Presa no Paraná, após mais de um ano foragida, desde que jogou soda caustica no ex-marido, o tatuador Leandro Coelho Marques, que o deixou totalmente cego, a mulher, de 42 anos, alega legítima defesa, é o que acredita a defesa dela representada pelo advogado Guilherme Henrique de Morais Calegari.

Ao Jornal Midiamax, Calegari informou que o casal vivia uma relação conturbada com um histórico, inclusive, de agressões, prova disso seria a medida protetiva que a autora tinha contra Leandro.

O advogado explicou que ainda é preciso entender melhor a dinâmica dos fatos, mas o produto usado no crime, era utilizado por ela como produto de limpeza.

Ele explicou ainda que durante o processo serão produzidas provas necessárias. “A defesa acredita, pelo menos até o momento, que essas agressões possam ter feito ela acreditar estar diante de uma situação de legítima defesa. Essa não é a versão definitiva dela, pois precisamos ainda nos aprofundar na dinâmica dos fatos”, explicou.

Ainda conforme Calegari, o fato teria ocorrido em ato de desespero dela. “É certo que o próprio vídeo mostra que o Leandro se aproxima voluntariamente dela com a moto e, a partir daí, não se sabe o que ele disse, ou a que tipo de intimidação ela foi submetida, mas aparentemente em um ato de desespero ela arremessou o produto nele”, afirma.

Diante da situação, ele explicou ainda que a mulher lamenta os fatos e as consequências na vida do Leandro. “Está à disposição da justiça para cooperar e fornecer todos os esclarecimentos sobre o ocorrido”, concluiu.

Indenização

O tatuador entrou com pedido de indenização de R$ 1,3 milhão. O pedido foi protocolado pela defesa na quarta-feira (31).

Segundo o documento assinado pelo advogado Gustavo da Fonseca, a indenização é por danos estéticos, morais e lucros cessantes, que totalizam R$1.322.960,00.

Sobre a indenização por dano estético, de acordo com o documento, a vítima não em esperanças de recuperação parcial ou total da visão. “Assim, é imensurável, não há valor que possa suprir a perda de sua visão e voltar a estética do seu rosto”.

 Já o dano moral, ele lembra que Leandro teve o psicológico abalado e teve de se humilhar fazendo ‘vaquinha’ para arrecadar valores para sua subsistência, pedir ajuda e doações. “A humilhação não é simplesmente o ato de pedir, mas sim, o fato de que o requerente não precisava desses recursos até pouco tempo atrás, onde se encontrava com saúde, com sua profissão estável e de forma autônoma para seu sustento”.

Já lucro cessante é porque que ele tinha uma profissão como tatuador, onde tirava renda para seu sustento há dois anos e por isso não pode dar continuidade em sua carreira, que tem a visão como principal instrumento da atividade.

Caso

Os dois ficaram juntos há 4 anos, casados, e estavam separados há 4 meses.

No dia 22 de fevereiro de 2023, Leandro havia acabado de sair da academia e recebeu uma ligação de sua ex-esposa para conversarem amigavelmente, chegando próximo à sua residência, parou na esquina e avistou ela, que se aproximou e jogou um líquido ácido no rosto dele, causando ferimentos graves e posterior cegueira total.

O capacete da vítima foi entregue na delegacia com resíduos do líquido corrosivo e a luva de um militar chegou a derreter após manusear o equipamento de segurança da vítima. O caso foi registrado como lesão corporal dolosa, com qualificação de violência doméstica.

De acordo com uma moradora da região, a mulher ficava sentada em uma planta, na calçada próxima à casa do tatuador, cuidando a residência do homem. Na noite do dia 22, antes do ataque, ela também esteve no local.

Após mais de um ano foragida, a mulher acabou presa no Paraná.

Ela foi presa em Curitiba por equipes da Polícia Civil paranaense enquanto tentava fugir para outra cidade.

Vídeo mostra autora seguindo para o local
Câmera flagra mulher jogando soda caustica no tatuador