‘Estou aqui para falar do crime’, diz delegado sobre questões técnicas levantadas pela defesa de Rios

Marcel Costa Hernandes Colombo, conhecido como ‘Playboy da Mansão’, foi assassinado em 2018 e julgamento ocorre nesta segunda-feira (16)

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Delegado João Paulo Natali Sartori. (Foto: Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

“Não estou aqui para falar sobre questões técnicas e, sim, sobre crime”, disse o delegado João Paulo Natali Sartori ao ser questionado pelo advogado Márcio de Campos Widal Filho, que representa a defesa de Marcelo Rios, durante o julgamento do assassinato de Marcel Costa Hernandes Colombo, conhecido como ‘Playboy da Mansão’.

O delegado foi ouvido como testemunha de acusação durante aproximadamente 1 hora e 15 minutos no Tribunal do Júri na tarde desta segunda-feira (16). A pergunta da defesa foi em relação a um bilhete, que integrava as investigações da Operação Omertà, onde havia detalhes sobre um plano de atacar autoridades envolvidas no caso. 

Questionado sobre o que seria uma perícia grafotécnica, Sartori respondeu que a pergunta foge do motivo que o levou a prestar depoimento e que está naquele tribunal para falar sobre crime. 

Com isso, o advogado de defesa de Rios lhe perguntou o motivo de não ter realizado uma perícia grafotécnica no bilhete citado, momento em que o delegado afirmou que “não houve dúvidas de que o bilhete foi redigido por testemunha protegida”, respondeu Sartori.

O julgamento ocorre desde o início da manhã e deve durar quatro dias com 19 testemunhas. Estavam previstas oito testemunhas para serem ouvidas no primeiro dia, sendo três delas na parte da manhã. Contudo, apenas duas foram ouvidas até o momento, os delegados Tiago Macedo e João Paulo. No início desta tarde, duas testemunhas de acusação foram dispensadas pela promotoria. 

Jamil Name – que morreu na Penitenciária Federal de Mossoró –, Jamil Name Filho, Marcelo Rios, Rafael Antunes, José Moreira – que morreu em troca de tiros no Rio Grande do Norte –, Juanil Miranda e Everaldo Monteiro de Assis são réus pelo crime.

Jamil Name Filho vai ser ouvido por videoconferência. Já os outros réus estarão presentes no plenário do júri. Como no primeiro julgamento no ano passado, este júri também tem esquema de segurança montado. 

O promotor Douglas Oldegardo, que atua na acusação do júri do caso de Marcel Costa Colombo, disse ao Midiamax que o ‘volume de provas contra os réus é absurdo’.

“Não há dúvida nenhuma, o volume de provas técnicas é verdadeiramente absurdo, felizmente nós vamos ter um bom número de dias para exibir isso para o Conselho de Sentença através da inquirição de testemunhas e nós teremos, inclusive, o tempo dilatado”, disse Oldegardo.

Defesa de Everaldo diz que delegado foi ríspido

A defesa de Everaldo, representada pelo advogado Jail Azambuja, alegou que o delegado Tiago Macedo teria sido ríspido após discussão por pesquisas sobre ‘Playboy da Mansão’. A fala causou um alvoroço no Tribunal do Júri.

“Excelência, para esclarecer então também, agora feito o protesto da testemunha, apenas para dizer o seguinte, Excelência, desde o começo das indagações da defesa, inclusive de uma forma muito ríspida, a primeira pergunta foi situada pela defesa de Jamil Name, na pessoa do Dr. Neff Cordeiro. O tratamento da testemunha foi hostil em relação a todos os questionamentos”, disse Jail Azambuja.

Rios teria recebido R$ 50 mil para matar ‘Playboy da Mansão’ dentro de cadeia

Macedo disse que Marcelo Rios, o ex-guarda municipal, teria recebido R$ 50 mil para matar Marcel Colombo dentro da cadeia, depois da prisão de ‘Playboy da Mansão’ por descaminho. Mas como não conseguiu matar dentro da cadeia, teve de fazer o ‘serviço’ quando Marcel foi solto.

“A organização mata os pistoleiros que fazem cagada”, disse o delegado. Ainda segundo o delegado, o contador Elton Pedro, que também fazia levantamento de informações para a família Name, teria pesquisado sobre a vida de ‘Playboy da Mansão’.

Defesa de Everaldo pediu desmembramento

Jail Azambuja, advogado de Everaldo, falou sobre a perícia não feita em áudios juntados no inquérito, pedindo pelo desmembramento e adiamento do julgamento.

“Relativo à perícia insisto que não foi realizada. Existe a necessidade da perícia desse material integralidade, e ainda necessário talvez desmembramento do júri”, disse a defesa.

A defesa ainda falou que seria necessário que Everaldo seja julgado em outro momento. “No sentido de que quando deferiu o alargamento do prazo, o inquérito era de 6 mil páginas e hoje tem mais de 10 mil páginas. O réu tem direito à defesa efetiva e plena e o tempo é essencial”, disse.

‘Playboy de Mansão’

A denúncia apresentada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) relata como foi planejado e executado o crime. Naquela ocasião, Marcel estava em uma cachaçaria, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, quando foi atingido pelos disparos.

Ainda segundo o MPMS, o crime foi executado por Juanil, com auxílio de Marcelo Rios, José Moreira e Everaldo Martins. Isso tudo a mando de Jamil Name e Jamil Name Filho. Além disso, em um erro na execução do crime, um outro homem que estava no local também foi atingido por um disparo.

Por fim, foi apurado que Rafael Antunes foi o responsável por ocultar a arma do crime, com participação indireta. Também foi relembrado na denúncia que a motivação do crime foi um desentendimento entre Marcel e Jamil Name Filho em uma boate de Campo Grande. Naquele dia, Marcel teria agredido Name com um soco no nariz.

Marcel foi assassinado em 2018, mas a rixa entre o ‘Playboy da Mansão’ e Name começou em 2016, quando os dois se desentenderam por causa de balde de gelo. Em 2021, Jamil Name Filho negou ser o mandante da morte, mas confirmou o atrito e deu detalhes.

(Arquivo)

Conteúdos relacionados