A disputa pelo controle do tráfico e uma dívida de drogas no bairro Jardim das Hortências levaram ao atentado e na morte por engano dos dois adolescentes, Silas Ortiz, de 13 anos, e de Aysla Caroline, de 13 anos, no dia 3 deste mês.  

“O traficante está tão esperto, tão malandro, que está dando golpe no próprio criminoso”, disse o comandante Rocha do Batalhão de Choque na manhã desta segunda-feira (6), em coletiva a imprensa. Segundo o comandante, o que motivou o atentado era uma dívida de drogas entre os dois grupos. 

Rafael Mendes, preso neste fim de semana, era o organizador que atuava a mando do preso Kleverton Bibiano Apolinário, nas ruas de Campo Grande. João Vitor, o motorista de aplicativo George e Nicollas Inácio recebiam as ordens de Rafael. Kleverton teria encomendado a morte de Pedro Henrique.

De acordo com as investigações, Kleverton Bibiano Apolinário da Silva estaria por trás do acesso a pelo menos uma das armas usadas no crime. Além disso, de dentro da unidade da Agepen, o preso estaria ‘monitorando em tempo real’ os passos de policiais que atuam na elucidação do duplo assassinato.

No submundo do narcotráfico em Campo Grande, Cleverton é apontado como suposto chefe da venda de drogas na região das Moreninhas. De dentro da cadeia, sob custódia e proteção oficial da Agepen, o detento estaria expandindo as atividades para outros bairros campo-grandenses.

Assim, estaria com bocas de fumo no bairro Aero Rancho e supostamente organizaria os comparsas para disputa pelo controle do território no Jardim das Hortênsias, onde uma execução por dívida de droga acabou na morte dos dois adolescentes que não tinham nada a ver com a guerra do tráfico.

Informações são de que na região existem dois grupos rivais na venda de drogas e que o alvo do atentado seria o ‘correria’ do bairro. Mas, uma tentativa de homicídio contra ‘Gordela’ seria o estopim para a disputa entre os dois grupos que passou a deflagrar uma guerra.

O modos operandi na tentativa de assassinato de ‘Gordela’ seria o mesmo usado no atentado praticado contra o ‘correria’ do grupo rival na venda de drogas, na região. Um grupo teria ‘Gordela’ à frente e o outro teria ‘Garrafinha’ como um dos comandantes. Esta guerra teria começado com trocas de socos e acabou evoluindo para diversos atentados entre os lados, envolvendo disparos de armas de fogo. 

Para os policiais, ‘Gordela’ negou participação nos crimes e disse estar em sua casa no momento do atentado que acabou na morte dos adolescentes. Um motorista de aplicativo acabou preso por envolvimento com os crimes.

O comandante do Choque explicou, ainda, que nenhum dos presos demonstrou arrependimento. “Só estavam preocupados em contratar um advogado pensando na pena”, explicou.

‘Deu bom?’, motorista de aplicativo foi preso 

Três suspeitos: Nicollas Inácio, Rafael Mendes e George foram presos pelo envolvimento no atentado na Rua Flor de Maio, Jardim das Hortênsias, em Campo Grande, que terminou com dois adolescentes, de 13 anos, mortos, e outras duas feridas, foram presos neste domingo (5). Um dos detidos é um motorista de aplicativo que teria participação no crime. Outro integrante continua foragido.

A polícia encaminhou o trio para a delegacia e confirmou participação no grupo que organizou o ataque. Conforme apurado pelo Jornal Midiamax, as investigações identificaram que Rafael, de 18 anos, também conhecido como ‘Jacaré’, seria o mandante do atentado. Ele tem passagens por receptação e posse ilegal de arma de fogo.

Jacaré estava em sua casa, na mesma rua onde ocorreu o tiroteio, na companhia de sua mãe. Apesar de negar envolvimento nos homicídios, o suspeito acabou revelando que possuía uma arma de fogo na residência, também apreendida.

Após receber voz de prisão, ‘Jacaré’ informou que tinha conhecimento sobre os autores dos homicídios, indicando dois nomes. Diante disso, a polícia identificou os dois suspeitos de executarem o atentado, Nicolas, de 18 anos, e João, de 19 anos, este último não encontrado.

Com apoio do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) e GOI (Grupo de Operações e Investigações), as equipes do Choque localizaram o motorista de aplicativo em um imóvel na Vila Bandeirantes. Lá, o motorista confirmou ter prestado apoio ao trio utilizando o veículo HB20, que também acabou apreendido.

O motorista negou envolvimento no crime. Contudo, um dos suspeitos afirmou em depoimento que o motorista teria se dirigido ao comparsa com intimidade, questionando-o sobre o resultado alcançado: “Deu bom…? Porque eu nem escutei os tiros e estava aqui pertinho”, teria dito.