Indígenas reclamam de conflito após três dias de ocupação na MS-156: ‘Só queremos água’

Indígenas seguem com bloqueio da MS-156 e pedem construção de quatro poços e caminhões-pipa

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Tropa de Choque entro em área indígena (Fotos: Marcos Morandi, Midiamax)

Os indígenas da aldeia Bororó seguem com bloqueio da rodovia MS-156 nesta quarta-feira (27). O manifesto entra no terceiro dia e segue sem solução. Hoje pela manhã, soldados da tropa de choque entraram na aldeia e iniciam a desobstrução que não foi bem recebida pela comunidade.

“Podem até fazer o desbloqueio à força, mas não admitimos que entrem aqui na aldeia atirando contra os nossos parentes. Não estamos pedindo dinheiro e nenhum benefício próprio. Ao invés de água, mandam a polícia e nos dão tiros de borracha”, diz uma moradora da Aldeia Jaguapiru à reportagem do Jornal Midiamax, que o acompanhou a chegada da tropa.

Houve tentativas de diálogos de ambas as partes (indígenas e policiais), mas a negociação foi infrutífera e os ânimos acabaram acirrados. Diante do impasse, os policiais dispararam tiros de borracha contra os moradores para fazer a dispersão. O repórter do jornal quase foi atingido por um dos disparos e teve que deixar o local.

O bloqueio acontece desde segunda-feira (25) na rodovia MS-156, que liga Dourados a Itaporã, e no anel rodoviário que dá acesso a Ponta Porã e Campo Grande.

“Não queremos mais conversa fiada e promessas de políticos que ficaram quatro anos e não fizeram nada”, reclama o capitão da Aldeia Jaguapiru, Ramão Fernandes.

Segundo o líder indígena, para amenizar o problema da falta de água nas aldeias, além de caminhões, é necessária a construção de pelo menos quatro poço artesianos. “Precisamos dar um basta nesse sofrimento que atravessa décadas. Isso é desumano”, explica Fernandes.

“Sei que as pessoas da cidade ficam indignadas com a nossa atitude de bloquear a rodovia. Mas no momento, é arma que temos. E além do mais, as pessoas não fazem ideia do nosso drama. A água encanada não chega para todos os moradores. Não podemos tomar banho, cozinhar e nem matar a nossa sede”, diz uma indígena, mãe de quatro filhas e avó de oito netos.

O que diz a Polícia Militar

Após reportagem do Jornal Midiamax e divulgações de imagens feitas pelos indígenas nas redes sociais, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul divulgou nota sobre o conflito com moradores da aldeia Jaguapiru. Confira abaixo o que diz a PM:

“A Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, esgotadas todas as vias de negociação, e para garantir os direitos constitucionais, agiu na manhã desta quarta-feira (27) para desobstruir as rodovias estaduais que estavam bloqueadas. Com apoio do Corpo de Bombeiros Militar e de equipes da Agesul, removeram entulhos e apagaram focos de incêndios nas pistas.

As forças de segurança manterão efetivo para garantir paz em todo território sul-mato-grossense. O governo estadual reforça seu compromisso com a transparência, refutando iniciativas politico-eleitoreiras, e age em prol de um caminho de justiça e respeito.

 Em tempo, o governo de MS, por meio da SEC, se manteve em contínuo diálogo com todos os envolvidos em busca, sempre, de uma solução pacífica, e lamenta episódios de agressões e enfrentamentos”.

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