Operação Snow: Réu por matar homem a tiros em casa de shows é um dos presos em condomínio de luxo

Emerson Correa Monteiro resistiu a prisão na manhã desta quarta-feira (15)

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Assassinato ocorreu em fevereiro de 2016 em Campo Grande.

Emerson Correa Monteiro, de 38 anos, preso pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial De Repressão ao Crime Organizado) durante a segunda fase da Operação Snow nesta quarta-feira (15) é réu pelo homicídio que vitimou Wellingson Luiz de Jesus Reynaldo Felipe, em uma casa de shows no Jardim Parati, em Campo Grande, em 2016.

Clique aqui para seguir o Jornal Midiamax no Instagram

O réu foi preso com armas e drogas na manhã desta quarta (15) durante cumprimento de mandados da operação. Equipes do Gaeco cumpriram nove mandados de prisão temporária e outros 19 de busca e apreensão na Capital contra um grupo criminoso. 

A prisão aconteceu nas primeiras horas da manhã, quando policiais da Rocam (Rondas Ostensivas com apoio de Motos) do Batalhão de Choque, com servidores do Gaeco, chegaram na residência às 6h.

Segundo o boletim de ocorrência, Emerson resistiu à prisão e foi necessário o uso de força física moderada para contê-lo, o que resultou em lesões nos braços, cotovelos e joelhos. Após ser imobilizado, o alvo foi acomodado em uma cadeira na sala de jantar para que as buscas fossem realizadas.

Durante a revista no imóvel, foram localizados e apreendidos um revólver, marca Rossi, calibre 38 e uma pistola, marca Glock, calibre 9mm.

Drogas também foram encontradas na residência, como três comprimidos de ecstasy e 3,20 gramas de MDMA. Os entorpecentes foram encaminhados para a Denar (Delegacia Especializada em Repressão ao Narcotráfico).

Emerson foi preso em flagrante por posse de arma de fogo de calibre permitido, posse de arma de fogo de calibre restrito, e posse de droga para consumo pessoal. 

Assassinato em 2016

O crime pelo qual Emerson responde vitimou Wellingson Luiz de Jesus Reynaldo Felipe no fim da tarde do dia 9 de fevereiro de 2023. Na época, foi revelado pela polícia que o motivo do homicídio teria sido um desentendimento entre Anderson Anderson Delgado Martins – também réu – e a vítima em 2013, ano em que eles eram amigos e comparsas em crimes na Capital.

De acordo com a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), naquele 9 de fevereiro, Emerson e Anderson teriam ido até a casa de shows com armas de fogo. De moto, a dupla chegou ao local, se apresentou para ser revistada pelos seguranças e sacou as armas.

Logo, os acusados teriam apontado a arma para os seguranças e dito: “Não é com vocês! Saiam daqui”. Depois, enquanto Anderson ficou na portaria rendendo os seguranças, Emerson teria adentrado a casa de shows. 

Assim que viu Wellingson, o acusado teria efetuado diversos disparos de arma de fogo e fugido do local. Wellingson não resistiu aos ferimentos e foi a óbito. 

Dias depois do crime, Anderson se apresentou à polícia e confessou o assassinato. Na época, ele se apresentou acompanhado de um advogado e entregou a pistola Taurus 9mm, que afirmou ter comprado por R$ 3,5 mil.

Outros 8 investigados foram presos pelo Gaeco

Além de Emerson, oito pessoas foram presas durante o cumprimento dos mandados nesta quarta-feira (15). Entre elas está a esposa do empresário Rodney Gonçalves Medina – preso desde a primeira fase da operação deflagrada em março do ano passado contra uma quadrilha que usava viaturas da polícia para transportar cocaína.

A mulher de 33 anos estava em casa, quando foi abordada por equipes do Gaeco, com apoio do Batalhão de Choque da PM (Polícia Militar) no Loteamento Rancho Alegre, em Campo Grande. Na ocasião, os dois filhos do casal estavam no imóvel. Horas após a prisão, a defesa dela entrou com pedido de revogação. Isso porque o advogado Antonio Cesar Jesuino, que representa a defesa da mulher, alegou que ela é mãe de duas crianças, de 3 e 10 anos.

Do outro lado da cidade, no Portal Caiobá, os policiais viram que tinha um único acesso e após várias tentativas de contato, entraram. O homem foi localizado no quarto. Contra ele havia um mandado de busca e apreensão e um mandado de prisão.

(Madu Livramento, Midiamax)

Durante buscas na casa, foi encontrado na gaveta do seu armário, um revólver calibre 38, com seis munições intactas e em outro cômodo 10 munições de revólver calibre 357, também intactas. Ele foi preso e encaminhado para a 6ª Delegacia de Polícia Civil, assim como a arma e as munições.

Operação Snow

A Operação ‘Snow’, que está na segunda fase, deflagrada nesta quarta-feira (15) cumpre, além dos 9 mandados de prisão temporária, outros 19 de busca e apreensão. As ações ocorrem em Campo Grande, Dourados, Ponta Porã e Piratininga, em São Paulo. Entre os alvos estão advogados e policial civil

Equipes do Batalhão de Choque e o Batalhão de Operações Policiais Especiais, prestaram apoio operacional ao Gaeco. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Corregedoria da Polícia Civil também acompanharam as diligências.

A primeira fase da operação aconteceu em março de 2024 a partir da análise do material apreendido, especialmente telefones celulares, revelou que ao menos outras 17 pessoas integram a organização criminosa, alvo dos trabalhos, entre os quais advogados e policial civil.

O líder da organização criminosa monitorava investidas da polícia e cooptava servidores públicos corruptos, o que era feito por meio de advogados.

Os advogados, além da prestação de serviços jurídicos, cooptava agentes públicos para conseguir informações privilegiadas e monitoramento das cargas de drogas, além de serem conselheiros de outros assuntos sensíveis da organização.

Organização criminosa

Segundo o Gaeco, a organização criminosa é extremamente violenta, resolvendo muitas de suas pendências – especialmente as questões relacionadas à perda de cargas de drogas e outros desacertos do tráfico – com sequestros e execuções, muitas vezes de seus próprios integrantes.

O escoamento da droga, como regra da cocaína, era realizado por meio de empresas de transporte, inclusive, descobriu-se, agora, sobre empresas terceirizadas dos Correios.

Durante o transcorrer dos trabalhos foi possível identificar mais 2 toneladas de cocaína da organização criminosa apreendidas em ações policiais.

Trio de quadrilha que transportava cocaína em viaturas da polícia teve liberdade negada 

O trio Rodney Gonçalves Medina, Ademar Almeida Ribas e Adriano Diogo Veríssimo teve a liberdade negada pela Justiça, em outubro do ano passado. O pedido foi negado pelo desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva, tendo sua publicação no Diário da Justiça do dia 14 de outubro.

“Embora a defesa tenha argumentado sobre o tempo excessivo, a complexidade do caso, que envolve múltiplos réus e diversas investigações, justifica a continuidade da prisão preventiva”, diz parte da decisão.

Os advogados de defesa do trio alegaram constrangimento ilegal devido ao excesso de prazo na instrução criminal.

(Reprodução processo)

Viaturas eram alugadas por R$ 80 mil para o transporte da cocaína

As cargas de cocaína que eram transportadas pelos policiais civis Hugo César Benites e Anderson César dos Santos Gomes, de Ponta Porã para Campo Grande, eram desviadas de apreensões feitas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da Polícia Civil. Cada investigador chegava a receber cerca de R$ 80 mil por transporte do entorpecente.

Hugo César Benites estava no Paraguai quando foi deflagrada a Operação Snow, no dia 26 de março de 2024. O investigador se entregou para não ser expulso do país vizinho. Anderson César já estava preso depois de ser flagrado transportando cocaína para o grupo, que, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), é altamente articulado e estruturado com logística sofisticada e divisão de tarefas delineadas. 

Os policiais cooptados pela organização criminosa chegaram a receber, em 21 meses de ‘trabalhos’ para o grupo, o valor de R$ 960 mil, sendo R$ 480 mil para cada um. Ou seja, por transporte, eles chegavam a receber R$ 80 mil.

✅ Siga o Jornal Midiamax nas redes sociais

Você também pode acompanhar as últimas notícias e atualizações do Jornal Midiamax direto das redes sociais. Siga nossos perfis nas redes que você mais usa. 👇

É fácil! 😉 Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar:
InstagramFacebookTikTokYouTubeWhatsAppBluesky e Threads.

💬 Fique atualizado com o melhor do jornalismo local e participe das nossas coberturas!

Conteúdos relacionados