Pular para o conteúdo
Polícia

Caso Vanessa: Secretaria nega que Guarda tenha sido acionada para acompanhar jornalista em casa

Corregedoria da Polícia Civil concluiu que delegadas não erraram no atendimento a jornalista
Thatiana Melo -
Vanessa Ricarte morava em Campo Grande (Foto: Redes sociais)

No dia em que a jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, foi assassinada a facadas pelo ex-noivo, Caio Nascimento, relatório da Polícia Civil aponta que a Guarda Civil Metropolitana foi comunicada para acompanhamento da jornalista até em casa para a retirada de pertences pessoais da residência. Caio virou réu pelo feminicídio de Vanessa.

De acordo com o apontado no relatório, Vanessa foi até a (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), na madrugada do dia 12, para o registro do boletim de ocorrência, voltando na parte da tarde até a delegacia para buscar a medida protetiva, sendo que conforme o relatório, a Guarda Civil Metropolitana comunicada sobre possível acompanhamento da jornalista até sua residência às 16h44, mas não ocorreu, já que o oficial de Justiça não efetivou pedido para que os agentes fizessem o trabalho. A medida protetiva foi concedida a Vanessa pouco depois das 11 horas da manhã do dia 12 de fevereiro.

Conforme relatório final da Corregedoria foi concluído que as delegadas seguiram todos os protocolos, todo o fluxograma teria sido cumprido. Em relação à Guarda, a Semu negou registro de solicitação para acompanhamento de Vanessa a sua casa.

“A Secretaria Executiva da Mulher (Semu) esclarece que essas alegações não procedem, uma vez que não há registro de qualquer solicitação por parte da vítima. A Semu reafirma o compromisso com a proteção e o acolhimento de mulheres em situação de violência, garantindo atendimento humanizado e suporte necessário para sua segurança e bem-estar”.

Delegadas não erraram

A Corregedoria da Polícia Civil concluiu o inquérito sobre os protocolos seguidos no caso do feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos, em fevereiro deste ano, pelo músico Caio Nascimento, pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Segundo o relatório da Corregedoria, todos os protocolos foram seguidos, apesar do governador apontar falhas. O inquérito segue em sigilo.

Áudios de Vanessa apontavam que a jornalista teria ido à Deam durante a madrugada do dia 12 para o registro do Boletim de Ocorrência, voltando na parte da tarde para buscar a medida protetiva. De acordo com o inquérito, todo o fluxograma da Lei Maria da Penha, da Cartilha das Diretrizes da Casa da Mulher foi seguido.

Informações obtidas pelo Jornal Midiamax são de que o inquérito da Corregedoria traz que ‘não houve quebra do protocolo’ na Casa da Mulher, e nem das delegadas que atenderam a jornalista. A falha seria atribuída à demora na notificação de Caio Nascimento pela Justiça. Vanessa não teria relatado todo o problema, como ter sido mantida em cárcere privado.

Grupo técnico para analisar 6 mil BOs

Após o caso Vanessa, foi determinado um e um Grupo Técnico foi criado para revisar cerca de 6 mil boletins de ocorrência da Deam. No dia 17 deste mês, foi firmado um convênio com o Governo para que policiais civis e militares façam a intimação de agressores de mulheres, no caso de medidas protetivas, como maneira de dar celeridade ao processo.

A duração do acordo é de 5 anos e prevê que intimações, determinações de afastamento do agressor do lar e mandados de prisão poderão ser executados de forma imediata pelos policiais. Monitoramento de resultados, definição de metas, capacitação de policiais e destinação de recursos para a execução das medidas protetivas estão entre as obrigações assinadas.

Além do acordo, quatro escrivães foram designados para a Deam, como também mais uma delegada para assumir os plantões na delegacia.

Relatório da Deam

O relatório final da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) aponta as manipulações que Vanessa viveu por parte de Caio. A jornalista não dirigia o próprio carro havia meses, já que Caio estava ‘cuidando’ de sua segurança. “Ele colocou sua vítima em uma bolha de amor e ela começou a se afastar de tudo e de todos. Começou a se abrir menos do seu relacionamento com os amigos e familiares. Vanessa marcou o seu casamento sem contar para ninguém, porque Caio a manipulou”, diz o relatório.

Vanessa chegou a ter de prestar contas de seu dia a dia para Caio, que a controlava como forma de ‘amor’. O músico tinha um esboço da rotina completa da jornalista, que ainda era rastreada por Caio, para saber onde estava.

O músico era quem nos últimos meses respondia às mensagens de Vanessa para os amigos da jornalista. “Ninguém entra em um relacionamento abusivo por vontade própria, pois na maioria das vezes começa aparentando ser o ‘amor da vida’ e muitos questionamentos surgem no sentido de ‘fulana é tão inteligente e bonita aceita estar em um relacionamento assim?’ Justamente porque começa com cara de grande amor. Porém, CAIO NUNCA AMOU VANESSA! Ele fazia com ela uma enxurrada de manipulações”, fala o relatório.

A mãe de Vanessa, em seu depoimento na Deam, relatou a dependência emocional de Caio. Ela ainda relatou que não mantinha um bom relacionamento com Caio, pois ele apresentava um comportamento desagradável, com o notório intuito de controlar Vanessa.

Vanessa passou cinco dias em cárcere privado, sem se alimentar antes de sua morte, enquanto Caio usava cocaína, que a jornalista foi obrigada a comprar com seu dinheiro. Antes de ser assassinada a facadas ao retornar para sua casa, a jornalista passou a madrugada com seu carro estacionado em um mercado, onde tinha câmeras de segurança.

“Vanessa estava imersa em um ciclo de violência com fases alternadas entre tensão, agressão e lua-de-mel, quando o agressor se emprenha em agradar, faz juras de amor (CARTAS DO CAIO apreendidas no Inquérito), ele disse que iria mudar, prometeu que foi a última vez. VANESSA estava tão debilitada emocionalmente que acredita no CAIO e não conseguiu sair desse ciclo”, diz o relatório. 

Feminicídio

A jornalista Vanessa Ricarte era servidora pública no MPT-MS (Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul). Ela foi esfaqueada três vezes na região do tórax e depois levada em estado gravíssimo à Santa Casa, onde veio a óbito.

No dia do crime, o feminicida disfarçou calma e disse que aceitava o fim do relacionamento. Mas o que veio a seguir foram facadas desferidas contra Vanessa.

Vanessa tinha voltado da delegacia, onde foi buscar a medida protetiva contra Caio, que não recebeu a intimação a tempo, quando se deparou com o músico na residência. A jornalista estava na companhia de um amigo e foi ao local para buscar seus pertences.

Na madrugada do dia da morte de Vanessa, ela foi até a Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), acompanhada de um amigo, para registrar um boletim de ocorrência por agressão contra Caio e pedir medida protetiva.

No período da tarde, ela foi até sua casa, acompanhada do mesmo amigo, para pegar seus pertences. Chegando à residência, ela foi esfaqueada por Caio. O caso ganhou repercussão após áudios gravados por Vanessa horas antes de morrer apontarem descaso e erros no atendimento que ela recebeu quando procurou ajuda na Casa da Mulher Brasileira. 

📍 Onde buscar ajuda em MS

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.

Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.

☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180, é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.

As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.

Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.

📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Após emagrecer, MC Binn relata abandono da maconha: ‘Dava fome pra caramba’

Peça teatral marca programação da Temporada Sucata Cultural em Dourados

Vander lança candidatura a presidência do PT e quer dialogar com evangélicos

Motorista que atropelou e matou venezuelano na BR-163 se apresenta à polícia e é liberado

Notícias mais lidas agora

Com duas mortes em maio, MS chega a 10 vítimas de feminicídio em 2025

multas transporte

STJ manda Consórcio Guaicurus pagar R$ 86 mil em multas por atrasos nas linhas

Nikolas Ferreira diz que 70% das menções ao agro são negativas e está fazendo ‘trabalho gigantesco’ para fortalecer setor

Motociclista de 42 anos morre após acidente em avenida de Caarapó

Últimas Notícias

Polícia

‘Tanta maldade’, diz familiar de pintor, torturado e morto em casa no Guanandi

Israel será sepultado na tarde deste sábado (17) em Campo Grande

Famosos

Irmã de Neymar termina com Gabigol e motivo vem à tona; saiba detalhes

Irmã de Neymar, Rafaella Santos toma decisão drástica e termina com o jogador de futebol Gabigol; confira o que aconteceu

Polícia

Travesseiro no rosto e fio no pescoço: Homem encontrado morto estava com sinais de tortura

Israel foi encontrado morto em casa no Guanandi na tarde dessa sexta-feira (16) com rosto desfigurado

MidiaMAIS

Conheça instituto que vai abrigar onça que matou caseiro no Pantanal

Onça foi transferida para o Instituto Amparo Animal, que fica no município de Amparo, em São Paulo