Operação Snow: Mulheres atuavam como ‘laranjas’ para ajudar maridos em organização criminosa
Gaeco denunciou 19 pessoas por envolvimento na organização criminosa após a 2ª fase da Operação Snow
Thatiana Melo, Lívia Bezerra –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Mulheres investigadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) na segunda fase da Operação Snow atuavam como ‘laranjas’ para ajudar seus maridos Rodney Gonçalves Medina e Joesley da Rosa na organização criminosa que usava viaturas da polícia para transportar cocaína.
✅ Clique aqui para seguir o Jornal Midiamax no Instagram
A deflagração da segunda fase da operação aconteceu no último dia 15 deste mês em Campo Grande, Dourados, Ponta Porã e Piratininga, no estado de São Paulo. E nesta quarta (22), o Jornal Midiamax teve acesso a denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), por meio do Gaeco.
Foram 19 investigados denunciados, apontados como especialistas no tráfico de drogas. Isso porque a organização contava com uma extensa rede logística de transporte com base na Capital sul-mato-grossense e escoava a droga de Ponta Porã para outros estados do Brasil, especialmente São Paulo.
Entre os denunciados estão o empresário Emerson Correa Monteiro – preso em um condomínio de luxo na Capital – Rodney e a esposa, o comerciante preso no Portal Caiobá, policiais civis, dois advogados e Joesley – líder da organização criminosa.
Segundo a denúncia, a esposa de Joesley, a companheira de Rodney e a irmã de Luiz Paulo da Silva recebiam e realizavam transações bancárias de valores do tráfico de drogas em suas contas particulares para auxiliar nas atividades do grupo.
Inclusive, as análises no aparelho celular de Joesley apontam que de fevereiro a maio de 2022, foram realizadas 38 transações com a esposa dele. Além disso, a mulher era responsável por registrar em seu nome os veículos usados pela organização criminosa.
Em fevereiro de 2023, ela transferiu um veículo para uma empresa de comércio e transportes. Porém, antes do veículo pertencer a esposa de Joesley, o automóvel era de Jucimar Galvan – preso na primeira fase da operação.
No mesmo dia, a empresa de comércio e transportes transferiu um veículo Scania para a empresa de Luiz Paulo da Silva Santos. Depois, em abril de 2023, a empresa do investigado transferiu o mesmo veículo para a empresa de Bruno Ascari, apontado como motorista de caminhão na organização criminosa.
“Enfim, tudo a reforçar o modus operandi do grupo criminoso, que realizava a transferência dos veículos entre as empresas utilizadas pela organização criminosa, de maneira a dissociá-los dos reais proprietários”, diz trecho da denúncia.
Funções dos investigados na organização criminosa
Entre os denunciados pelo MPMS após a segunda fase da Operação Snow, está um rapaz de 28 anos, que atuava no operacional da organização criminosa. O investigado levava os caminhões aos depósitos, providenciava a obtenção de veículos usados no transporte de drogas e participava da captação de motoristas para atuar na empreitada criminosa.
Já outro preso, de 34 anos, trabalha como coordenador de logística em uma empresa terceirizada dos Correios. Com isso, ele ficava responsável por organizar o transporte dos entorpecentes.
Ainda conforme a denúncia, um homem de 52 anos que trabalhava com técnica em rastreadores era responsável por desativar os aparelhos das companhias de transporte nos caminhões. Como os aparelhos emitem sinais de geolocalização, a ideia era impedir que o veículo fosse rastreado durante o transporte da droga. O criminoso também instalava GPS nos veículos para que o líder da organização pudesse acompanhar o trajeto.
Já o empresário Emerson e outro integrante de 35 anos atuavam como facilitadores. Emerson, inclusive, foi apontado como ‘financiador’ do tráfico. As investigações indicam que a dupla investiu altos valores em dinheiro para custear as cargas de drogas.
Enquanto isso, os dois advogados blindavam os integrantes da organização, de acordo com o MPMS. Além da prestação de serviços jurídicos, a dupla atuava na corrupção de agentes públicos para a obtenção de informações privilegiadas e monitoramento das cargas. Os advogados também eram conselheiros de outros assuntos sensíveis do grupo criminoso.
Por fim, os motoristas da organização criminosa eram seis, entre eles, o comerciante que foi preso na última quarta-feira (15) em casa no Portal Caiobá. Além de transportar os entorpecentes nos veículos, eles também atuavam como batedores.
Operação Snow
E em março do ano passado, foi deflagrada a primeira fase da Operação Snow para que os mandados fossem cumpridos. Na ocasião, Rodney Gonçalves Medina, Ademar Almeida Ribas e Joesley da Rosa foram presos.
Após a prisão de 21 investigados na primeira fase da Operação Snow, foi feita uma análise dos dados extraídos dos aparelhos celulares de Joesley e Rodney.
Com a análise, ficou demonstrado que o grupo é especializado no tráfico de drogas e integrado por 19 pessoas, as quais foram denunciadas após a segunda fase da operação.
Organização criminosa
Segundo o Gaeco, a organização criminosa é extremamente violenta, resolvendo muitas de suas pendências – especialmente as questões relacionadas à perda de cargas de drogas e outros desacertos do tráfico – com sequestros e execuções, muitas vezes de seus próprios integrantes.
O escoamento da droga, como regra da cocaína, era realizado por meio de empresas de transporte, inclusive, descobriu-se, agora, sobre empresas terceirizadas dos Correios.
Durante o transcorrer dos trabalhos foi possível identificar mais 2 toneladas de cocaína da organização criminosa apreendidas em ações policiais.
Trio de quadrilha que transportava cocaína em viaturas da polícia teve liberdade negada
O trio Rodney Gonçalves Medina, Ademar Almeida Ribas e Adriano Diogo Veríssimo teve a liberdade negada pela Justiça, em outubro do ano passado. O pedido foi negado pelo desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva, tendo sua publicação no Diário da Justiça do dia 14 de outubro.
“Embora a defesa tenha argumentado sobre o tempo excessivo, a complexidade do caso, que envolve múltiplos réus e diversas investigações, justifica a continuidade da prisão preventiva”, diz parte da decisão.
Os advogados de defesa do trio alegaram constrangimento ilegal devido ao excesso de prazo na instrução criminal.
Viaturas eram alugadas por R$ 80 mil para o transporte da cocaína
As cargas de cocaína que eram transportadas pelos policiais civis Hugo César Benites e Anderson César dos Santos Gomes, de Ponta Porã para Campo Grande, eram desviadas de apreensões feitas pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) e da Polícia Civil. Cada investigador chegava a receber cerca de R$ 80 mil por transporte do entorpecente.
Hugo César Benites estava no Paraguai quando foi deflagrada a Operação Snow, no dia 26 de março de 2024. O investigador se entregou para não ser expulso do país vizinho. Anderson César já estava preso depois de ser flagrado transportando cocaína para o grupo, que, segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), é altamente articulado e estruturado com logística sofisticada e divisão de tarefas delineadas.
Os policiais cooptados pela organização criminosa chegaram a receber, em 21 meses de ‘trabalhos’ para o grupo, o valor de R$ 960 mil, sendo R$ 480 mil para cada um. Ou seja, por transporte, eles chegavam a receber R$ 80 mil.
✅ Siga o Jornal Midiamax nas redes sociais
Você também pode acompanhar as últimas notícias e atualizações do Jornal Midiamax direto das redes sociais. Siga nossos perfis nas redes que você mais usa. 👇
É fácil! 😉 Clique no nome de qualquer uma das plataformas abaixo para nos encontrar:
Instagram, Facebook, TikTok, YouTube, WhatsApp, Bluesky e Threads.
💬 Fique atualizado com o melhor do jornalismo local e participe das nossas coberturas!
Notícias mais lidas agora
- ‘Tranca calçada’ tem três dias para retirar corrente no Portal Caiobá
- Operação Snow: Mulheres atuavam como ‘laranjas’ para ajudar maridos em organização criminosa
- Em fase de cálculos, novo valor da tarifa deve ser anunciado ainda nesta semana em Campo Grande
- Policial da reserva em ‘surto’ mobiliza Bope e Choque no Parque dos Novos Estados
Últimas Notícias
Liderança do PL na Câmara Municipal está entre Ana Portela e Rafael Tavares, diz Salineiro
Escolha do nome será feita na próxima semana. Tavares evita entrar em detalhes e Portela fala em diálogo
Ana Hickmann quebra o silêncio e fala sobre pagamento de pensão de R$ 15 mil ao ex-marido
Apresentadora fez diversas acusações contra o ex-marido em novo pronunciamento
Empresa de Campo Grande engana clientes com ‘golpe da piscina’ e dá prejuízo de mais de R$ 50 mil
A empresa simulava a venda de piscinas e ‘sumia’ após receber altos valores de pagamento
Justiça Federal devolve direitos políticos da Paper dentro da Eldorado
J&F conseguiu tirar os direitos ao alegar que a Paper estava tomando medidas que prejudicavam a empresa
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.