O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) solicitou ajuda financeira do mecânico David Lopes Queiroz no tratamento da criança de 12 anos, sobrevivente do acidente que matou família na BR-060, em Campo Grande.
O acidente que tirou a vida de Drielle Leite Lopes e seus três filhos: Helena Leite Saraiva, de 10 anos, João Lúcio Leite Saraiva, de 2, e o pequeno José Augusto Saraiva, de apenas 3 meses, ocorreu no dia 6 de abril deste ano.
Nesta segunda-feira (30), quase três meses depois da tragédia, testemunhas de acusação foram ouvidas na primeira audiência do caso, no Fórum Heitor Medeiros, em Campo Grande.
Na presença do mecânico, acompanhado de seu advogado, Pedro Paulo Sperb, o MPMS solicitou que David ajude financeiramente nos gastos do tratamento médico da criança sobrevivente. Isso porque o pai do menino, Oldiney Centurion Saraiva, relatou na audiência as dificuldades que tem enfrentado nos últimos meses referente ao seu tratamento.
Segundo ele, são gastos que giram em torno de R$ 10 mil, com medicamentos e tratamento, como terapia, enfermeira, maca e cadeira de rodas.
“Não há dúvidas, por hora, que ele foi o responsável pela morte dessas vítimas. Essa vítima [sobrevivente] não pode esperar para o final do processo que tenha ressarcimento. O MPMS quer que seja deferido, ao menos cinco pagamentos de fraldas, cadeiras de rodas, maca e enfermeira”, argumentou o MPMS.
No entanto, a defesa do mecânico se manifestou contrário ao pedido, alegando que o cliente não tem condições de arcar com os gastos. “Essa defesa entende que os fatos ainda estão em apuração e as provas estão sendo produzidas. Requer uma decisão contrária, hipossuficiência”, disse o advogado Pedro Paulo Sperb.
Diante disso, o juiz de Direito, Aluizio Pereira dos Santos, informou que irá analisar o requerimento para decidir em momento oportuno.

Audiência
Em depoimento na primeira audiência do caso no Fórum Heitor Medeiros, em Campo Grande, o irmão do acusado negou que tenha afirmado que o rapaz usou drogas antes do acidente. Ele explicou que falou que o mecânico estava fazendo tratamento no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial).
“Se não me engano era umas 7h30 que eles [PRF] chegaram perguntando do meu irmão. Saiu muita coisa no jornal que eu não falei, que ele estava usando droga. Eu falei que ele estava fazendo tratamento no CAPS, há mais ou menos seis meses ele estava em tratamento”, afirmou.
A passageira do caminhão envolvido no acidente também foi uma das pessoas ouvidas na audiência desta segunda-feira (30). Lucimar Gomes Vieira e Valdemir Lopes dos Santos seguiam no caminhão, no sentido Sidrolândia a Campo Grande. O caminhão foi atingido pelo Corsa conduzido pelo mecânico David Lopes Queiroz naquele 6 de abril.
Ao juízo, Lucimar disse o que vivenciou naquele dia. “Ele invadiu a pista contrária. Quando apareceu na curva, já estava na nossa mão, em alta velocidade. Eu fechei o olho e comecei a chamar por Deus”, relatou.
Quem também prestou depoimento foi a equipe policial que atendeu a ocorrência naquele dia 6 de abril. Na ocasião, uma PRF (Policial Rodoviária Federal) afirmou que o mecânico não tinha CNH (Carteira Nacional de Habilitação) na categoria B.
Portanto, não era habilitado para dirigir o carro envolvido no acidente naquele domingo, 6 de abril. “Ele não tinha categoria B, somente A para motocicleta”, revelou a PRF Caroline de Carvalho Mota.
Já Oldiney Centurion Saraiva começou seu depoimento relembrando que desmaiou após o acidente. Naquela noite de 6 de abril, faleceram Drielle, Helena Leite Saraiva, de 10 anos, João Lúcio Leite Saraiva, de 2, e o pequeno José Augusto Saraiva, de apenas 3 meses.
O pai explicou que se recorda apenas do dia em que acordou na casa de um familiar e seu médico acredita que tenha ocorrido um bloqueio emocional.
“Nós estávamos vindo embora, eu estava vindo com a minha família. Chegando em uma curva, eu acredito que era um caminhão que estava vindo na curva e o rapaz estava ultrapassando, e eu não vi nada. Eu só me lembro três dias depois, na casa do meu primo acordando, eu não lembro do velório, nem do enterro. O médico psiquiatra acha que pode ter ocorrido um bloqueio emocional”, falou.
Acidente na BR-060
Informações passadas para o Jornal Midiamax na época do acidente são de que o médico que atendeu a ocorrência atestou que o motorista do Corsa estava embriagado, mas não foi feito o teste do bafômetro. A suspeita para o acidente é uma tentativa de ultrapassagem malsucedida.
O veículo Corsa teria tentado ultrapassar uma carreta, mas não conseguiu, já que a Saveiro vinha na direção contrária. Nesse momento, ao tentar retornar para pista, bateu na lateral da carreta e acabou atingindo a Saveiro.
O motorista do Corsa não usava cinto de segurança e foi arremessado para fora do carro, socorrido com múltiplas fraturas. Em seguida, o carro caiu no barranco e pegou fogo.
O motorista da carreta contou que o Corsa estava em alta velocidade e não conseguiu evitar o acidente.

Cortejo marcado por dor e revolta
Revolta, choro, estado de choque. Assim foi a despedida de Drielle Leite Lopes e seus três filhos: Helena Leite Saraiva, de 10 anos; João Lúcio Leite Saraiva, de 2 anos; e o pequeno José Augusto Saraiva, de apenas 3 meses. A mãe de Drielle estava em estado de choque durante o velório, que aconteceu na Câmara de Vereadores da cidade.
O marido de Drielle teve de ser amparado por amigos e familiares durante a despedida da esposa e dos filhos. O bebê de 3 meses foi velado com caixão fechado. “Em relação ao acidente, eu quero a justiça. Não vai trazer de volta, mas que não aconteça com outros. Porque não foi um acidente, foi uma tragédia, provocada por um ser embriagado, que não pensa na consequência do que vai dar. Destruiu, destruiu muitas famílias”, disse Aucelia Gomes, sogra de Drielle.
Na época, a família tinha ido passar o fim de semana em Sidrolândia para visitar a mãe de Drielle e contar a novidade da compra da casa própria que o casal havia conquistado há uma semana, em Campo Grande. “Eles [nora e netos] eram amor, família unida, um pelo outro. Era assim, só brincando, ia para o mercado brincando. Eu ia lá e não sabia o que fazia, colocou o nome de dois filhos, por mim, José e João”, disse Aucelia.
Já sobre o filho, marido de Drielle, a mulher contou que, emocionalmente, ele está destruído. “Os ferimentos não foram muitos, mas o emocional está destruído. Ele até falou que não quer mais viver, mas tem outro filho, né? Nós vamos dar muita força para ele, e Deus já está segurando a mão dele. Nós vamos nos unir um pelo outro”, falou.
O neto de 12 anos que sobreviveu ao acidente continua internado e já teria passado por cinco cirurgias desde o acidente. “Vai ser um tratamento longo, doloroso, mas ele está fora de perigo. Quebrou os dois fêmures, os dois braços e o maxilar”, contou Aucelia.
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