PF revelou que PCC tinha ‘espião’ de Marcola em MS e ensaiou assumir jogo do bicho em Campo Grande

Membro do PCC preso em Campo Grande é ligado ao irmão de Marcola, que estava de olho no jogo do bicho em Campo Grande

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Material das loterias ligadas ao irmão de Marcola, que cogitou assumir jogo do bicho em Campo Grande (Divulgação, DPF)
Material das loterias ligadas ao irmão de Marcola, que cogitou assumir jogo do bicho em Campo Grande (Divulgação, DPF)

A Operação Primma Migratio, da Polícia Federal, revelou que o PCC (Primeiro Comando da Capital) ensaiou assumir o jogo do bicho em Campo Grande. Uma célula da facção criminosa no Ceará, controlada pelo irmão de Marcola, Alejandro Herbas Camacho Junior, chegou a manter ‘espião’ em MS.

Com a deflagração da ação, Henrique Abrão Gomes acabou preso em um apartamento na Avenida Rachid Neder, em Campo Grande, com uma maleta com armamento.

Segundo a PF, ele integrava o núcleo operacional e estava responsável, “com o auxílio de potenciais partícipes ainda desconhecidos, por conduzir o dia a dia da atividade ilícita em sintonia e confiança com a célula decisória”.

Assim, o ‘espião’ tinha incumbência de manter a facção informada sobre o cenário do jogo do bicho, para que o PCC pudesse assumir o esquema. Isso porque, desde a Operação Omertà e durante a Operação Sucessione, o jogo do bicho estava sem controle em Campo Grande.

Marcola controla loterias do PCC

Segundo a Polícia Federal, o PCC tem o controle de jogos como Loteria Forte, Fourbets e 888 Bets. Ainda conforme a PF, o Comando Vermelho proibiu em suas áreas a venda das loterias controladas pelo PCC.

Conforme a denúncia, as empresas são de Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, mas administradas por seu irmão, ‘Marcolinha’. 

Após o Comando Vermelho, rival do PCC, proibir que, em suas áreas territoriais, algum estabelecimento vendesse a ‘LOTERIA FORTE, FOURBETS e 888 BETS’, a polícia passou a investigar. A suspeita, evidentemente, passou a ser de que referidas empresas pertencessem ao PCC, comandado por Marcola, como é do conhecimento público”.

Dessa forma, a PF identificou 146 comunicações, com 1.991 envolvidos. “Foram realizadas as análises dos Relatórios de Inteligência Financeira (RIFs) de números: 72421, 72422, 72423, 72424, 72425, 72426, 72428, 72429, 72430, 72807, 72808, 72809, 73480, 73620, 73624, 74898, 75036, 76113, a fim de compreender a dinâmica criminosa”.

R$ 300 milhões em 11 anos

Na apuração, a Polícia Federal identificou e monitorou 146 comunicações com incríveis 1.991 envolvidos, entre pessoas físicas e jurídicas. Além disso, a organização movimentou R$ 301.813.629,00 no período compreendido entre 2011 e 2022.

“Restando claro que FRANCISCA, MENESCLAU e GEOMA integram o núcleo decisor, o acervo investigativo demonstra de forma clara que CINTIA CHAVES GONÇALVES, HENRIQUE ABRAAO GONÇALVES DA SILVA, LEONARDO ALEXSANDER RIBEIRO HERBAS CAMACHO, LEVY SOUSA PAIXÃO, MATHEUS VICTOR SABOIA MOREIRA, EDGLEI DA SILVA LIMA e FRANCISCO ERIVALDO CARVALHO MOREIRA compõe o núcleo operacional, estando responsáveis, certamente com o auxílio de potenciais partícipes ainda desconhecidos, por conduzir o dia a dia da atividade ilícita em sintonia e confiança com a célula decisória”, finaliza a denúncia.

Preso em condomínio com maleta e armas

Henrique estava em seu apartamento quando chegaram por volta das 6 horas da manhã para cumprir o mandado. Os agentes ainda ouviram o membro da facção pela porta falando ao celular com uma pessoa. Na ligação, pedia para avisá-lo sobre qualquer movimentação e ainda relatou que a mãe dele havia conseguido sair do apartamento.

Ele ainda admitiu que familiares o avisaram sobre as buscas por ele em vários endereços. No local, os policiais acharam no guarda-roupa duas maletas para armas de fogo. Em uma das cases foram encontrados dois carregadores de pistola no calibre 9mm. Além disso, foram localizadas munições no calibre e algumas no calibre .380.

Após dois anos de investigação, a organização criminosa migrou parte de sua estrutura de São Paulo ao Ceará, onde o irmão de Marcola assumiu a empreitada. Assim, nesse estado implantou rentáveis atividades criminosas como tráfico de drogas, armas, “jogo do bicho” e lavagem de dinheiro em loteria esportiva administrada pela organização.

Ainda de acordo com a polícia, há indícios que a organização movimentou mais de trezentos milhões de reais nos últimos anos. Parte desses recursos também era empregada na corrupção de servidores públicos. Dois policiais militares foram presos por pertencerem ao núcleo logístico da organização.

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