O médico, acusado de agredir o pai de um paciente com soco no rosto, durante atendimento ao filho no pronto-socorro do Hospital Regional da cidade de Aquidauana, a 135 quilômetros de Campo Grande, no dia 8 de junho, havia sido afastado de seus plantões no último dia 13. Porém, mesmo sem a finalização do inquérito policial, o profissional retornou às atividades no local, menos de uma semana após o afastamento.

O Jornal Midiamax recebeu a informação de que o profissional havia retornado ao plantão no pronto-socorro, setor onde ocorreu a confusão, na última quarta-feira (19). Questionada pela reportagem um dia após o retorno do médico, a diretora do Hospital, Claudia Arruda Nascimento, negou o fato, afirmando em mensagem que “até o momento não voltou as atividades (sic) na Unidade”.

Nesta sexta-feira (21) a reportagem teve acesso a documento de uma solicitação de transferência de paciente do pronto-socorro de Aquidauana para Hospital de Campo Grande, solicitada pelo médico, comprovando que este de fato voltou a atender na Unidade. desconstruindo a versão dada pela diretora Cláudia ao Jornal Midiamax.

O delegado titular da Delegacia de Polícia Civil de Aquidauana, Ronaldo Jacob informou que a investigação sobre o fato ainda não foi concluída, e, que os fatos foram registrados, requisitados exames de ambas as partes, solicitado as imagens das câmeras do Hospital.

A confusão

O pai do paciente, de 44 anos, contou ao Jornal Midiamax que foi agredido com um soco no nariz por um médico no pronto-socorro do Hospital de Aquidauana, durante atendimento ao seu filho, que foi vítima de acidente de trânsito, na noite do dia 08 de junho.

O homem relatou à reportagem que teve conhecimento do acidente e que seu filho havia sido levado para o Hospital da cidade. De imediato ele foi até o local e se assustou ao ver o jovem na maca e se queixando de dores, então, segundo ele, começou a questionar o médico, mas que em nenhum momento o agrediu.

“Eu estava muito nervoso ao ver meu filho chorando de dores, fiquei alterado sim, mas não levantei um dedo para o médico, eu fiz questionamentos de pai para ele, mas o médico disse que eu o agredi verbalmente e me deu um soco no nariz e me derrubou”, contou.

O homem conta que, quando a esposa e a filha tiveram conhecimento do que estava acontecendo dentro do pronto-socorro, tentaram entrar para socorrê-lo, mas foram impedidas. “Depois de muita insistência, elas conseguiram entrar, mas aí chamaram a Polícia Militar para nossa família”, disse.

O homem disse que se sentiu humilhado com a situação, já que a equipe médica deveria entender seu nervosismo ao ver seu filho acidentado e gritando por conta das fortes dores. “Eu fui praticamente espancado, posso ter errado em agredi-lo verbalmente, mas isso não justifica ele ter me batido, eu estava apavorado com medo de perder meu filho, esperava acolhimento e não um soco na cara”, desabafou.

Já no boletim de ocorrência no qual a reportagem teve acesso, o médico alega que o pai não concordava com o que ouvia sobre o atendimento do filho e começou a se exaltar e a xingá-lo, de maneira a desprestigiá-lo e desrespeitá-lo e, mesmo com tentativas de tentar mantê-lo calmo, ele partiu para cima do médico que, em instinto de defesa, desferiu um soco na face do acompanhante. Este soco provocou uma lesão que resultou em sangramento nasal. Após isso, o pai do paciente foi retirado do recinto e permaneceu do lado de fora até a chegada da Polícia Militar.

O homem nega que tenha agredido o médico fisicamente e disse que irá denunciá-lo no CRM (Conselho Regional de Medicina), na ouvidoria da Secretaria Municipal de Saúde e também irá denunciar o atendimento ao prefeito de Aquidauana, já que o Hospital está sob intervenção municipal, ou seja, responsabilidade do município.