A mulher de 23 anos que foi agredida a cintadas e teve parte do cabelo arrancado pelo marido, em Campo Grande, no bairro Monte Castelo, depois de uma briga por causa de uma bicicleta da filha de 2 anos da vítima, disse que ‘foi sorte’ não ter sido morta a tiros pelo companheiro. O homem acabou preso na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

Em depoimento, ela contou que estava na empresa onde trabalha junto do marido e de uma amiga bebendo cerveja, no fim do dia 4 deste mês, quando resolveram ir para casa por volta das 19 horas fazer o jantar. Ao chegarem na residência, a bicicleta da criança estava atrapalhando a passagem.

Com isto, o homem ficou descontrolado pegando um cinto para agredir a criança. De imediato, a mulher entrou na frente dizendo que ele não bateria na filha. Em seguida, o homem passou a espancar a esposa com o cinto.

Ela, então, tentou entrar no carro para fugir, mas foi impedida pelo marido que retirou as chaves do veículo e a arrastou pelos cabelos pela rua. O homem estava armado e em cima da mulher apontou a arma para o rosto dela dizendo: “você vai ver o cão”.

O autor fez um disparo, mas a arma falhou. Então, ele fez mais dois disparos contra o rosto dela, mas falharam novamente. A amiga da vítima tentou tirar a arma do homem quando aconteceu o quarto disparo que atingiu o vidro do carro. 

Nesse momento, a polícia foi acionada e o homem acabou preso. Na delegacia, a vítima relatou que convive com o autor há cinco anos, e que nunca havia sido agredida antes por ele. “Foi sorte”, ela relatou sobre a arma ter falhado no momento em que ele tentava matá-la. 

Tentativa de feminicídio

A vítima contou à PM (Polícia Militar) que ela e o marido ingeriram duas caixas de cervejas com a amiga, quando o homem pediu para que a filha pequena tirasse a bicicleta do meio do caminho para que ele não sofresse um acidente. 

Neste momento, o homem disse para a esposa que iria educar a criança, quando a mãe tomou a frente e falou que ele não iria bater na filha. Após a discussão, o casal correu em direção ao carro e o marido pegou um revólver, de calibre .32, no porta-luva do veículo. 

Ao pegar o revólver, ele imobilizou a esposa e tentou atirar na mesma, porém, a arma estaria somente com uma munição no tambor, segundo o boletim de ocorrência. Ao se deparar com a situação, a amiga desvencilhou a vítima e conseguiu desarmar o homem, correndo para a esquina e acionando a polícia. 

O marido fugiu logo após o crime, mas foi alcançado pela polícia e abordado na Rua Corumbá. Ele estava alterado e com forte teor etílico e, quando questionado pelos militares sobre a tentativa de feminicídio, negou ter disparado contra a esposa e alegou que seria portador de deficiência visual.

A esposa sofreu lesões nas costas e dedos, além de fortes dores na cabeça. A amiga, que testemunhou os fatos, apresentava dores nas costas e pelo corpo.

As duas foram encaminhadas para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) no Coronel Antonino e após o atendimento médico, levadas para a Deam.