Diogo Francisco, preso na terceira fase da Operação Sucessione contra o jogo do bicho, teve seu pedido de liberdade negado pela juíza May Melke Amaral, nesta sexta-feira (2). Diogo faria parte do grupo que seria liderado pelo deputado Neno Razuk do PL. A operação Sucessione teve três fases.

‘Barone’ como é conhecido Diogo responde pelo crime de integrar a organização criminosa armada liderada pelo deputado estadual, Neno Razuk. Em sua decisão para manter Diogo na prisão, a magistrada relatou sobre matéria veiculada pelo Midiamax, “Novas denúncias revelam: guerra pelo Jogo do Bicho esquenta com policiais e políticos implicados em Campo Grande” onde aponta que o deputado continua no comando do jogo do bicho para tomar o comando em Campo Grande.

De acordo com a juíza em sua decisão, o grupo ainda continua em plena atividade e em uma guerra travada com o grupo rival ‘Banca BR’ no comando do jogo do bicho, na Capital. 

“Aliás, cumpre observar que, à despeito da deflagração da “Operação Successione”, que culminou em prisões e buscas e apreensões, verifica-se da matéria jornalística, veiculada no Periódico Midiamax em 30/07/2024, intitulada: “Novas denúncias revelam: guerra pelo Jogo do Bicho esquenta com policiais e políticos implicados em Campo Grande – De olho na regulamentação, “Banca Br” seria do deputado Neno Razuk e usaria servidores da Sejusp para espantar ‘Banca Kapital’ de Campo Grande”, que a organização criminosa, da qual o requente faz parte e na qual atuava fortemente, continua em plena atividade.”, disse May Melke Amaral.

Diogo havia pedido pela liberdade depois que o estudante de medicina, Taygor Ivan Moretto Pellissari, um dos presos na Operação Sucessione, deflagrada em dezembro de 2023, ganhou a liberdade no dia 24 de julho.

“Por fim, observe-se não ser o caso de extensão dos efeitos nos termos do art. 580 do CPP, diante da inexistência de identidade fático-processual, mormente pelas funções desempenhadas pelo requerente dentro da organização, em que pese responda pelos mesmos delitos que o corréu TAYGOR, bem como que a análise do pedido de revogação não se restringe à apreciação do tempo de prisão e condições pessoais favoráveis, mas também na gravidade, periculosidade e demais elementos constantes da ação penal em curso.”, relatou a magistrada. 

Com a expectativa da regulamentação do jogo de apostas e jogos on-line no Brasil, a disputa pelo controle do jogo do bicho está acirrada. Denúncias são de que integrantes do grupo de Neno Razuk estariam coagindo membros do ‘Banca BR’ a trocarem de lado. 

Novas denúncias implicaram novamente servidores públicos da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) com a ‘guerra’ pelo controle da contravenção milionária.

Guerra pela disputa do jogo do bicho

Segundo comerciantes que atuam como anotadores de apostas, policiais militares e civis estariam abordando os cambistas para impor a mudança do controle das banquinhas do jogo do bicho para os donos da ‘Banca BR’.

De acordo com a denúncia, a tática, que não é nova, estaria usando a atuação policial na repressão à contravenção como forma de ‘pressionar’ os anotadores e coletores a aceitarem a nova direção, supostamente ligada ao deputado estadual Neno Razuk (PL).

Em troca, os policiais receberiam propina em forma de ‘mesadas’, além de favores políticos dentro das instituições. Os laços entre servidores da segurança pública de MS e o jogo do bicho também não são novidade e já chegaram a ser apontados como pivô de mudanças na Sejusp.

Além disso, o deputado Neno Razuk foi apontado pelo Gaeco como o ‘bicheiro’ que supostamente lidera uma das organizações implicadas na guerra pelo controle da contravenção em Campo Grande.

Assim, sete meses atrás, a primeira fase da Operação Sucessione, realizada pelo Gaeco, prendeu 10 envolvidos com o grupo que teria como líder Neno Razuk.

Denúncia Sucessione 

Na denúncia da Operação Sucessione, o deputado é apontado como líder da organização criminosa dedicada à prática dos crimes de roubo majorado, exploração de jogos de azar, corrupção, entre outros.

O major Gilberto Luiz, apontado como gerente do grupo, tinha também a responsabilidade de não comprometer o líder, Neno Razuk. Havia um pedido de prisão temporária para o deputado na deflagração da operação, mas foi negado em razão do foro privilegiado.

“Não obstante a presença de fortes indícios de que o investigado Roberto Razuk Filho seja, de fato, líder da organização criminosa, e, embora o próprio crime de organização criminosa (autônomo), bem como os crimes cometidos pela organização criminosa (roubos praticados com o uso de arma de fogo), sejam inafiançáveis, o pedido da decretação da sua prisão temporária é juridicamente inviável diante da imunidade formal que socorre o investigado parlamentar, razão pela qual não resta alternativa senão o indeferimento do pedido em relação a ele”.