Mutirão de limpeza é realizado em ONG de Campo Grande onde protetoras foram presas por maus-tratos 

Irmãs foram presas na semana passada por maus-tratos a cerca de 250 animais que abrigam na ONG

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Equipes realizam limpeza em chácara que abriga 250 animais. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Equipes da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos), CCEV/Sesau (Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais da Sesau) e Decat (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista) realizam um mutirão de limpeza nesta segunda-feira (8) na ONG, onde protetoras foram presas na semana passada, em Campo Grande.

Cerca de 35 servidores estão mobilizados na ação. Há equipes com carriola e um caminhão para a retirada dos lixos. As irmãs estavam no local, mas não quiseram falar com a imprensa. Uma delas apenas comentou que estão aceitando doações. Elas chegaram a receber algumas rações, mas a quantidade dá para no máximo três dias.

(Nathalia Alcântara, Midiamax)

A delegada da Decat, Daniella Kades de Oliveira Garcia, explicou que a delegacia está prestando apoio às equipes da Prefeitura. “Estamos acompanhando agora cedo para fazer a limpeza. À tarde o pessoal do CCZ vai vir averiguar os animais doentes, fazer vermifugação e microchipagem. Mas está tudo certo por aqui”, explicou.

O chefe de serviço do Controle das Leishmanioses e Doenças de Chagas da CCEV/Sesau, Mário Márcio Oliva, relatou que o local estava em situação crítica. “Aqui é um local que precisa mesmo de ação, porque as proprietárias são duas irmãs e a mãe, então é humanamente impossível você manter um local com mais de 200 cães limpo, limpar todos os dias e fazer a retirada de matéria orgânica”.

Foram encontradas muitas fezes espalhadas pelo quintal, larvas na piscina, na qual foi coletada a água para análise do laboratório, resíduos como cobertores velhos, latas, gaiolas de cães plásticas danificadas e poda de árvore. “Infelizmente nós constatamos agora. Eu estive lá. Esse material todo foi queimado por elas, então estivemos lá para fazer a rastelagem”, disse.

Ele ainda afirmou que as irmãs têm alvará publicado no Diário Oficial para funcionar. “Agora tem que ver com relação ao jurídico, qual providência vai ser tomada”, disse. Também explicou que a ação é para dar uma resposta à sociedade civil e ressaltar a união entre o poder público e as ONGs. Kades, disse que quem quiser fazer doações pode entregar na própria delegacia, que levará as doações para a ONG. A Decat fica na Rua Sete de Setembro, 2421, bairro Jardim dos Estados. Para informações entrar em contato com a delegacia (67) 3325-2567.

Prisão e maus-tratos

A equipe constatou, no local, as seguintes situações: descarte irregular de resíduos sólidos (lixo) no quintal como lata de alumínio, cobertor, o que parecia ser um colchão, etc. Tudo estava amontoado e com vestígios de queima. 

A piscina estava imunda, verde-escura, sem manutenção nenhuma há muito tempo, com larvas de mosquito. Por isso, a Vigilância Sanitária, que estava junto, fez a coleta de amostra da água. 

Havia ainda descarte irregular de medicamentos espalhados pelo local, uma fossa extravasando, além de muitos cães com sarna. A equipe constatou também que havia falhas na cerca, permitindo que cães ferozes escapassem para rua. Além de gatos presos em um cômodo imundo de fezes.

Após a constatação do crime, houve representação pela prisão preventiva das irmãs responsáveis pela ONG e decretada pelo juiz, sendo assim logo cumprida.

Os animais ficaram no local sob os cuidados da mãe das irmãs. Elas disseram que possuem veterinário e então terão que adequar os cuidados.

(PCMS)

Denúncias e dificuldades

Logo após a visita dos policiais da Decat, uma das irmãs, responsáveis pela ONG, publicou nas redes sociais um vídeo explicando a situação. Abalada com a denúncia, ela alega que já mudou para uma chácara que era para ter um lugar melhor para cuidar dos animais. “A gente tá fazendo milagre com as doações”, lamentou.

A mulher explicou também que a ONG tem sofrido perseguição de moradores e pessoas que acreditam ser ‘obrigação’ delas pegarem todos os animais da rua. 

“Olhar do portão, todo mundo vai difamar, vai julgar, mas quem tá lá dentro fazendo o que eu tô fazendo? Aí tem cocô na varanda, os cachorros acabaram de comer. É inacreditável. Abriram a porta de um carro à noite, jogaram 5 cachorros no mato e falaram que a gente soltou na rua. A gente ficou mais de um mês tentando pegar esses cachorros, porque eles não deixavam pegar. Os cachorros que estão aqui estão acostumados a ficar mais de três anos juntos. Se colocar aqui dentro eles matam. Ficamos um mês tratando, amansando”, lembrou. 

A protetora ainda relata que mesmo com o trabalho escuta que ninguém a obrigou pegar os animais. “Ninguém obrigou mesmo, é por compaixão, por amor, pra mudar a vida dele, mudar a situação da cidade”, afirma.

Por fim, ela afirma que pretende e vai tentar encontrar outro lugar para que possa cuidar melhor dos animais.

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