Crimes violentos com mortes em Mato Grosso do Sul apresentaram redução no primeiro semestre de 2024, quando comparado ao mesmo período de 2023. De 1º de janeiro a 30 de junho deste ano, a Polícia Civil registrou 182 casos, enquanto no ano passado, foram 222 registros.

O levantamento, com base nos dados do SIGO Estatística, da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), considera os CVLI (Crimes Violentos Letais Intencionais) – que incluem feminicídio, homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte e roubo qualificado se da violência resulta morte (latrocínio).

Contudo, apesar da queda, alguns tipos de crime aumentaram significativamente, como é o caso dos crimes de latrocínio, que ocorrem quando há roubo seguido de morte. Registros desse crime aumentaram 166,6% de 2023 para 2024.

O caso mais recente e que chocou a população de Ribas do Rio Pardo foi a morte do taxista Devanir da Silva Santos, no dia 11 de junho deste ano. Três homens, com idades de 24, 28 e 35 anos, acabaram presos pelo crime. Eles confessaram que queriam roubar os pertences e dinheiro do taxista, mas negaram a intenção de matar.

crimes violentos
(Reprodução, Sejusp)

Feminicídios cresceram 70% no semestre

Os índices de feminicídio também tiveram aumento de 70%, com sete vítimas a mais nos seis primeiros meses deste ano: em 2023, Mato Grosso do Sul registrou 10 feminicídios, enquanto em 2024, foram 17.

A última vítima deste crime foi Jennifer Gimenes Mongerroti, de 22 anos, assassinada a tiros no dia 23 de junho por um idoso, de 61 anos – o autor está preso. Jennifer estava acompanhada de uma amiga, de 27 anos, na fazenda onde o autor mora e trabalha, em São Gabriel do Oeste.

A amiga relatou os momentos de terror vividos pelas duas na propriedade. Ela conseguiu fugir pela mata e se esconder em uma propriedade vizinha, onde pediu ajuda. Já Jennifer acabou sendo assassinada a tiros na fazenda do idoso.

Mortes a esclarecer também aumentaram

Mais um tipo de ocorrência que apresentou aumento neste ano foi a morte a esclarecer, que ocorre quando não há sinais de violência no óbito. Nos seis primeiros meses de 2024, a PCMS (Polícia Civil de Mato Grosso do Sul) registrou 737 mortes a esclarecer, 17,3% a mais do que em 2023, com 629 ocorrências.

Alguns casos registrados no Estado envolvem a morte de bebês. Como o caso ocorrido em Nioaque, a 183 quilômetros de Campo Grande, quando bebê de um ano morreu afogado após cair em tambor pequeno d’água.

O mais recente que envolve o óbito de bebês teve registro em Campo Grande, neste sábado (29), quando um bebê de 16 dias morreu após passar mal enquanto dormia em casa no bairro Taquaral Bosque. A criança teria começado a apresentar coloração roxa na pele, foi encaminhada ao CRS Nova Bahia, mas não resistiu.

Homicídios caíram

Outros crimes, como homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte e até estupro apresentaram diminuição em Mato Grosso do Sul. A maior queda percentual ocorreu nos casos de lesão corporal seguida de morte, que diminuíram 33%.

As mortes com dolo (intenção) também diminuíram de 2023 para 2024. O percentual é baixo, de 8,48%, mas ainda indica diminuição nas mortes violentas.

Nos casos de mortes no trânsito, também houve menos frequência (-14,19%) quando comparadas com os seis primeiros meses de 2023. Ainda assim, o trânsito foi violento de janeiro a junho deste ano e matou 109 pessoas em acidentes.

Na noite deste domingo (30), por exemplo, Ismael dos Santos Ribeiros, de 21 anos, morreu ao ser atingido por uma caminhonete, na BR-163, em Dourados. Ismael seguia em uma bicicleta e estava a caminho do trabalho, em uma distribuidora de cerveja, quando acabou sendo atingido por trás. O motorista do veículo também morreu no acidente, mas não teve a identidade revelada.

Dentre as vítimas do trânsito neste ano estão a médica Anne Carolline de Barros, de 25 anos, que morreu após um acidente na Avenida Afonso Pena, depois do carro em que estava bater em um poste. Assim como o motociclista Anky Ferreira Miranda, de 19 anos, morto a caminho do trabalho – do qual havia sido demitido – para devolver o uniforme.

Mortes por intervenção do Estado

Outra diminuição significativa foi nos casos de morte decorrente de intervenção de agentes no Estado, isto é, em confrontos. Em 2023, os confrontos entre policiais e criminosos deixaram 52 mortos, enquanto neste ano, foram 39.

Um deles, inclusive, morreu na noite deste sábado (30), identificado como Michael Jorge Gonçales Lopes, de 26 anos, ao tentar esfaquear um policial militar de Três Lagoas, a 338 quilômetros de Campo Grande, durante uma tentativa de abordagem.

O criminoso era procurado por roubos na cidade, sendo o último feito no dia 21 de junho, quando agrediu uma idosa ao invadir a sua casa.

Cinco dias antes disso, Sérgio Alves dos Santos, de 50 anos, também morreu em uma troca de tiros com policiais da Derf (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos). O caso ocorreu no bairro Alves Pereira, em Campo Grande. Ele já era investigado por uma série de roubos na região.

Roubos e furtos

Mais recorrentes do que os outros crimes, roubo e furto também diminuíram em 19,7% e e 9,84%, respectivamente. O ápice dos furtos neste ano foi em janeiro, com 3.060 ocorrências, enquanto para os crimes de roubo, o mês com maior registro foi fevereiro, com 321 ocorrências.

Violência doméstica e estupro

Enquanto os casos de estupro diminuíram de 1.058 para 995 – ainda que se mantiveram altos – os de violência doméstica subiram de 9.434 para 9.758.

CrimeSeis primeiros meses de 2024Seis primeiros meses de 2023Diferença (%)
Homicídio doloso151165-8,48
Feminicídio1710+70
Lesão corporal
seguida de morte
68-33
Latrocínio83+166,6
Morte no trânsito109127-14,19
Estupro9951.058-5,95
Roubo1.6602.068-19,7
Furto16.16117.925-9,84
Estelionato5.9866.544-8.52
Morte a esclarecer737629+17,3
Tentativa de homicídio321296+8,44
Mortes por intervenção
do Estado
3952-25
Violência doméstica9.7589.4343,4%
(Fonte: Sejusp)