários do imóvel, sendo encontrados vestígios do crime. Conforme o laudo, no local verificou-se a presença de manchas de sangue dispersas pelo interior do imóvel, predominantemente no interior do quarto do casal e banheiro, indicando que pelo menos uma pessoa tenha sido ferida no local.
Também foi descoberto que pelos vestígios encontrados, João teria tentado alterar a cena do crime, limpando vestígios. “Pelo menos uma pessoa foi ferida no imóvel residencial com vestígios que podem indicar a ocorrência de luta corporal. Verificou-se a carbonização parcial de duas vítimas fatais, sendo a gênese provável do fogo criminosa”, dizia o laudo da perícia.
Também as novas provas apontam para a frieza de João ao falar em mensagens de WhatsApp que Vanessa e Sophie já estavam mortas dentro do porta-malas do carro. O corpo de mãe e filha foram encontrados carbonizados no Indubrasil, no dia 26 de maio.

‘Está começando a feder aqui’
Uma testemunha contou na delegacia que o autor mencionou que mataria a esposa porque não deixava ele fazer nada, e a criança por causa da pensão. No dia do crime, João mandou mensagens dizendo que já tinha matado e que os corpos estavam no porta-malas do carro, e que estava indo ao posto de combustível comprar gasolina para colocar fogo nos corpos. O adolescente e a genitora entregaram aos investigadores as mensagens e os áudios que estavam no celular.

O Jornal Midiamax procurou o advogado assistente de acusação, Lucas Brandolis, que, em nota, informou que se pronunciará sobre os laudos periciais exclusivamente nos autos do processo, por se tratar de conteúdo sensível.
Imagens mostram assassino colocando fogo nos corpos de mãe e filha
Pelas imagens é possível ver quando o carro em que estava João Augusto e os corpos de Vanessa e Sophie passa às 21h50 na estrada. O veículo se distancia e oito minutos depois um clarão é visto. Este é o momento em que mãe e filha, mortas asfixiadas, têm os corpos carbonizados.
O MPMS ofereceu denúncia contra João Augusto no dia 2 de julho e pediu indenização para a família de Vanessa e Sophie. “Os motivos dos crimes são torpes, pois o acusado matou as vítimas Sophie e Vanessa por, respectivamente, não desejar continuar com suas responsabilidades paternais e pelo ódio vingativo que nutria por Vanessa, decorrente das dificuldades que viviam no relacionamento”.
“Outrossim, a família das vítimas faz jus ao recebimento de indenização por danos morais, pois teve seu estado psicológico afetado, passando por transtornos psíquicos e morais em razão do feminicídio, conforme prevê o artigo 91, inciso I do Código Penal”, fala o MPMS.
Depoimento
O depoimento foi prestado ao delegado Rodolfo Daltro, titular da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa). João falou sobre o começo do relacionamento entre ele e Vanessa, quando se conheceram em um aplicativo de relacionamento e passaram a morar juntos, com dois meses de namoro.
Quando questionado sobre como era o relacionamento, João disse que era conturbado, que havia muitas brigas, discussões, que era ciumento, e Vanessa não aceitava os pedidos de mudança de comportamento.
Quando Vanessa ficou grávida, João disse ter aceitado a gravidez, mas, depois que Sophie nasceu, ele revelou que passou a ter raiva da filha. Disse ter ódio quando a bebê completou dois meses. “Se eu não tivesse matado ela [Sophie], eu teria doado”.
Apesar de não estar sob efeito de nenhuma droga, João não demonstrou remorso algum pelos crimes. Ele ainda falou que Vanessa queria se separar logo após a bebê nascer, mas ele não aceitava o fim, já que temia que a pensão a ser paga pudesse ter um valor muito alto.
“Ela [Vanessa] disse que ia embora com a pequena e que ia fazer a Sophie me odiar e que, se alguma coisa acontecesse com ela, a bebê ficaria com minha cunhada”, disse João.
📍 Onde buscar ajuda em MS
Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos fins de semana.
Além da Deam, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.
☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.
As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os fins de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.
Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.
📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.
⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.
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