Sobe para 77 número de militares do Exército que precisaram de atendimento médico após treinamento com morte

Unidade de Bela Vista afirmou que dois dias após o treinamento ainda havia recrutas alegando estarem passando mal

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Soldados são lotados no 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado de Vista.

O Comando da  4ª Brigada de Cavalaria Mecanizada emitiu nota informando que chegam a 77 o número de militares que precisaram de atendimento médico após passarem mal durante treinamento, que terminou com a morte do soldado Vinícius Ibanez Riquelme, de 19 anos, no sábado (27), em Bela Vista, cidade a 324 km de Campo Grande. 

A família do militar denunciou que a morte ocorreu por um possível quadro de ‘desidratação’ e ‘esforços exaustivos durante os exercícios físicos’, realizados em uma manobra militar. O treinamento ocorreu em meio a onda de calor já anunciada antecipadamente pela meteorologia.

O Exército já alega que, após a morte, outros militares apresentaram sintomas de gripe. Em nota enviada nesta terça-feira (30) a 4ª Brigada confirma que subiu para 77 os militares que procuraram o serviço de saúde da Unidade ou de hospitais da região. Todos “com sintomas de uma infecção viral”.

Destes, 24 foram internados, sendo 20 recrutas e 4 da equipe de instrução. Até a segunda-feira (29), 13 tiveram melhoras e receberam alta hospitalar. Dos dois que estavam sob cuidados intensivos, um deles foi transferido para cuidados ambulatoriais. 

Ainda segundo o 10º Regimento, até às 20h de segunda-feira (29) – dois dias após o treinamento – ainda havia militares alegando estarem passando mal. Assim, já são 18h sem novos casos. Do total, cinco foram confirmados como Influenza por meio de exames e um está sendo tratado como Dengue. 

Vacinação após morte

Devido à morte do recruta após treinamento exaustivo e confirmações de alguns casos de infecções virais, o Exército decidiu aplicar vacinas contra a Influenza para todo o efetivo do 10º Regimento. A campanha acontecerá na quinta-feira (2) e sexta-feira (3).

“O Comando da 4ª Brigada afirma que permanece em prontidão médica e de suporte às famílias dos militares afetados, para que não ocorra agravamento dos casos existentes”, diz em nota.

Ainda, lamenta a morte do soldado, afirmando que foi aberto inquérito policial para apurar as circunstâncias e um procedimento administrativo para averiguar se houve excessos por parte de algum militar envolvido no treinamento. 

Denúncias enxovais

Familiares de militares lotados no Exército de Bela Vista estão denunciando coação supostamente praticada por militares para que soldados recrutas comprem enxoval específico ao ingressarem no serviço militar. A denúncia vem em meio a repercussão do treinamento que terminou com um soldado morto, Vinicius Ibanez Riquelme, de 19 anos, e outros 48 que precisaram de atendimento médico.

Entre os relatos feitos pelas mães dos soldados ao Jornal Midiamax está a lista do material de campo básico que exige o fardamento como item obrigatório, avaliado em aproximadamente R$ 700 e que, segundo elas, não é reembolsado. 

Há relatos de que um dos recrutas estaria sem dinheiro para comprar o enxoval e, então, teria sido informado que colocariam pedras na mochila daqueles não comprassem o material, o que causou medo nos militares. 

Morte de soldado

Vinícius Ibanez Riquelme foi submetido a realização de atividades físicas durante um treinamento de campo com o grupo do 10º Regimento de Cavalaria Mecanizado de Bela Vista, a 324 quilômetros de Campo Grande. De acordo com informações, grave estado de desidratação teria afetado os rins dele. O soldado morreu na manhã de sábado (27) na Santa Casa da Capital.

Amigos e familiares de Vinicius, o recruta que morreu após o treinamento, denunciam que, entre as principais causas da morte do militar, além de um possível quadro de ‘desidratação’, estão ‘esforços exaustivos durante os exercícios físicos’, realizados em uma manobra militar.

“Não acredito que entreguei meu filho vivo para o Exército e recebo ele dentro de um caixão. Não é justo, quero justiça, isso não pode ficar impune! O Vini era um menino muito educado, meu companheiro, minha vida, e agora como fica minha vida?”, disse Mariza, mãe de Vinícius ao site Fronteira News.

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