Um dos presos pela PF (Polícia Federal) durante a Operação Sordidum, em Campo Grande, acusado de ser ‘laranja’ em um esquema contra o grupo de tráfico de cocaína, foi solto pela Justiça. Mesmo liberado, o criminoso teve o passaporte retido e deverá cumprir algumas medidas cautelares. 

O homem foi preso no dia 15 de maio durante a deflagração das Operações Sordidum e Prime, em 11 estados, entre eles Mato Grosso do Sul. A PF apreendeu cerca de 30 veículos, sendo pelo menos quatro carros de luxo. O objetivo da ação é combater organizações criminosas do tráfico internacional de drogas e armas, evasão de divisas, falsificação de documentos públicos, tortura, dentre outros crimes.

As investigações apontam que o acusado seria dono da aeronave PR-FUM e do veículo Ford/Mustang e que integrava o núcleo da organização criminosa, destinada à lavagem de dinheiro. Ele se apresentava como sócio de uma empresa de empreendimentos imobiliários, além de titular da aeronave PT-WJF e do veículo Ford/Mustang GT. 

Alegou, também, que sua possível participação nos fatos estaria restrita à qualidade de “laranja”, sem ligação aos delitos hediondos investigados.

Já a defesa do acusado alegou que ele é réu primário, com residência fixa e ocupação lícita, além de que a justificativa inicial da sua custódia não se encontra mais presente, uma vez que eventual possibilidade de desfazimento de bens e destruição dos mesmos já estaria saneada pelo decurso de prazo da prisão, e pela constrição e apreensão de bens.

“Alegou, também, que sua possível participação nos fatos estaria restrita à qualidade de ‘laranja’, sem ligação aos delitos hediondos investigados”, diz trecho da decisão.

Documentos como comprovantes de residência, escritura pública de união estável, declaração de testemunhas de sua ocupação e relação com um dos apontados como líderes da organização criminosa também foram apresentados pela defesa.

O MPF (Ministério Público Federal) opinou pelo deferimento do pedido da revogação da prisão preventiva, com substituição por medidas cautelares. 

Assim, a 3ª Vara Federal de Campo Grande decidiu pela revogação da prisão preventiva com substituição pelas medidas cautelares, entre elas, o comparecimento mensal presencial do requerente em Juízo, para comprovar endereço e justificar suas atividades, até que seja encerrada eventual ação penal e também a proibição de manter contato com os demais investigados e testemunhas dos fatos apurados, inclusive com pessoas apontadas como “laranjas”.

O acusado ainda está proibido de atuar em favor das empresas utilizadas para lavagem de dinheiro, identificadas no inquérito, especialmente a empresa de empreendimentos imobiliários; proibido de se ausentar da cidade de Campo Grande por mais de sete dias sem prévia autorização judicial.

Proibição da saída do território nacional, retenção de passaportes e a obrigação de manter atualizados endereço e telefone perante o Juízo também deverão ser cumpridas pelo acusado.

Empresas de fachada e 6 toneladas de cocaína

Segundo a PF, o grupo criminoso remetia drogas a países da América Central. Nesse contexto, estima-se que a organização fez o transporte de pelo menos 6 toneladas de cocaína, durante os 3 anos de investigações. A Polícia Federal apreendeu também joias, dinheiro e relógios, assim como armas e munições.

O grupo usava doleiros na fronteira do Brasil com países vizinhos, além da criação de empresas de fachada, negócios dissimulados e pessoas interpostas.

Um empresário, de 35 anos, também foi preso pela PF com duas pistolas e 126 munições em um condomínio de luxo, em Dourados, durante a operação. Ele foi levado para a Delegacia da PF, onde confessou ser dono das armas, munições e carregadores apreendidas.