Nessa terça-feira (18), o caso de violação em dois túmulos no Cemitério Municipal de São Vicente de Paula, em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai, completou um mês e ainda segue sem solução. Com isso, os corpos de um bebê e uma adolescente de 12 anos seguem desparecidos.

Desde o registro da ocorrência, a 1ª Delegacia de Polícia Civil de Ponta Porã prossegue com a apuração do caso que deixou os moradores da região de fronteira intrigados. Até então esse tipo de crime era mais comum do lado paraguaio.

“Estamos investigando sim, não fechamos o inquérito. A nossa intenção é devolver os corpos para as famílias poderem enterrar e finalmente prender o autor”, explicou a responsável pelo caso, delegada Elisangela Ferreira Cristaldo, em conversa com a reportagem do Jornal Midiamax.

Ainda segundo a delegada, pelo menos no tempo em que está atuando na cidade, esta é a primeira vez que isso acontece. “Ouvimos umas 12 pessoas desse caso, mas devido às dificuldades do local ainda não temos suspeitos”.

“Recebemos uma denúncia anônima que estamos verificando ainda”, complementa a delegada, que também manteve contato com algumas funerárias e autoridades policiais do lado paraguaio.

‘Comércio macabro’

Do outro lado da Linha Internacional, que divide as duas cidades gêmeas, os casos de violações de túmulos acontecem com uma certa frequência e movimentam uma rede de ‘comércio macabro’. Na avaliação de uma fonte ouvida pela reportagem do Jornal Midiamax, são deixados de lado pelas autoridades locais, que fazem ‘vistas grossas’.

“Quando acontecem os furtos quase não há nem registro de memorandos (boletins de ocorrências) nas delegacias da cidade porque geralmente as vítimas são indigentes e não aparece ninguém para reclamar os corpos”, explica uma fonte ligada à Polícia Nacional, que prefere não ser identificada.

Por outro lado, em matéria publicada pelo site Ponta Porã em Dia, outra fonte revelou que os furtos de corpos nos cemitérios paraguaios são praticados por “uma rede formada pelos coveiros e o ramo funerário, que intermedeia a negociação a pedido geralmente feito por grupos de acadêmicos”. Em alguns casos, os corpos custam o equivalente a R$ 3,4 mil (G$ 5 milhões de guaranis).

“Ouvi dizer que essas ossadas humanas são vendidas em guarani para grupos paraguaios. Não dá nem para acreditar que existe esse tipo de comércio né. Mas aqui em Pedro Juan Caballero não é de estranhar nada”, comentou um brasileiro casado com uma paraguaia e que mora na cidade há mais de 10 anos.