O motociclista, de 24 anos, envolvido no desentendimento no trânsito com um policial civil, de 46 anos, teria discutido com um familiar antes dos fatos na tarde dessa segunda-feira (24). Ele – que tem várias passagens pela polícia – foi autuado em flagrante, mas ganhou a liberdade nesta terça (25) em audiência de custódia.
Segundo o relatório das investigações feitas no local, um familiar do motociclista disse à polícia que o jovem teria um perfil agressivo. O familiar também revelou que naquela tarde o motociclista teria se envolvido em uma discussão acalorada e intensa com outro parente, antes do desentendimento com o policial.
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Após a discussão, o jovem teria saído pilotando a motocicleta, mesmo sem ter CNH (Carteira Nacional de Habilitação), segundo contou o familiar aos policiais. Por fim, o parente ainda teria se manifestado ao ver as imagens do desentendimento entre o motociclista e o policial. “Quem procura acha”, teria dito.
Ainda no local, moradores relataram que o motociclista é conhecido na região e reafirmaram sobre o perfil agressivo dele. Foi relatado aos policiais que o jovem realiza tráfico de drogas na região e usa a técnica do medo, imprimindo terror aos populares que o denunciarem.
Policial é o mesmo que deu ‘passeio’ com preso em 2013
O policial envolvido no desentendimento nessa segunda-feira (24) foi afastado até a apuração dos fatos. Ele é o mesmo indicado no caso de peculato, ameaça, desacato e desobediência em novembro de 2013, em Campo Grande. Na época, ele foi acusado de tirar um preso de uma cela de delegacia e, juntos, em uma viatura, saírem ameaçando com uma arma.
De acordo com a Polícia Civil, na época, o investigador foi preso por policiais do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) e da PM (Polícia Militar), após denúncias que ocupantes de um veículo Logan de cor preta ameaçavam pessoas na rua com uma arma de fogo.
Com a placa do veículo que foi informada pelos moradores, os policiais constataram que se tratava de uma viatura da Polícia Civil e pertencente à 7ª Delegacia de Polícia da Capital. Assim que a viatura da Polícia Militar foi avistada, o veículo fugiu.
No veículo, estava o policial, e na condução, Ryan Douglas Wehner Vieira. Ryan foi condenado a 14 anos de prisão no dia 14 de março, por disputar um racha na Avenida Duque de Caxias que resultou na morte de Marcus Vinícius Henrique de Abreu, de 22 anos.
Liberdade provisória de motociclista
Nesta terça-feira (25), durante audiência de custódia, o juiz de Direito, Luiz Felipe Medeiros Vieira, determinou a liberdade do motociclista envolvido no desentendimento no trânsito com o policial civil. Como o jovem ainda está internado na Santa Casa, ele não foi levado ao fórum.
Portanto, a audiência ocorreu somente com a presença da Defensoria Pública, que representa a defesa dele, do magistrado e da promotoria do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).
Durante a audiência, o juiz pontuou que não estão preenchidos os requisitos para a decretação da prisão preventiva do motociclista. “Não há indícios de que a colocação do(a) custodiado(a) em liberdade possa prejudicar o andamento da instrução criminal ou a aplicação da lei penal futura. Por isso, concedo a liberdade provisória, uma vez que o crime é sem violência ou grave ameaça, limitando-se a danos patrimoniais“, determinou.
Motociclista teria tentado empinar moto e desrespeitado sinalização
Segundo o boletim de ocorrência obtido pela reportagem do Jornal Midiamax, o policial relatou que estava indo até uma oficina com uma viatura descaracterizada para fazer a troca de uma das rodas do veículo.
Contudo, ao passar pelo cruzamento das ruas Travessa Rick Nelson com a Maria das Dores Soares, ele teria visto o motociclista em alta velocidade conduzindo uma Titan. Conforme o registro, o policial disse que o motociclista aparentava tentar empinar a moto.
Em determinado momento, o motociclista quase bateu contra a viatura descaracterizada e interceptou o veículo, que era conduzido pela via preferencial. Em seguida, o motociclista teria desrespeitado a placa de ‘Pare’ e tentado fazer uma conversão à esquerda.
Logo, o policial pediu que o motociclista tivesse mais cuidado com a sinalização e o modo como conduzia a moto. Entretanto, o motociclista teria proferido xingamento contra o policial, o chamando de ‘comédia’.
Diante dos fatos, o policial deu ordem para que o motociclista levantasse a camiseta, mas ele não obedeceu. Então, foi ordenado que ele apresentasse sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação), bem como o documento do veículo, mas o homem também não obedeceu.
‘Meu tio é do choque’, teria dito motociclista
Ainda de acordo com o registro policial, o motociclista teria desacatado o servidor e o chamou novamente de ‘comédia’. Nisso, o policial ordenou que ele fosse para a parede, com a intenção de revistá-lo, mas o motociclista negou novamente e a todo momento tentava retirar o veículo do local.
Na ocasião, o motociclista passou a ofender o servidor novamente e disse que tem familiar policial. “Sabe de quem sou parente, meu tio é do choque”, teria dito o motociclista, conforme boletim de ocorrência.
Depois, no momento em que o policial tentava empurrar o motociclista em direção à parede, o homem passou a resistir e desferiu capacetadas contra ele e um dos vidros da viatura. Diante das tentativas, o policial efetuou o disparo de arma de fogo contra a perna do motociclista, que caiu ao chão.
Logo, uma enfermeira que passava pelo local prestou os primeiros atendimentos ao motociclista e o policial acionou o socorro. Em seguida, o Corpo de Bombeiros chegou ao local e encaminhou o motociclista para a Santa Casa.
Na ocasião, a Polícia Civil e a Perícia também foram acionadas para investigar os fatos. O policial envolvido na ocorrência foi afastado das atividades até a apuração dos fatos, que serão investigados pela Corregedoria da Polícia Civil.
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