O músico Caio Nascimento virou réu pelo feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos – assassinada a facadas em casa no dia 12 de fevereiro deste ano no bairro São Francisco, em Campo Grande.
Vanessa foi esfaqueada três vezes pelo músico e ex-noivo e depois encaminhada para a Santa Casa, onde morreu durante a noite. Caio está preso desde o dia do crime e sua defesa insiste em exames para provar que ele estava sob efeito de drogas no momento do crime.
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O músico foi denunciado e indiciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pelo crime de feminicídio. E segundo informações obtidas pelo Jornal Midiamax, o Poder Judiciário recebeu a denúncia nessa quarta-feira (19). Após a denúncia recebida, Caio virou réu pelo feminicídio.
Nesta quinta (20), o Jornal Midiamax noticiou que a Corregedoria concluiu que a polícia seguiu o protocolo de atendimento à jornalista e que as delegadas não erraram.
Áudios de Vanessa apontavam que a jornalista teria ido à Deam durante a madrugada do dia 12 para o registro do Boletim de Ocorrência, voltando na parte da tarde para buscar a medida protetiva. De acordo com o inquérito, todo o fluxograma da Lei Maria da Penha, da Cartilha das Diretrizes da Casa da Mulher foi seguido.
Relatório da Deam
O relatório final da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) aponta as manipulações que Vanessa viveu por parte de Caio. A jornalista não dirigia o próprio carro havia meses, já que Caio estava ‘cuidando’ de sua segurança. “Ele colocou sua vítima em uma bolha de amor e ela começou a se afastar de tudo e de todos. Começou a se abrir menos do seu relacionamento com os amigos e familiares. Vanessa marcou o seu casamento sem contar para ninguém, porque Caio a manipulou”, diz o relatório.
Vanessa chegou a ter de prestar contas de seu dia a dia para Caio, que a controlava como forma de ‘amor’. O músico tinha um esboço da rotina completa da jornalista e ainda a rastreava, para saber onde ela estava.
O músico era quem nos últimos meses respondia às mensagens de Vanessa para os amigos da jornalista. “Ninguém entra em um relacionamento abusivo por vontade própria, pois na maioria das vezes começa aparentando ser o ‘amor da vida’ e muitos questionamentos surgem no sentido de ‘fulana é tão inteligente e bonita aceita estar em um relacionamento assim?’ Justamente porque começa com cara de grande amor. Porém, CAIO NUNCA AMOU VANESSA! Ele fazia com ela uma enxurrada de manipulações”, fala o relatório.
Depoimento da mãe da vítima
A mãe de Vanessa, em seu depoimento na Deam, relatou a dependência emocional de Caio. Ela ainda relatou que não mantinha um bom relacionamento com Caio, pois ele apresentava um comportamento desagradável, com o notório intuito de controlar Vanessa.
Vanessa passou cinco dias em cárcere privado, sem se alimentar antes de sua morte, enquanto Caio usava cocaína, que a jornalista foi obrigada a comprar com seu dinheiro. Antes de ser assassinada a facadas ao retornar para sua casa, a jornalista passou a madrugada com seu carro estacionado em um mercado, onde tinha câmeras de segurança.
“Vanessa estava imersa em um ciclo de violência com fases alternadas entre tensão, agressão e lua-de-mel, quando o agressor se emprenha em agradar, faz juras de amor (CARTAS DO CAIO apreendidas no Inquérito), ele disse que iria mudar, prometeu que foi a última vez. VANESSA estava tão debilitada emocionalmente que acredita no CAIO e não conseguiu sair desse ciclo”, diz o relatório.
Feminicídio
A jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, servidora pública que trabalhava no MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul) morreu na Santa Casa de Campo Grande na noite do dia 12 deste mês, vítima de feminicídio.
Ela foi esfaqueada em casa, no bairro São Francisco, pelo ex-noivo, o músico Caio Nascimento, que foi preso em flagrante logo após o crime. Vanessa foi esfaqueada três vezes na região do tórax e depois levada em estado gravíssimo à Santa Casa, onde veio a óbito.
No dia do crime, o feminicida disfarçou calma e disse que aceitava o fim do relacionamento. Mas o que veio a seguir foram facadas desferidas contra Vanessa.
Vanessa tinha voltado da delegacia, onde foi buscar a medida protetiva contra Caio, que não recebeu a intimação a tempo, quando se deparou com o músico na residência. A jornalista estava na companhia de um amigo, já que havia dispensado, na Deam, o abrigo e a polícia para buscar seus pertences em casa.
Defesa insiste em exames para provar que músico estava sob efeito de drogas
Ainda em fevereiro, a defesa do músico pediu novamente para que exames toxicológicos sejam realizados para identificar que no momento do crime Caio estava sob efeito de drogas.
De acordo com o advogado, Wellington Mendes, “já havíamos feito esse pedido na audiência de custódia, visto que ele ainda se encontrava sob efeito de drogas, agora fizemos ao juiz titular do processo”, disse o advogado.
“Além do que ele é usuário, como amigos e familiares afirmam, inclusive testemunhas do caso”, falou Wellington Mendes. A defesa em seu pedido ainda alegou que: “A medida e sua urgência, se justificam pela capacidade de interferência psíquica do agente, além do risco iminente de perecimento da prova, tendo em vista que substâncias psicoativas, como a cocaína, podem ser eliminadas do organismo, tornando inviável a sua posterior constatação mediante exame toxicológico”.
Antes de matar jornalista a facadas, ex-noivo divulgou fotos
Conforme o relato de Vanessa, o noivo fez postagens, sem que ela soubesse e sem sua autorização, de fotos privadas dela no Instagram. Nas legendas das fotos publicadas por Caio, ele a injuriou, dizendo que a jornalista seria atriz pornô e que estava em uma plataforma de vídeos adultos com vários codinomes.
Conforme o relato de Vanessa, ele usou de subterfúgio para que ela permitisse que ele a fotografasse nua. Segundo ela, o músico teria dito que a jornalista estava com o corpo todo cheio de hematomas.
Criminoso tinha 11 passagens pela Polícia
Caio acumulava 11 registros por violência doméstica. Os boletins de ocorrência de violência doméstica começaram a ser registrados em 2020.
Em um dos casos, uma ex-namorada foi parar na Santa Casa depois de ser agredida pelo músico. A ex-namorada agredida teve queimaduras no rosto e braços, do que parecia ser fricção no asfalto.
A filha da vítima na época relatou que a mãe foi agredida pelo seu ex-namorado na casa dele e que teria pego um motorista de aplicativo até sua casa, momento em que o ex-namorado chegou pilotando uma motocicleta logo atrás da vítima. Ela, então, ligou para a polícia e o agressor fugiu do local.
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