A tia, de 38 anos, da mulher, de 20 anos, que teve a casa invadida e incendiada pelo ex-companheiro, faz apelo para proteção da sobrinha, que há meses é perseguida pelo homem. O caso ocorreu na manhã desta quinta-feira (8), no Bairro Coronel Antonino, e o autor fugiu do local.

Conforme relato da familiar, o autor e a vítima estão separados há oito meses. Desde então, os episódios de agressão, vias de fato e perseguição são constantes. O homem usa o pretexto de ver a própria filha, de 1 ano, para se aproximar da ex-companheira. “Ele sempre usou de querer ver a filha, pegava a menina. Ele é pai, tem esse direito, mas sempre usa dessas artimanhas para se aproximar dela. É sempre com ameaça, não é de hoje”, contou.

A vítima tem medida protetiva contra o homem. A tia define o relacionamento dos dois como abusivo. “Não deu certo e chegou a acontecer o que aconteceu. Até então eram brigas, agressões, xingamentos. Eu ainda não entendo como ele, que é pai, vinha falar que vai matar a própria filha. Isso é inaceitável”, contou.

As crianças e a mãe foram salvas pelo tio da vítima, que mora ao lado. Ele escutou os gritos de socorro da sobrinha enquanto se arrumava para trabalhar e, junto a um vizinho e um motorista de aplicativo que passavam pela rua, conseguiu quebrar abrir o portão da casa, quebrar a única porta que não era bloqueada pelas chamas e salvar as meninas de 1 e 4 anos.

Tio machucou mão tentando salvar sobrinhas – (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

“Ela estava trancada em casa com medo dele e perdeu a chave da porta. Eu consegui quebrar com socos, até machuquei a mão, mas a gente não pensa nisso na hora, só em salvar as crianças”, contou o tio.

Tocaia

Os familiares relataram que o homem passou a noite de quarta-feira (7) e a madrugada de quinta-feira de “tocaia” na casa. Foi, então, que a vítima se trancou na residência, porque ele pulou o muro e ficou na varanda da casa, ameaçando a ex-companheira.

De manhã, os dois teriam discutido, conforme relatou o tio dela. Ele derrubou a motocicleta dela e aproveitou a gasolina que vazou do tanque para colocar fogo com um isqueiro que estava com ele.

A tia está aliviada com a salvação das sobrinhas, mas teme pela integridade da vítima. “Imagina se meu marido não tivesse aqui. Um pai ia matar a própria filha. Então, peço que as autoridades vejam esse caso com carinho, porque são todas outras mulheres que vêm acabando e ceifando a sua vida por feminicídio”, finaliza.

O caso será registrado na 1ª Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) como incêndio e deve ser investigado.