Há sete anos, no dia 18 de julho de 2017, o ex-vereador Cristovão Silveira e a esposa Fátima Silveira, eram brutalmente assassinados na chácara em que moravam, na MS-080, em Campo Grande. Os autores, Rivelino Mangelo, 46 anos, e Rogério Nunes Mangelo, 20 anos, respectivamente pai e filho, foram condenados a mais de 90 anos de prisão pelo latrocínio em 2018.

Na última quinta-feira (18), quando se completaram sete anos do assassinato, amigos e familiares compartilharam fotos de Silveira com a esposa nas redes sociais pedindo por alguns minutos de silêncio. “Hoje, 7 anos do assassinato de Silveira e esposa. Uns minutos de silêncio, amigos!”, diz a mensagem.

Nesta terça-feira (23), Filipi Silveira, filho do casal, conversou com a reportagem do Jornal Midiamax e contou como tem vivido os últimos anos com a ausência dos pais. O rapaz revelou que em meio ao luto, desenvolveu uma doença recorrente em um dos olhos, causada pelo estresse.

Por isso, ressignificar tem sido um exercício diário para ele e a família ao longo desses sete anos. “É um exercício diário seguir, porque era para eles estarem aqui e isso que dói e você fica rodeado de ‘se’. Ressignificar tem sido talvez o maior exercício da minha vida e de meus familiares”, desabafou o filho.

Filipi também revelou que este ano, um novo capítulo da família Silveira começará a ser escrito, pois Cristovão e Fátima seriam avós. “Este ano serei tio, meu irmão e sua esposa Ana, estão esperando um filho que se chamará Gustavo, é um sentimento diferente, a família tinha ficado muito pequena e agora um novo capítulo que começa a ser escrito”, disse. 

Sete anos após o crime brutal praticado contra o ex-vereador e a esposa, o desejo de Filipi é que permaneçam as boas memórias dos pais na Capital sul-mato-grossense. “Quero que fique as memórias boas deles, porque na realidade, meus pais não foram bons só para mim e sim para a cidade de Campo Grande, tiveram muitos sacrifícios e lutas pela Capital. E acho que por isso também fico reverberando memórias, até hoje encontro e até conheço pessoas para quem eles foram bons nos capítulos de suas vidas”, relatou.

Orgulhoso por ser filho de Cristóvão e Fátima, o rapaz conta que enquanto houver memória, não deixará de homenagear os pais. “Dizem que enquanto houver memória, haverá vida e acho que por isso nunca deixo de homenageá-los, para que o que é bom que eles nos deixaram nunca seja esquecido, afinal é isso é o que busco, afinal com o tempo aprendi com uma frase que não é minha, mas me apropriei que: ‘O que é o luto, se não o amor que persevera?’”, finalizou.

Em julho de 2022, o filho do casal também conversou com a reportagem e explicou que o mês é a data em que ele sempre presta homenagens aos pais, um gesto na tentativa de deixar viva a memória do casal. Ele ainda falou sobre o aniversário do pai, no dia 25 de julho, data em que a família estaria reunida comemorando ou viajando.

Condenação

Rivelino foi condenado a 48 anos de reclusão, 1 ano de detenção e 70 dias-multa pelos crimes de latrocínio (contra os dois), vilipêndio de cadáver da vítima Fátima e destruição parcial de cadáver.

Em abril de 2018, Rivelino teve 378 dias de pena remidos. Até o momento, ele já cumpriu 6 anos, 27 dias, 11 meses e 3 dias. A previsão de término da pena é em 28 de junho de 2046. A progressão para o regime semiaberto está prevista para o dia 4 de julho de 2034.

Já Rogério foi condenado a 45 anos de reclusão e 40 dias-multa pelo crime de latrocínio (também contra às duas vítimas). A sentença foi proferida pelo juízo da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, Wilson Leite Correa.

De acordo com a denúncia do MPMS (Ministério Público Estadual), Rivelino e os filhos Rogério e Alberto Nunes Mangelo, 21 anos, com ajuda de Diogo André dos Santos Almeida, 21, (falecido), tiveram participação no roubo da caminhonete Mitsubishi L200 2015/2016, avaliada em R$ 102 mil; uma televisão led de 40 polegadas, avaliada em R$ 1.499,99, uma arma de fogo não identificada, dois aparelhos celulares, duas alianças de ouro e R$ 1.231,00 em dinheiro, pertencente ao casal.

O crime

Cristovão e Fátima foram assassinados no dia 18 de julho de 2017, quando chegaram a chácara por volta das 15 horas. Cristóvão teria sido atraído até o local onde foi cercado pelos autores.

A vítima, que recebeu um primeiro golpe na nuca teve o dedo decepado ao tentar se defender das facadas. As mãos de Cristóvão estavam bastante machucadas e um golpe na altura do pescoço chegou a quebrar sua coluna.

Ao ver que o marido estava sendo atacado pelo trio, Fátima tentou ajudá-lo com um cabo de vassoura, mas caiu no chão e foi atacada com dois golpes de facão por Rivelino. O caseiro negou que tenha tinha tido relação sexual com Fátima e disse que tirou as roupas dela e passou as mãos em suas partes íntimas.

Após as mortes, o caseiro, foi preso quando recebia alta do hospital Santa Casa, após ser atendido por causa de um corte profundo no pé. Ele foi socorrido depois que a dona de um bar, que fica a 800 metros da chácara, acionou o socorro. Segundo ela, Rivelino chegou a dizer que sete homens invadiram o local para roubar. Mas, após ser levado para depoimento acabou confessando a autoria dos assassinatos.

Assim que mataram o casal, Rogério e Diogo fugiram com a caminhonete até Anastácio e, então, até uma chácara localizada a 30 km de Aquidauana, onde estava Alberto que ficou com uma TV roubada do casal.

Alberto confessou à polícia que Diogo e o irmão chegaram ao local na caminhonete roubada com as roupas ensanguentadas e teriam queimado as peças. Diogo, então, seguiu com outro comparsa (que não teve o nome divulgado durante o inquérito), já que o mesmo não sabia dirigir, para a Bolívia. Ele acabou morto em uma troca de tiros com a polícia durante sua fuga, no município a 444 quilômetros de Campo Grande.