Uma jovem de 23 anos foi detida pela Polícia Militar após desacato e resistência à abordagem no Jardim Tijuca, em Campo Grande, na madrugada deste sábado (29). Entretanto, a jovem alega que houve abuso de poder durante a tentativa de abordagem e nada de ilícito foi encontrado.

Segundo o boletim de ocorrência registrado pela PM, a Força Tática fazia patrulhamento na Avenida Marechal Deodoro quando notou uma motocicleta XTZ Lander 250 de cor azul, em alta velocidade, com a passageira tapando a placa com a mão. Foram feitas várias tentativas de abordagem, que foram desacatadas.

A PM alega que a passageira “mostrou-se não cooperativa desde o início da abordagem, não acatando as ordens dos policiais, e estava agitada, ocultando as mãos no bolso do casaco”.

A equipe era composta apenas por homens; de acordo com a lei, a revista pessoal em mulheres deve ser realizada preferencialmente por uma policial feminina. Portanto, os PMs fizeram uma busca pessoal indireta, mantendo distância e evitando contato. No entanto, ressaltam no registro que a jovem se recusava a mostrar os bolsos, levantando suspeitas de que estivesse escondendo algo.

O namorado da jovem tentou acalmá-la, porém, segundo a polícia, ela gritava e se recusava a cooperar, chamando os policiais de “crianças mimadas” e mencionando que seu tio era policial. Por fim, ela foi levada em viatura para a Cepol.

Jovem alega abuso de poder

No primeiro boletim, não há informações sobre irregularidades encontradas com o casal ou com a documentação da motocicleta. A jovem apresentava uma luxação na mão causada por um acidente doméstico.

Ao sair da delegacia, a jovem relatou à reportagem do Jornal Midiamax que a PM teria agido com abuso de autoridade, pois não estavam em alta velocidade e não havia irregularidades com a moto.

“Minha mão está machucada, como eu poderia tapar a placa? Eu estava voltando do trabalho, meu namorado foi me buscar e eles nos abordaram com a sirene já ligada. Quando paramos, disseram para virar e já nos revistaram, mandaram ficar de costas (…) Um policial disse ‘vou te dar um tiro e dizer que foi legítima defesa por desacato'”.

Ela e a família procuraram a Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher) para registrar uma queixa. “Os documentos da moto estavam em ordem, mas eles diziam ‘vocês compraram a vistoria, o pneu está careca’. Me colocaram no camburão e freavam bruscamente durante o trajeto”.

O namorado foi buscar a mãe da jovem, mas a polícia disse que ela não tinha sido levada para a Cepol. “Falaram que ela não estava aqui, mas fomos atrás, entramos e vimos a viatura aqui. Não quiseram nos dar nem o boletim de ocorrência, só o número”, concluiu.