Latrocínio: Mato Grosso do Sul tem 10 vítimas do crime que faz refletir sobre o ‘valor da vida’

Crime hediondo, latrocínio tem pena de de 20 a 30 anos de prisão e multa

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Devanir e Airton mortos para terem bens roubados em MS

Bem material vale uma vida? Crimes contra o patrimônio, que têm resultado morte, latrocínio é hediondo e já fez 10 vítimas em Mato Grosso do Sul neste ano. O número é o dobro de casos se comparado com o mesmo período do ano passado. Se os dados forem comparados desde o início dessa década, perde apenas para 2020, quando de janeiro a julho foram registrados 11 casos.

Ao contrário do que se pensa, latrocínio é o dolo em tomar o objeto da outra pessoa mediante uso da violência ou ameaça, não de tirar a vida, mas a morte acaba ocorrendo. Dessa forma, o crime é a forma qualificada do crime de roubo, com aumento da pena quando resulta em morte.

Conforme a lei, o crime de roubo consta no art. 157 de subtrair coisa móvel alheia para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência à pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. A pena é de 4 a 10 anos de reclusão e multa.

A pena aumenta em ⅓ se for cometido por mais de uma pessoa, se a vítima for ameaçada com faca, se a manter presa, entre outras situações. E ainda aumenta em ⅔ se a ameaça for feita com arma de fogo, entre outras situações.

Já se na violência durante o roubo houver lesão corporal grave, a pena é de 7 a 18 anos de prisão e multa, e no caso do latrocínio, quando há morte a pena é de 20 a 30 anos de prisão e multa.

Vítimas de latrocínio por ano em Mato Grosso do Sul desde 2020. (Dados Sejusp)

Roubo de veículos que terminaram em mortes

No dia 28 de junho, dois casos ocorreram em MS, um em Chapadão do Sul e o outro em Sidrolândia.

Uma mulher, 22 anos, e um homem, 33, foram indiciados por latrocínio e ocultação do cadáver de Sidnei Batista, de 50 anos, em Chapadão do Sul. Os dois acabaram presos na segunda-feira (1) por equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), que ficou sabendo de um possível sequestro, após o sobrinho da vítima ter relatado que a casa do tio teria sido invadida por dois indivíduos encapuzados, que o forçaram a entrar na caminhonete dele, uma Chevrolet S10, e em seguida fugiram.

Durante as diligências, a caminhonete da vítima teria sido localizada por uma equipe do Batalhão de Choque da Polícia Militar, em frente a uma residência no bairro Universitário, em Campo Grande. Durante as investigações, a polícia acabou encontrando o casal em um hotel no bairro Universitário.

A calça e camisa do homem ainda estavam com diversas manchas de sangue da vítima. Ele e a esposa confessaram o crime, indicando onde teriam ocultado o corpo, em uma plantação de algodão em Chapadão do Sul, sentido Goiás.

Moto de Airton foi recuperada pela polícia. (Reprodução/PCMS)

No mesmo dia, a família suspeitou do desaparecimento do idoso Airton Rocha Gonçalves, de 61 anos, no assentamento Eldorado, em Sidrolândia. Dois homens, de 27 e 37 anos, foram presos em flagrante por latrocínio e ocultação de cadáver, confessaram que a intenção era o roubo da motocicleta da vítima.

O idoso, morto com 8 facadas no pescoço e tórax, foi enterrado no quintal da casa de um dos autores.

No dia 11 de junho, o taxista Devanir da Silva Santos, de 52 anos, desapareceu com seu carro Corolla em Ribas do Rio Pardo. Os amigos divulgaram seu sumiço em redes sociais. Logo depois, foi descoberto pela polícia que o taxista havia sido assassinado. 

Três criminosos foram presos. Eles mataram a vítima para roubar dinheiro de sua conta bancária. Logo após o crime, o trio foi para a Capital e abandonou o carro da vítima na Vila Santa Dorotheia. Um morador viu os criminosos fugindo a pé até um supermercado nas proximidades e estranhou o fato deles estarem agasalhados num dia muito quente.

Depois da prisão, os autores indicaram o local onde estava o corpo do taxista. Foi feita varredura na área de mata próximo ao local provável do crime. Assim, foi localizado o corpo da vítima, assassinada a tiros.

A perícia ainda constatou que os criminosos usaram ‘enforca-gato’ – plásticos de retenção – para prender as mãos do taxista. Uma faca também foi encontrada dentro do carro da vítima e apreendida para ser periciada.

Crimes de grande repercussão

Andreia e Luiz, mortos em 2022

Crimes de latrocínio sempre chocam e chamam a atenção. Mato Grosso do Sul teve vários casos de grande repercussão, como o caso da pecuarista Andreia Aquino Flores, de 38 anos, assassinada no dia 28 de julho de 2022, no condomínio de luxo onde ela morava. Ela foi agredida e esganada. O trio acusado de cometer o crime na tentativa de conseguir roubar da vítima R$ 80 mil, foi condenado ao todo a 72 anos de prisão.

No mesmo ano, Luiz Venitte Reina, foi morto por adolescentes, um deles o próprio enteado da vítima. Luiz foi assassinado com dois tiros no Assentamento Santa Rosa, em Itaquiraí, no dia 9 de agosto deste ano. Os adolescentes roubaram uma caminhonete, motocicleta, um revólver e ainda jogaram o corpo do idoso em um rio. O corpo dele foi localizado oito dias após o crime.

Conteúdos relacionados