Justiça pode excluir da Polícia Militar de MS tenente-coronel condenado na Máfia dos Cigarreiros

Admilson Barbosa teria recebido R$ 200 mil em propina para facilitar o contrabando

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Mesmo condenado, Tenente-Coronel Admilson continua recebendo R$ 31 mil por mês (Arquivo, Jornal Midiamax)

O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) ingressou com ação na Justiça pedindo a exclusão dos quadros da PMMS (Polícia Militar de MS) do tenente-coronel Admilson Cristaldo Barbosa. Ele foi condenado com a Máfia dos Cigarreiros a pena de 4 anos, 9 meses e 18 dias no regime semiaberto, com trânsito em julgado em fevereiro de 2022, ou seja, sem possibilidade de novos recursos.

Há um ano, sete presos na ação contra o grupo criminoso foram excluídos dos quadros da PM após decisões judiciais.

Assim, o MPMS lembra que a condenação de Admilson por corrupção passiva e promover, constituir, financiar e integrar organização criminosa cometidos entre abril de 2016 e maio de 2018. Tudo foi investigado no contexto da Operação Oiketicus.

Então, o MP aponta que “sua permanência nas fileiras da Polícia Militar representa um inegável risco à hierarquia militar, uma vez que se admitiria um criminoso como superior hierárquico de dezenas de Majores, Capitães e Tenentes, os quais devem ter como superior um exemplo íntegro e respeitável de policial militar”.

Atualmente, o tenente-coronel está na reserva da PM e recebe remuneração de R$ 31.688,71.

Em nota enviada à reportagem, o advogado Jail Azambuja, que defende o tenente-coronel, afirmou que a ação para exclusão do oficial da PM é ‘infundada e equivocada’. Confira na íntegra: “Em relação à representação referida na reportagem, a defesa do Tenente Coronel Admilson informa que o Ministério Público em 2º grau se equivocou, porque o policial militar ingressou com revisão criminal, na qual restou absolvido da acusação formulada, inclusive a revisão já conta com trânsito em julgado, a despeito do recurso do próprio Ministério Público. Portanto, a ação é absolutamente infundada e equivocada”.

Leia também – PM que recebeu R$ 200 mil em propina da máfia dos cigarreiros tem HC negado no STF

Máfia dos Cigarreiros

A primeira fase da Operação Oiketikus foi desencadeada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) e pela Corregedoria Geral da Polícia Militar em 2018.

Na operação, foram presos 29 policiais, que foram denunciados por corrupção passiva e organização criminosa, por integrarem a chamada Máfia dos Cigarreiros.

As investigações iniciaram em abril de 2017 e apontaram que policiais militares de Mato Grosso do Sul davam suporte ao contrabando, mediante pagamento sistemático de propina. Com isso, eles interferiam na fiscalização de caminhões carregados de cigarros.

Isso, para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos. Os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015, estruturalmente ordenados e com divisão de tarefas. As atividades eram desenvolvidas em dois grandes núcleos.

*Atualizada às 14h40 para acréscimo de nota da defesa do tenente-coronel Admilson

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