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Polícia

Crise e pedidos de afastamentos não atrapalham atendimento na Deam, garante Sejusp

Duas delegadas que atenderam Vanessa pediram demissão após áudios divulgados pela imprensa
Lívia Bezerra -
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Deam (Nathalia Alcântara, Arquivo Midiamax)
Deam. (Nathalia Alcântara, Arquivo Midiamax)

A crise que a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) enfrenta e os pedidos de afastamentos de duas delegadas após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte – morta a facadas pelo ex-noivo Caio Cesar do Nascimento Pereira no último dia 12 – não atrapalharam os atendimentos na especializada nesta terça-feira (18). 

Recentemente, áudios gravados por Vanessa e enviados para uma amiga apontaram descaso e erros no atendimento recebido por ela na Deam. A jornalista diz que foi tratada de maneira ‘fria e seca’ na especializada, além de orientações desencontradas. 

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Desde o feminicídio de Vanessa, a especializada enfrenta uma crise institucional. Isso porque, inicialmente, em entrevista coletiva, a delegada titular da Deam, Elaine Benicasa, disse para toda imprensa campo-grandense que teria oferecido escolta, mas a jornalista teria ‘rejeitado’.

Contudo, os áudios gravados por Vanessa apontaram que pouco antes de ser assassinada, ela esperava ‘chegar com a polícia’ para tirar o assassino da casa dela naquela quarta-feira (12). Logo que os áudios foram divulgados, a reportagem do Jornal Midiamax recebeu inúmeros casos de revitimização enfrentados por mulheres que buscaram ajuda na especializada.

À reportagem do Jornal Midiamax, a Sejusp/MS (Secretária de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) informou, em nota, nesta terça-feira (18), que não foram formalizados novos pedidos de transferências de profissionais que atuam na Deam. 

Mesmo em meio a crise institucional, a secretaria disse que o atendimento continua sendo realizado de forma regular na especializada. Além disso, afirmou que a apuração dos fatos que envolvem o atendimento à jornalista naquele 12 de fevereiro será concluída em um mês. 

Confira a nota na íntegra:

“A Secretária de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul informa que não foram formalizados novos pedidos de transferência de delegadas que atuam na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam). A Sejusp esclarece que o atendimento permanece sendo realizado regularmente na Deam, com funcionamento 24 horas por dia e oferecimento de todos os serviços de atribuição da unidade. Em tempo, a apuração dos fatos que envolvem o atendimento à jornalista Vanessa Ricarte, vítima de feminicídio, será concluída em 30 dias.”

Delegadas que atenderam Vanessa pediram para deixar Deam

As delegadas Lucélia Constantino e Riccelly Donha, que atenderam a jornalista Vanessa Ricarte horas antes do seu feminicídio, pediram para deixar a unidade após repercussão do atendimento à jornalista.

Também a titular, Elaine Benicasa, colocou o cargo à disposição até que as investigações sejam concluídas na Casa da Mulher Brasileira. A informação foi dada em reunião sobre o assunto, na Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira (18).

Após reunião com o secretário da Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), Carlos Videira, e a ministra da Mulher, Cida Gonçalves, a delegada Riccelly Maria Albuquerque Donhas, que registrou o boletim de ocorrência feito por Vanessa horas antes da morte, pediu para sair da unidade após a repercussão dos áudios da vítima.

Quem mandou a jornalista ‘conversar’ com assassino horas antes do crime?

O que a Polícia Civil ainda afirma, desde coletiva de imprensa realizada na Deam após a morte de Vanessa, é que a vítima procurou a delegacia mais de uma vez. Ou seja, teria registrado o boletim de ocorrência de madrugada e voltado na delegacia à tarde.

No entanto, não foi apresentado até o momento documento oficial que comprove que Vanessa buscou a delegacia à tarde ou o que ela solicitou. Assim, enquanto as autoridades se calam, o episódio segue nebuloso.

Também não há registro sobre qual delegada teria destratado a jornalista, que em áudio enviado pelo WhatsApp retrata o horror que passou no atendimento momentos antes de ser assassinada.

O Conselho de Ética da Adepol-MS, bem como a diretoria, se mantêm calados sobre a apuração das supostas falhas operacionais e técnicas que podem ter sido cometidas no episódio.

Também não se comentam os questionamentos sobre como delegadas apontadas como inexperientes, que ainda estão no estágio probatório, deixaram o interior e chegaram até a Deam, delegacia especializada que exige experiência e vocação, segundo delegadas mesmo disseram ao Jornal Midiamax.

Reclamação não é isolada

Humilhação, deboche e falta de acolhimento. Essas são algumas das características apontadas em relatos sobre atendimentos na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de MS) realizados há pelo menos quatro anos na Casa da Mulher Brasileira em Campo Grande. Áudios de Vanessa Ricarte sobre atendimento na quarta-feira (12) mostram que o descaso e erros grosseiros seguem presentes na Deam.

Vanessa detalhou o atendimento na Delegacia Especializada: “bem fria e seca”. A jornalista buscou amparo e denunciou o ex-noivo, Caio Nascimento, pouco tempo antes de ser vítima de feminicídio na própria casa. Ela foi morta a facadas.

Neste domingo (16), a jornalista completaria 43 anos ao lado de amigos e familiares. Agora, deixa memória de carreira brilhante e independência, além das denúncias em gravação de voz.

Confira os áudios de Vanessa:

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