João Vitor de Souza Mendes, de 19 anos, suspeito de executar Aysla Carolina de Oliveira Neitzke e Silas Ortiz, ambos de 13 anos, por engano, em , se entregou à polícia na tarde desta segunda-feira (6). Outros quatro envolvidos na execução, que tinha como alvo um homem identificado como Pedro Henrique, foram presos no fim de semana. 

O rapaz se entregou na sede do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), acompanhado do advogado Amilton Ferreira e três familiares. 

À reportagem do Jornal Midiamax, o advogado revelou que João Vitor irá se manifestar apenas em juízo. Questionado, Amilton também afirmou que o cliente não tem nenhuma arma de fogo para apresentar. João deve ficar preso.

Ainda na tarde desta segunda (6), em coletiva de imprensa realizada pelos delegados Guilherme Scucuglia Cezar e Pedro Henrique Pillar Cunha, do Garras, foi revelado que a execução de Pedro Henrique estava sendo planejada há pelo menos 2 semanas. Ele também foi ouvido.

João e o advogado Amilton (Ana Laura Menegat, Midiamax)

Ele é apontado como ‘correria' de um dos grupos rivais de Kleverton Bibiano Apolinário da Silva, que estaria por trás do acesso a pelo menos uma das armas usada no crime. 

De acordo com o Garras, a motivação para o crime seria uma disputa pelo tráfico de drogas na região. Houve um conflito pessoal entre ambos que acabou no planejamento da execução de Pedro Henrique.  

Na noite de sexta-feira (3), dois homens em uma motocicleta foram até a Rua Flor de Maio, Jardim das Hortênsias, e efetuaram cerca de 14 disparos contra o alvo. Porém, os tiros atingiram os adolescentes Aysla e Silas, que tomavam tereré em frente de casa. O alvo, Pedro Henrique, ficou ferido na perna. 

Após o crime, a dupla abandonou a moto – furtada no dia 8 de abril na região das Moreninhas -, e entraram em um carro de aplicativo. O motorista do veículo também foi preso e afirmou que fazia corridas particulares para um dos envolvidos.

Arma usada para matar adolescentes foi ‘arrumada' dentro da Máxima

As execuções dos adolescentes chamaram a atenção para a guerra do tráfico de drogas em andamento nas ruas de Campo Grande. Além disso, revelam como o Presídio de Segurança Máxima da Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) se tornou ‘escritório' de onde traficantes comandam a bandidagem.

De acordo com o apurado pelo Jornal Midiamax, um detento do presídio de Segurança Máxima de Campo Grande estaria implicado no ‘fornecimento' da pistola usada para matar Aysla e Silas no Jardim Hortência, no último dia 3.

Kleverton Bibiano Apolinário da Silva estaria por trás do acesso a pelo menos uma das armas usadas no crime. Além disso, de dentro da unidade da Agepen, o preso estaria ‘monitorando em tempo real' os passos de policiais que atuam na elucidação do duplo assassinato.

No submundo do narcotráfico em Campo Grande, Kleverton é apontado como suposto chefe da venda de drogas na região das Moreninhas. No entanto, de dentro da cadeia, sob custódia e proteção oficial da Agepen, o detento estaria expandindo as atividades para outros bairros campo-grandenses.

Assim, estaria com bocas de fumo no bairro Aero Rancho e supostamente organizaria os comparsas para disputa pelo controle do território no Jardim das Hortênsias, onde uma execução por dívida de droga acabou na morte dos dois adolescentes que não tinham nada a ver com a guerra do tráfico.

A reportagem confirmou com documentos oficiais que Kleverton se encontra sob custódia na Segurança Máxima. Segundo servidores da unidade da Agepen, ele chegou a ser ouvido por policiais durante este fim de semana após flagrarem mensagens dele ‘orientando' os investigados pela morte dos adolescentes.

“O presídio onde o detento está é de segurança máxima só no nome”, concordam servidores da segurança pública de Mato Grosso do Sul que falaram com a reportagem.

Aysla e Silas, mortos por engano em briga de traficantes em Campo Grande (Reprodução)

*Matéria editada às 17h42 para acréscimo de informação