Valter Brito da Silva, ex-vereador de Amambai, município localizado a 354 quilômetros de Campo Grande, preso em flagrante na última segunda-feira (22), foi solto nesta terça-feira (23) após o pagamento de fiança no valor de R$ 30 mil. Ele é acusado do furto de uma motoniveladora em Dr. Ulisses – PR, no dia 16 de julho. 

A motoniveladora teria sido avaliada em cerca de R$ 700 mil. O ex-vereador é acusado de chefiar esquema de corrupção no município do interior de Mato Grosso do Sul e já foi alvo de investigações. Valter, o irmão José de Brito Júnior e Sérgio Aparecido Bezerra foram soltos após o pagamento de fiança no valor de R$ 30 mil para cada um.

Os três tiveram a liberdade provisória concedida, com proibição de ausentar-se da comarca sem comunicar a Justiça.

O furto da motoniveladora

De acordo com a Polícia Civil, após ser contatada pela Delegacia de Polícia Civil de Três Lagoas, uma equipe foi até um comércio onde estava o maquinário. Junto estava o vereador, seu irmão José de Brito Júnior e outra pessoa não identificada. Quando questionados, os três se apresentaram como proprietários da motoniveladora. 

Detido na delegacia de Amambai, o vereador se livrou da tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares ainda em no início deste mês, acusado de chefiar esquema de corrupção da “Laços Ocultos”. A justiça acatou o argumento da defesa de uma das partes e julgou o juiz de Amambai como “incompetente” para decidir sobre a operação. 

Laços Ocultos

As investigações contra o vereador Valter Brito da Silva (PSDB), de Amambai, indicam que o parlamentar recebeu mais de R$ 5 milhões em propina de empresários. Portanto, a acusação é de que Valter comandava um esquema de corrupção e fraudes em licitações.

Os promotores do Gecoc (Grupo Especial de Combate à Corrupção), Adriano Lobo Viana de Resende e Humberto Lapa Ferri, ofereceram a denúncia em 1º de dezembro de 2023. A promotora Nara Mendes dos Santos Fernandes também participou do oferecimento.

Logo após, no dia 6, o juiz Daniel Raymundo da Matta, da Vara Criminal de Amambai, recebeu a denúncia e tornou os 17 investigados réus.

As investigações apontam o vereador e também ex-vice-prefeito, Valter Brito, como comandante da organização criminosa. Assim, o grupo teria desviado dinheiro público através da criação das empresas fictícias.

Ao todo, 13 empresas são relacionadas a Valter, sendo que todas estão em nome de familiares e pessoas próximas ao parlamentar. Um dos exemplos é a C&C Construtora, que tem como sócio Francisco Maciel da Cruz.

Segundo a denúncia, Francisco é trabalhador braçal de construtoras e não teria condições financeiras para ser proprietário de uma empresa de grande porte. Além disso, ele é irmão de criação de Valter e teria sido usado como ‘laranja’ no esquema.

Especialmente no ano de 2017, após Valter ingressar no cargo de vice-prefeito, a empresa C&C Construtora conquistou oito contratos com o Município de Amambai. Destes, quatro foram modalidades de dispensa de licitação e/ou convite.

Outra servidora denunciada é Jucélia Barros Rodrigues, gerente de contratos da prefeitura. Ela seria uma das maiores beneficiadas, com Valter.