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Polícia

Com 15 feminicídios, Mato Grosso do Sul ocupa topo do ranking no país

Segundo relatório, 1859 mulheres foram vítimas de feminicídio em 2024
Thatiana Melo -
Mulheres vítimas de feminicídio em MS

ocupa o topo do ranking em uma triste estatística: em casos de no país. Os dados são do Lesfem (Laboratório de Estudos de Feminicídios) e abordam a taxa por 100 mil mulheres por estado da federação.

O último caso registrado em Campo Grande foi o de Vanessa Eugênia e de sua filha, a bebê de 10 meses, Sophie Eugênia, mortas no dia 26 de maio. Já na última sexta-feira (6), Eliane Guanes morreu após ter o corpo queimado, em Corumbá.

No ranking dos estados brasileiros, MS ocupa o primeiro lugar com 12,6%, seguido de Mato Grosso com 11,6% e Rondônia com 11,3%. Logo depois, figura Acre, com 8,9%, e Roraima, com 7,1%. Os dados foram analisados de janeiro a dezembro de 2024.

Conforme os dados, em 2024 foram 1.859 mulheres vítimas de feminicídio, sendo 2.286 mulheres vítimas de tentativa de feminicídio. Ainda conforme o estudo, o domingo é o dia da semana em que feminicidas mais cometem o crime, logo depois vem o sábado.

A arma branca, como faca e canivete, são as mais usadas pelos feminicidas. Já a arma de fogo vira segunda opção dos agressores. Nos feminicídios consumados, a faca foi usada 774 vezes, enquanto a arma de fogo 391 vezes. 

Dados da Sejusp (Secretaria de Estado e Segurança Pública) indicam que, desde janeiro até maio, foram 13 feminicídios no Estado. Em , três mulheres foram vítimas deste crime, sendo as outras 10 vítimas em cidades do interior. 

Em 2024, os dados apontam que 35 mulheres foram vítimas de feminicídio em Mato Grosso do Sul, sendo que na Capital 11 mulheres foram assassinadas. 

Mato Grosso do Sul está entre estados com maior índice do crime

Sophie Eugênia, mulher mais jovem vítima de feminicídio

A condição de mulher foi o ponto para que Sophie Eugênia, de apenas 10 meses, fosse vítima de feminicídio, morta pelo próprio pai, João Augusto de Almeida, de 21 anos. Ela pode ser a mulher mais jovem do Brasil a morrer por este crime, sendo a mais jovem do Estado.

O delegado Rodolfo Daltro que atendeu ao caso foi enfático. “Se ela (Sophie) fosse um menino não teria morrido”. Sophie Eugênia foi esganada e teve o corpo queimado junto da mãe. Levantamentos feitos pelo Midiamax é de que o crime cruel acabou transformando a bebê na mulher mais jovem a ser vítima do crime de feminicídio, que foi tipificado em 2015. 

O menosprezo pela condição de mulher, foi o que tornou Sophie Eugênia a mulher mais jovem vítima do crime.

Bebê Sophie, em foto compartilhada no seu Instagram (Foto: redes sociais)

‘Odeio ela’, disse pai de Sophie

Foram pouco mais de 36 minutos de depoimento em que João Augusto de Almeida, de 21 anos, detalhou de forma fria, sem demonstrar arrependimento, como ocorreram os assassinatos de Vanessa Eugênia e da bebê Sophie Eugênia, que tiveram os corpos carbonizados, em Campo Grande. João foi preso na terça-feira (27), quando registrava um boletim de ocorrência pelo desaparecimento de mãe e filha.

O depoimento foi prestado ao delegado Rodolfo Daltro, titular da DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa). João falou sobre o começo do relacionamento entre ele e Vanessa, quando se conheceram em um aplicativo de relacionamento e passaram a morar juntos, com dois meses de namoro.

Quando questionado sobre como era o relacionamento, João disse que era conturbado, que havia muitas brigas, discussões, que era ciumento e Vanessa não aceitava os pedidos de mudança de comportamento.

Quando Vanessa ficou grávida, João disse ter aceitado a gravidez, mas, depois que Sophie nasceu, ele revelou que passou a ter raiva da filha. Disse ter ódio quando a bebê completou dois meses. “Se eu não tivesse matado ela [Sophie], eu teria doado”.

Apesar de não estar sob efeito de nenhuma droga, João não demonstrou remorso algum pelos crimes. Ele ainda falou que Vanessa queria se separar logo após o nascimento da bebê, mas ele não aceitava o fim, já que temia que a pensão a ser paga pudesse ter um valor muito alto.

“Ela [Vanessa] disse que ia embora com a pequena e que ia fazer a Sophie me odiar e que, se alguma coisa acontecesse com ela, a bebê ficaria com minha cunhada”, disse João. 

Eliana teve corpo queimado

Durante a prisão do autor do 15º caso de feminicídio em Mato Grosso do Sul, Lourenço de Xavier, de 54 anos, afirmou que a motivação do crime teria sido duas discussões que teve anteriormente com a vítima. Eliana Guanes, de 59 anos, teve o corpo incendiado, não resistiu aos ferimentos e morreu após dar entrada na Santa Casa de Campo Grande.

O feminicida foi preso no mesmo dia por equipes do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), na sexta-feira (6), enquanto se escondia em uma fazenda vizinha, após fugir da cena do crime, ocorrido na Fazenda São Paulino, onde ambos trabalhavam. Conforme o boletim de ocorrência, o autor estava dormindo em um alojamento usado por trabalhadores rurais, mas não ofereceu resistência à prisão.

No depoimento prestado à polícia, Lourenço confirmou ter jogado gasolina sobre Eliana e ateado fogo utilizando um cigarro aceso. Ele negou ter um relacionamento afetivo com a vítima e informou que a motivação teria sido uma discussão entre ele e Elaina, no dia do crime e em situações anteriores. O caso está classificado como feminicídio, uma vez que a motivação envolve o menosprezo à condição de mulher da vítima.

📍 Onde buscar ajuda em MS

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.

Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.

☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180 é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.

As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.

Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.

📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.

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