O roubo de um carro de uma família, que havia acabado de chegar em casa, na noite deste domingo de Páscoa (31), no bairro Guanandi, em Campo Grande, que terminou com criminosos mortos em confronto com a Força Tática, assustou as vítimas, mas passou despercebido por vizinhos. O que realmente tira o sono dos moradores da região é a grande concentração de usuários de drogas.
Na rua onde o assalto ocorreu, a reação dos moradores é de surpresa. “Nem estava sabendo. Ontem uma mulher tocou aqui a campainha em casa, já era bem de noite, mas preferi nem acordar minha mãe e irmão que moram aqui porque achei que fosse algum usuário [de drogas]”, contou uma popular ao Jornal Midiamax.
Conforme o relato da moradora, a mulher parecia eufórica nas câmeras de segurança. “Será então que foi ela que tocou aqui?”, indagou. A popular contou, ainda, que é filha de uma moradora da região, contudo, nunca escutou a mãe reclamar de problemas com roubos ou furtos. “Preocupante é a Vila Jacy, à noite mesmo, eu nem saio de casa”, comentou.
A opinião de outros moradores é semelhante ao relato dessa mulher. Em conversa com a reportagem, afirmam que a maior preocupação é, contudo, com a grande quantidade de usuários de droga na região. “Eles nunca me fizeram mal, mas sempre passam pedindo dinheiro ou comida. A gente fica um pouco com medo deles, mas assalto ou roubo aqui não é comum não”, relatou outra vizinha.
Uma moradora em frente à casa onde ocorreu o assalto também estranhou o crime. “Gente, nem ouvi nada”, disse.
A SAS (Secretaria de Assistência Social), da Prefeitura de Campo Grande, relatou, em nota, que monitora as áreas da capital com maior concentração de usuários de drogas e pessoas em situação de rua. “A SAS informa que vem intensificando essas abordagens. Os pontos são mapeados pelas equipes do Serviço Especializado em Abordagem Social que realizam ações diárias, conforme as demandas, fazendo a oferta dos serviços às pessoas em situação de rua, que tem por opção aceitar ou não o acolhimento”.
Caso a pessoa aceite os serviços ofertados, ela é encaminhada para uma das quatro unidades de acolhimento do município ou para alguma entidade cofinanciada para tratamento da dependência química. “Ocorre que, quando a pessoa está sob efeito de substância psicoativa, dificilmente aceita o acolhimento. No entanto, é importante salientar, que as equipes do SEAS retornam por diversas vezes durante a semana, aos locais onde houve recusa de acolhimento, sempre na tentativa de convencer a pessoa sobre a importância de ser acolhido em uma de nossas unidades ou em alguma comunidade terapêutica”.
Nas regiões com grande concentração de usuários de droga, a população pode acionar o Seas (Serviço Especializado em Abordagem Social), que funciona 24 horas por dia, nos sete dias da semana, feriados e finais de semana. Caso o morador encontre uma pessoa em situação de rua, pode entrar em contato pelos telefones do Seas (67) 98404-7529 ou 98471-8149.
Crime
O assalto ocorreu por volta das 23 horas, quando a família havia acabado de chegar em casa. Câmeras de segurança capturaram quando os criminosos abordam as vítimas. Uma mulher, que está grávida de 7 meses, entra em desespero e pede por favor para os bandidos, que intimidam a família.
Os criminosos roubam o veículo e fogem para a rodovia. Neste meio tempo, policiais militares são acionados e seguem para a saída de Sidrolândia, onde costumeiramente os veículos roubados são levados para serem trocados por drogas.
Quando os policiais entraram na rodovia, flagraram o veículo que havia sido roubado, com dois bandidos dentro. Foi dada ordem de parada, mas os ladrões continuaram a fuga, sendo que em certo momento, o bandido que dirigia o carro perdeu o controle e subiu no meio-fio do acostamento da rodovia.
Os dois desceram e não obedeceram à ordem de parar, atirando contra os policiais, que revidaram. Os dois autores foram atingidos e socorridos para o hospital, mas não resistiram e morreram. O carro foi recuperado e encaminhado para a Defurv (Delegacia Especializada de Roubos e Furtos).
